As cotações do trigo, em Chicago, apesar da crise financeira mundial desta semana, acabaram subindo, com o fechamento desta quinta-feira (16), para o primeiro mês cotado, ficando em US$ 6,99/bushel, contra US$ 6,53 uma semana antes.

O motivo deste movimento altista esteve ligado às negociações entre Rússia e Ucrânia, que continuam em guerra, para continuar o desbloqueio dos portos do Mar Negro visando o escoamento dos grãos ucranianos. A Ucrânia não aceitou uma proposta russa, de estender o acordo por apenas mais dois meses, gerando um impasse. Com isso, o mercado começou a especular que poderá terminar a oferta de trigo oriundo do Mar Negro caso o acordo não saia. O mesmo está expirando neste dia 18/03.

Lembrando que o acordo foi, originalmente, mediado em julho de 2022 pelas Nações Unidas e pela Turquia, e implementado no início de agosto, tendo sido renovado em novembro passado, com duração até o dia 18/03, sem prorrogação. Desde o início do acordo, em 1º de agosto passado, cerca de 24 milhões de toneladas de produtos agrícolas, especialmente milho e trigo, foram embarcados da Ucrânia.

Dito isso, as vendas de trigo estadunidense, na semana encerrada em 09/03, atingiram a 365.600 toneladas. Com isso, no total do atual ano comercial 2022/23, os EUA teriam exportado 17,7 milhões de toneladas, ou seja, 5,3% a menos do que em igual período do ano anterior.

E aqui no Brasil, os preços continuam estagnados, com leve viés de baixa no Paraná. No Rio Grande do Sul a média permaneceu em R$ 78,00/saco, contra valores entre R$ 98,00 e R$ 99,00/saco um ano atrás. Enquanto no Paraná os mesmos oscilaram entre R$ 89,00 e R$ 90,00/saco, contra valores entre R$ 100,00 e R$ 105,00/saco um ano antes.

A grande oferta gaúcha, que deve em boa parte ser exportada, associada a produção do restante do país, gerou um recorde de 10,5 milhões de toneladas. Assim, enquanto o preço interno recua, em plena entressafra, no mercado mundial o volume colhido pelo Brasil compensa boa parte das perdas argentinas, tornando nosso país, atualmente, no 10º exportador mundial do cereal. Algo inimaginável há pouco tempo. A Conab estima que, entre agosto/22 e julho/23 (atual ano comercial do trigo no Brasil), as exportações somem 3,1 milhões de toneladas, o que seria 1,8% acima do registrado na safra anterior. Mas é possível que este volume venha a ser maior.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).



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