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Bradyrhizobium se “eterniza” no campo?

O processo de fixação biológica de nitrogênio (FBN) consiste na simbiose entre a plantas e bactérias do gênero (Bradyrhizobium), tendo como principais resultados a captura do nitrogênio atmosférico por essas bactérias, e posterior disponibilização dele em formas assimiláveis pelas plantas.

Uma das principais e mais utilizadas formas de se otimizar a FBN é por meio de inoculação da soja. Embora o Bradyrhizobium seja naturalmente considerado um microrganismo originário do solo, nem sempre ele está presente em quantidades suficientes para garantir a FBN necessária para suprir toda a demande de nitrogênio pela cultura da soja.

Com o intuito de garantir populações adequadas do Bradyrhizobium, a inoculação da soja é uma das ferramentas mais empregadas, podendo ser realizada de diferentes formas, como: via tratamento de sementes, no sulco de semeadura, e até mesmo via foliar (forma complementar as inoculações anteriores).



De maneira geral, os inoculantes podem ser vistos como bioinsumos necessários para a sustentabilidade e boa produtividade da soja. Considera-se bioinsumo o produto, o processo ou a tecnologia de origem vegetal, animal ou microbiana, destinado ao uso na produção, no armazenamento e no beneficiamento de produtos agropecuários, nos sistemas de produção aquáticos ou de florestas plantadas, que interfiram positivamente no crescimento, no desenvolvimento e no mecanismo de resposta de animais, de plantas, de microrganismos e de substâncias derivadas e que interajam com os produtos e os processos físico-químicos e biológicos (Diário Oficial da União, Decreto nº 10.375, de 26 de maio de 2020).

Embora a necessidade de inoculação da soja seja muito relacionada a áreas de primeiro cultivo dessa oleaginosa, conforme destacado por Prof. Dr. Thomas Martin, diferentemente das expectativas, o Bradyrhizobium não se “eterniza” no campo, estando sua sobrevivência condicionada a fatores ambientais, logo, tem-se uma redução significativa das populações de Bradyrhizobium no campo.

Figura 1. Número de unidades formadoras de colônia de Bradyrhizobium (Células g-1 de solo) em função do tempo (dias após colheita da soja).

Corroborando essa informação, Hungria; Campo; Mendes (2001) destacam que para a manutenção da produtividade da soja, é necessário reinocular a cultura, possibilitando a adequação das populações de Bradyrhizobium responsáveis pela FBN. Conforme resultados de pesquisa da Embrapa, a reinoculação da soja é capaz de proporcionar incrementos médios de produtividade de 4,5% em comparação a soja não reinoculada, podendo esse incremento em algumas situações chegar a 23% na produtividade e até 25% no teor de nitrogênio nos grãos (Hungria; Campo; Mendes, 2001).

Tabela 1. Efeito da reinoculação e da adubação nitrogenada, em solos com população superior a 10³ células g-1 de solo, no rendimento da soja (kg ha-1).

¹Modificado de Campo & Hungria (2000) ²R. S. Araujo, dados não publicados ³I. C. Mendes, dados não publicados 4Os dados representam médias de seis repetições e quando seguidos pela mesma letra, em cada coluna, não diferem estatisticamente (Duncan, 5%) 5100 kg de N na semeadura e 100 kg de N no florescimento, como ureia 6Inoculante turfoso, aplicado na dose de 500g de inoculante kg-1 semente, com solução açucarada a 10% como adesivo e contendo 108 células de Bradyrhizobium g-1 de inoculante Fonte: Hungria; Campo; Mendes (2001)

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Referências:

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. DECRETO Nº 10.375, DE 26 DE MAIO DE 2020. Disponível em: < https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.375-de-26-de-maio-de-2020-258706480 >, acesso em: 04/05/2022.

HUNGRIA, M.; CAMPO, R. J.; MENDES, I. C. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO NA CULTURA DA SOJA. Embrapa Soja, Circular Técnica, n. 35, 2001. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPSO/18515/1/circTec35.pdf >, acesso em: 04/05/2022.

Equipe Mais Soja
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