Os nematóides fitopatogênicos são pragas de difícil controle e manejo, que podem causar sérios danos em culturas anuais como a soja, resultando em significativa redução da produtividade. Dentre as principais espécies de nematóides de ocorrência na soja, podemos destacar o nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus), praga amplamente disseminada.

As raízes das plantas parasitadas apresentam-se, parcial ou totalmente, escurecidas. Isso se deve ao ataque às células do parênquima cortical, onde o patógeno injeta toxinas durante o processo de alimentação. A movimentação do nematoide na raiz também desorganiza e destrói células (Dias et al., 2010).

Por ser considerado uma praga de solo, o controle do nematoide das lesões, assim como de outros nematóides é extremamente difícil e de baixa eficiência, principalmente se tratando do controle químico. Sendo assim, algumas práticas de manejo alternativas têm sido utilizadas visando a redução populacional de nematóides no solo, sendo uma delas, o controle cultural utilizando espécies de plantas com capacidade em reduzir a reprodução e níveis populacionais dos nematóides, a exemplo de algumas espécies de crotalária.


Veja mais: Soja após Crotalária – aumento da produtividade e controle de nematoides


Além do controle cultural, o avanço na pesquisa e a evolução das biotecnologias tornou possível a utilização de microrganismo na agricultura, alguns atuando diretamente do controle biológico de pragas e doenças como bactérias do gênero Bacillus (Embrapa, 2010).

Avaliando o potencial da bactéria Bacillus subtilis no controle in vitro e in vivo do fitonematoide Pratylenchus brachyurus em soja, Machado & Costa (2017) observaram que essa bactéria apresenta potencial para uso no controle do nematoide das lesões radiculares. Para compor o estudo, os autores utilizaram duas testemunhas para efeito de comparação, a testemunha I (água destilada) e a testemunha II (meio líquido triptona de soja – TSB).



Os demais tratamentos consistiram em diferentes preparos da cultura bacteriana, sendo eles: Cultura pura de B. subtilis em TSB (1×107 células.mL-1); Cultura pura de B. subtilis em TSB (diluição 0,2 X); Cultura pura de B. subtilis em TSB (diluição 100 X); Cultura pura de B. subtilis em TSB (diluição 1.000X); Células de B. subtilis (≥1×109 células.mL-1); Sobrenadante filtrado de cultura de B. subtilis (TSB); Cultura de B. subtilis rotoevaporada 5X (TSB); Eluído rotoevaporado (Machado & Costa, 2017).

Além do efeito do B. subtilis sob a população de Pratylenchus brachyurus, Machado & Costa (2017) analisaram o efeito da bactéria sobre a germinação das sementes de soja, a fim de evidenciar algum efeito prejudicial.

Figura 1. Médias da população de P. brachyurus, compreendendo vivos e mortos, imersos em suspensão in vitro. 1 e 2 representam os dados das testemunhas, enquanto de 3 a 10 têm-se os dados referentes aos tratamentos com diferentes preparados a partir do cultivo de B. subtilis.

Médias seguidas pela mesma letra para cada grupo de colunas, não diferem entre si, pelo teste de Tukey (P ≤0,05). N.S. – não significativo
Fonte: Machado & Costa (2017)

Com base nos resultados obtidos, os autores observaram que diferentes preparados da cultura bacteriana da cepa de B. subtilis proporcionaram ação nematicida contra P. brachyurus in vitro e em casa de vegetação, sem interferir na germinação das sementes, tendo ainda proporcionado o incremento de biomassa das partes área e radicular (Machado & Costa, 2017).

Benefícios do uso do Bacillus subtilis na cultura da soja também foram apresentados por Costa et al. (2019), que observaram significativo aumento do índice de clorofila de plantas de soja em decorrência da utilização dessa bactéria. Embora maiores estudos necessitem ser realizados a fim de melhor recomendação técnica do uso do Bacillus subtilis para controle de nematoides na cultura da soja, fica explicita capacidade dessas bactérias em atuar no controle do nematoide das lesões radiculares, podendo ser uma valiosa ferramenta no manejo dessa praga.

Confira o trabalho completo de Machado & Costa (2017) clicando aqui!

Referências:

COSTA, L. C. et al. DESENVOLVIMENTO DE CULTIVARES DE SOJA APÓS INOCULAÇÃO DE ESTIRPES DE Bacillus subtilis. Nativa, Sinop, v. 7, n. 2, p. 126-132, mar/abr. 2019. Disponível em: < https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/nativa/article/view/6261 >, acesso em: 11/08/2021.

DIAS, W. P. et al. NEMATÓIDES EM SOJA: IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE. Embrapa, Circular Técnica, n. 76, 2010. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPSO-2010/30766/1/CT76-eletronica.pdf >, acesso em: 11/08/2021.

EMBRAPA. SEMINÁRIO ABORDOU A IMPORTÂNCIA DO Bacillus subtilis. Embrapa, Notícias, 2010. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/18133800/seminario-abordou-a-importancia-do-bacillus-subtilis- >, acesso em: 11/08/2021.

MACHADO, A. P.; COSTA, M. J. N. BIOCONTROLE DO FITONEMATOIDE Pratylenchus brachyurus IN VITRO E NA SOJA EM CASA DE VEGETAÇÃO POR Bacillus subtilis. Revista Biociências – Universidade de Taubaté – v.23- n.1, 2017. Disponível em: < http://periodicos.unitau.br/ojs/index.php/biociencias/article/view/2365/1801 >, acesso em: 11/08/2021.

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