Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações do trigo em Chicago, após um período de estabilidade durante a semana, fecharam a mesma em alta, atingindo, para o primeiro mês cotado, US$ 5,23/bushel na quinta-feira (04), contra US$ 5,14 uma semana antes. A média do mês de maio ficou em US$ 5,15/bushel, contra US$ 5,41 em abril. Já em maio de 2019 a média do bushel de trigo ficou em US$ 4,57.
Nesta semana o mercado foi, inicialmente, motivado pelo clima quente e seco no Meio Oeste dos EUA, fato que poderia prejudicar as lavouras do cereal. Ao mesmo tempo, o enfraquecimento do dólar deu mais competitividade às exportações estadunidenses. Também deram sustentação às cotações projeções de menores produções de trigo na Europa, o que ainda precisa ser confirmado, pois há muita contradição entre elas.
Por sua vez, as vendas líquidas de trigo estadunidense, para o ano comercial 2019/20, que se encerrou em 31/05, ficaram em 209.800 toneladas na semana encerrada em 21/05, recuando 23% em relação a média das quatro semanas anteriores. Já para o ano 2020/21, iniciado neste 1º de junho, as vendas chegaram a 496.500 toneladas. A soma dos dois volume anuais superou o esperado pelo mercado. Já as inspeções de exportação somaram 499.353 tonelada na semana encerrada em 28/05.
Entretanto, as cotações recuaram posteriormente com notícias de que houve forte começo de colheita no Texas e em parte de Oklahoma. Até o dia 31/05 a colheita do trigo de inverno nos EUA atingia a 3% da área semeada, contra 2% na média histórica para esta data.
Na Argentina, a tonelada FOB oficial baixou para US$ 241,00. Diante da forte revalorização do Real o produto argentino chega aos moinhos paulistas mais barato, batendo em R$ 1.415,00, enquanto em Curitiba ficou em R$ 1.325,00. Ainda assim deixando espaço para alguma alta nos preços internos do cereal. Para novembro o produto argentino ficou em US$ 209,00/tonelada, enquanto para janeiro atingiu a US$ 216,00. (cf. Safras & Mercado)
E no Brasil, os preços mantêm-se estáveis, com tendência logo adiante de recuo caso a safra de inverno local venha a ser positiva. Todavia, por enquanto isso deve ainda demorar um pouco porque haverá atraso na colheita, particularmente no Rio Grande do Sul, devido ao retardamento do plantio, que ainda ocorre, em função do clima seco que durou até o início de maio.
A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 51,80/saco, enquanto os lotes se mantiveram em R$ 66,00/saco. No Paraná, o balcão ficou entre R$ 61,00 e R$ 63,00/saco, enquanto os lotes se mantiveram entre R$ 75,00 e R$ 78,00/saco. E em Santa Catarina, o balcão se manteve em R$ 55,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, fecharam a semana em R$ 66,00.
Dito isso, a revalorização do Real, que veio a R$ 5,06 em alguns momentos da semana pressionam para baixo o preço interno do cereal, pois através dela o produto importado fica mais barato em moeda nacional.
Assim, o quadro de preços interno ficará na dependência do clima sobre as lavouras nacionais, contando com o atraso no plantio, e do comportamento cambial, agora na direção de uma importante revalorização do Real.
Quanto ao plantio, a Argentina indicava 13% da área semeada no início da corrente semana, enquanto no Paraná o mesmo atingia a 77% da área esperada e no Rio Grande do Sul algo em torno de 15%. No conjunto há expectativa de um aumento de área em relação ao ano anterior.
A semana terminou com a comercialização do cereal em ritmo lento, mesmo porque praticamente não há produto de qualidade superior disponível no mercado interno brasileiro.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ