O relatório semanal de plantio e colheita divulgado em 9 de abril registrou o plantio de 2000 hectares na região de Campo Mourão. Esta área não chega a representar 1% da estimativa de área do estado, e o plantio só deve se intensificar em maio. As condições climáticas na largada desta safra podem favorecer um avanço mais homogêneo do plantio nas próximas semanas, diferentemente de 2018, quando a seca atrasou e concentrou o plantio.

Estimativa Inicial de Área e Produção

O relatório mensal divulgado em março pelo Deral aponta uma área a ser plantada de 1,04 milhão de hectares, 6% inferior à registrada em 2018. Apesar deste recuo, a produção pode chegar a 3,3 milhões de toneladas e superar em 18% a problemática safra de 2018, quando a seca afetou a produtividade.



A retração da área mostra um desânimo dos produtores em relação à cultura, mesmo em um momento de maiores preços. Em março de 2018 o preço da saca de 60 kg era de aproximadamente R$35, e, neste março de 2019, os valores chegaram à casa dos 48 reais, um aumento de 37%.

Cabe ressaltar que, em abril de 2018, a alta do preço do trigo animava os produtores a incrementar a área, não obstante os custos indicarem um possível prejuízo. Em 2019, a valorização não teve o mesmo efeito, apesar do atual preço da saca suplantar em 8% o custo variável de R$45 reais (estimado pelo Deral em fevereiro).

Apesar da previsão da área destinada ao trigo estar abaixo da plantada no ano anterior, os
dados podem sofrer revisões significativas nos próximos levantamentos mensais de safra, pois o período de plantio se estende até 10 de agosto segundo o Zoneamento Agrícola. Porém, um dos fatores de desânimo deve permanecer inalterado: duas safras sucessivas com perdas significativas no estado diminuíram o apetite ao risco dos produtores.

Há também fatores históricos justificando a redução de área: os custos elevados de produção, a baixa liquidez, o alto risco de perdas e a possibilidade de atrasar o plantio de soja. Mas, mais recentemente, fatores políticos têm contribuído com a retração: o fim dos impostos de exportação estipulados pelo governo aos argentinos (contribuindo com o aumento da produção de trigo na Argentina) e a possível abertura do mercado brasileiro a uma cota de 750 mil toneladas de trigo mais barato vindo de fora do Mercosul. Estes fatores, somados a uma valorização do Real frente ao dólar, aumentam a possibilidade dos moinhos brasileiros importarem trigo mais barato, mesmo neste período da entressafra brasileira.

Complementarmente, temos o reajuste do preço mínimo pelo governo federal, estipulado

 em R$40,57 para o tipo pão, 12% acima do valor anterior, após duas safras de correções negativas. O reajuste não acompanhou a rápida valorização dos custos, que, como já citado, encontra-se na casa dos R$45 por saca. A possibilidade de ficar no prejuízo mesmo com o preço acima do mínimo governamental também pode estar pesando na decisão do produtor.

Responsável: Carlos Hugo Winckler Godinho

Fonte: Boletim Diário – DERAL/Secretaria da Agricultura e Abastecimento – PR

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