Boro na soja
Embora pouco se saiba sobre a função do Boro no metabolismo vegetal, não havendo evidencias claras da sua relação com enzimas específicas, seja fazendo parte da estrutura ou como ativador enzimático (Paulilo; Viana; Randi, 2015), sabe-se que o Boro é um micronutriente essencial para a soja.
Bioquimicamente, o Boro forma complexo com manitol, manano, ácido polimanurônico e outros constituintes das paredes celulares, estando envolvido no alongamento celular e no metabolismo de ácidos nucleicos, desempenhando papel nas respostas hormonais, na função da membrana e na regulação do ciclo celular (Taiz et al., 2017). Na cultura da soja, o Boro é considerado um dos principais micronutrientes limitantes da produtividade.
Ainda que seja requerido em pequenas quantidades pela planta, é essencial para o desenvolvimento da cultura, desempenhando um papel importante para o processo de divisão e elongação celular, assim como na germinação do pólen, elongação do tubo polínico e fecundação. Logo, seu suprimento é fundamental durante o período do florescimento, para garantir formação do fruto ou semente, sendo considerado fator determinante da produção (Furlani et al., 2001).
Boro e a produtividade
Em média, são necessários cerca de 77 gramas de Boro por toneladas de grãos de soja produzidos (Embrapa Soja, 2008). Ainda que pareça uma quantidade um tanto quanto pequena, vale destacar que a concentração total de B em solos agricultáveis varia de 1 a 467 mg kg-1 (IPNI).
Conforme observado por Santini et al. (2015), a soja responde positivamente a adubação boratada, podendo em algumas situações expressar incrementos de produtividade superiores a 10% (Figura 1).
Figura 1. Produtividade de grãos de soja, submetida a doses de B, em sulco de semeadura.

O Boro pode ser absorvido pelas plantas como ácido bórico e borato, tanto via radicular como foliar, o que contribui para o manejo do nutriente uma vez que pequenas quantidades são requeridas pelas plantas. No solo, o Boro é considerado um nutriente móvel.
Sintomas de deficiência
Os sintomas de deficiência de Boro nas plantas podem variar em função da cultura. Para a soja, normalmente são observados a clorose internerval nas folhas jovens e pontas curvadas para baixo, morte dos ponteiros, inibição do florescimento e paralização do crescimento radicular (IPNI).
Figura 2. Sintomas de deficiência de Boro em soja.

Recomendações de manejo
Normalmente as recomendações de manejo sugerem que a adubação com Boro em soja seja realizada em V2 ou R2 (início do florescimento). Entretanto, por se tratar de pequenas doses, é comum que essa adubação seja realizada na semeadura da soja e/ou em conjunto com a aplicação de defensivos agrícolas em pós-emergência.
As melhores respostas produtivas em função da adubação com Boro em soja, têm sido observadas com a adição de doses próximas da 2 kg ha-1 do nutriente (Santini et al. 2015; Varanda et al. 2018; Silva & Buso 2023). A adubação com Boro na cultura da soja pode ser realizada via solo e/ou via foliar como é comumente observado, principalmente em associação a herbicidas empregados no controle de plantas daninhas.
Herbicidas como o glifosato e o glifosato potássico podem ser aplicados associados com ácido bórico (H3BO3) que contém 17% de B ou com o octaborato dissódico (Na2B8O13.4H2O), com 20,5% de Boro, entretanto, cabe destacar que é necessário atentar para a solubilidade da fonte de Boro para evitar problemas de solubilização, sendo recomendado aplicar até 4,0 kg de ácido bórico por 100 L de calda (Oliveira Junior et al., 2020).
Considerando a relação do Boro com a formação do tubo polínico, germinação do pólen e fecundação, a deficiência desse nutriente pode resultar na má formação do tubo polínico e de grãos de soja, e no abortamento das flores, reduzindo o potencial produtivo da soja, atuando como limitante da produtividade. Logo, a adubação com Boro é uma ferramenta de manejo para a obtenção de altas produtividades.
Referências:
EMBRAPA SOJA. TECNOLOGIAS DE PRODUÇÃO DE SOJA – REGIÃO CENTRAL DO BRASIL 2009 E 2010. Embrapa Soja, Sistemas de Produção, 13, 2008. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/471536/1/Tecnol2009.pdf >, acesso em: 03/04/2024.
FURLANI, A. M. C. et al. EXIGÊNCIA A BORO EM CULTIVARES DE SOJA. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 2001. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/rbcs/a/fBcQt6NPdJbdCHQsMwtw4Xr/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 03/04/2024.
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OLIVEIRA JUNIOR, A. et al. FERTILIDADE DO SOLO E AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DA SOJA. Embrapa, Tecnologias de Produção de Soja, cap. 7, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 03/04/2024.
PAULILO, M. T. S.; VIANA, A. M.; RANDI, A. M. FISIOLOGIA VEGETAL. : Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2015.
SANTINI, J. M. K. et al. ADUBAÇAO BORATADA NA CULTURA DA SOJA EM ÁREA DE CERRADO. XXXV Congresso Brasileiro de Ciência do Solo, 2015. Disponível em: < https://www.sbcs.org.br/cbcs2015/arearestrita/arquivos/843.pdf >, acesso em: 03/04/2024.
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TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Porto Alegre, Ed. 6, 2017.
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