Com danos que podem chagar a 70% na cultura da soja (Meyer et al., 2014), o mofo branco (Sclerotinia sclerotiorum) (Lib.) de Bary, é uma das doenças fungicas mais preocupantes da cultura. Conforme destacado por Grigolli (2015), o fungo causador do mofo branco pode infectar aproximadamente 408 espécies incluindo monocotiledôneas e dicotiledôneas, possibilitando com que o fungo permaneça viável em plantas hospedeiras até a cultura da soja.
Uma dessas espécies consideradas hospedeiras e sensíveis a ocorrência do mofo-branco é o nabo forrageiro (Raphanus sativus L.). O nabo forrageiro é uma cultura muito utilizada na rotação de culturas, antecedendo a cultura do trigo, especialmente no Sul do Brasil. A planta proporciona diversos benefícios ao sistema plantio direto, entretanto, é uma potencial hospedeira para o mofo-branco.
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Em um sistema de produção, onde o nabo forrageiro antecede a cultura do trigo e o trigo antecede a soja, o desenvolvimento do mofo branco na cultura do nabo pode resultar em maior incidência dessa doença na soja na safra de verão, causando significativa redução da produtividade da cultura. Isso porque, uma das características do mofo branco é a produção de escleródios, estruturas reprodutivas que permitem ao fungo permanecer viável por um longo período até encontrar condições adequadas para a germinação e desenvolvimento do mofo branco.
Normalmente, em áreas onde não existe a presença do mofo branco, a doença é inserida através da utilização de sementes de baixa qualidade, que podem conter escleródios, e é comum observar a presença de escleródios em sementes de nabo forrageiro não certificadas.
Figura 1. Escleródios de Sclerotinia sclerotiorum em resíduo de pré-limpeza de grãos de soja provenientes de lavoura atacada por mofo-branco.

Os escleródios são a principal forma de entrada do mofo branco em lavouras de soja. Conforme destacado do Marcelo Madalosso, quando o mofo branco se desenvolve na cultura do nabo e produz escleródios, eles podem permanecer nos resíduos culturais do nabo forrageiro e posteriormente no solo. Em condições adequadas de temperatura e umidade, esses escleródios podem germinar dando origem a apotécios e promovendo o desenvolvimento do mofo branco em culturas sucessoras como a soja.
Figura 2. Escleródios de mofo branco na palhada de nabo forrageiro.

Como a soja é sensível ao mofo branco e ele pode causar drásticas reduções da produtividade da cultura, o período após cultivo do nabo forrageiro é essencial para embasar práticas de manejo da doença, uma vez que se deve realizar a vistoria das lavouras, buscando encontrar a presença de escleródios de mofo branco nos resíduos culturas do nabo forrageiro. Constatando a presença desses escleródios, deve-se preparar para a possível ocorrência de mofo branco no próximo cultivo de soja.
Confira o vídeo abaixo com as dicas e contribuições do professor Marcelo Madalosso.
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Referências:
GRIGOLLI, J. F. J. MANEJO DE DOENÇAS NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2014/2015, 2015. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/216/216/newarchive-216.pdf >, acesso em: 12/07/2021.
MEYER, M. C. et al. ENSAIOS COOPERATIVOS DE CONTROLE QUÍMICO DE MOFO BRANCO NA CULTURA DA SOJA: SAFRAS 2009 A 2012. Embrapa, Documentos, n. 345, 2014. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/985018/1/Ensaioscooperativosdecontrolequimicodemofobranconaculturadasojasafras2009a2012.pdf >, acesso em: 12/07/2021.