Embora boas práticas agronômicas sejam utilizadas no sistema de produção agrícola, reduzindo a incidência de doenças, plantas daninhas e pragas, o controle químico desses agentes por meio da aplicação de defensivos agrícolas ainda é necessário para assegurar a manutenção da produtividade e potencial produtivo da lavoura. Dependendo da doença que incide sobre a soja, perdas de produtividade de até 90% podem ser observadas em casos de controle ineficiente, como é o caso da ferrugem-asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi) (Godoy et al., 2022).

Levando em consideração que as orientações do Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas (FRAC-BR) estabelecem que para determinadas doenças fungicidas, todo o programa de manejo deva ser inicializado de forma preventiva, definir épocas para a aplicação de fungicidas é essencial para garantir um bom manejo de doenças em soja.

Além dessas orientações, é necessário atentar para as condições ambientais favoráveis ao desenvolvimento das doenças. Alguns patógenos têm seu desenvolvimento favorecido por condições de elevada umidade relativa do ar e temperaturas amenas, já outros como é o caso do oídio, tem seu desenvolvimento favorecido sob condições de baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas, variando entre 18 e 24°C, além de não precisar de água livre na folha para infecção, como é o caso da ferrugem-asiática da soja.

Logo, o posicionamento dos fungicidas é essencial para assegurar a boa sanidade da lavoura, devendo-se levar em consideração tanto a época de aplicação, quando as condições ambientais e a escolha do fungicida. Visando garantir a boa sanidade das plantas ainda no estádio inicial do desenvolvimento da soja, empregando de certa forma o manejo preventivo das doenças, é comum observar a adoção da “aplicação zero” de fungicidas em lavouras comerciais.



A aplicação zero consiste na aplicação de fungicidas de menor efeito residual, antes da primeira aplicação verdadeira de fungicidas, onde produtos com melhor desempenho e efeito residual são empregados. A aplicação zero é realizada na soja no período entre V3 e V4, juntamente com a aplicação de herbicidas (capina), normalmente são empregadas misturas de fungicidas como Triazol + Estrobilurinas, Triazol + Carbendazim ou então Triazol + multissítio.

Sobretudo, os benefícios do uso dessa aplicação estão condicionados ao momento de aplicação, sendo que o emprego da aplicação zero fora do intervalo recomendado, refletindo em atrasos na primeira aplicação “verdadeira” pode não trazer benefícios produtivos à cultura. De modo geral, quando se opta por realizar a aplicação zero, é essencial atentar para os intervalos entre essa aplicação e a primeira verdadeira, não sendo recomendado o atraso dessa última.

Em condições onde não é possível realizar a aplicação zero durante o período recomendado (entre V3 e V4), não é recomendada sua aplicação posteriormente, sendo possível parar tanto, adiantar a “primeira verdadeira” em alguns dias, sem causar maiores prejuízos, conferindo ainda assim, boa proteção às plantas. Contudo, em situações como essa, deve-se atentar para a condição sanitária da lavoura e fatores ambientais.

Cabe destacar que embora realizada com sucesso, em período recomendado, a aplicação zero não substitui a “primeira verdadeira”, no pré-fechamento da entrelinha, devendo-se trabalhar com intervalos regulares entre as aplicações.


Veja mais: Qual o intervalo entre a aplicação zero e a primeira verdadeira de fungicidas?


Confira abaixo as dicas e orientações do Pesquisador da CCGL, Carlos Augusto Pizolotto disponíveis no canal da Rede Técnica Cooperativa – RTC.


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Referências:

FRAC-BR. CULTURAS: IMPORTANTE: NOVAS RECOMENDAÇÕES PARA O MANEJO DA FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA. Comitê de Ação a Resistência a Fungicidas, 2023. Disponível em: < https://www.frac-br.org/soja >, acesso em: 09/01/2023.

GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2021/2022: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 187, 2022. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1145904/1/Circ-Tec-187.pdf >, acesso em: 09/01/2023.

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