As cotações do trigo, em Chicago, subiram bem durante a semana. O primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (19) em US$ 5,94/bushel, contra US$ 5,71 uma semana antes. Trata-se da melhor cotação em pouco mais de um mês.
O plantio do trigo de inverno, nos EUA, no dia 15/10, atingia a 68% da área esperada, ficando dentro da média histórica. Em torno de 39% deste trigo semeado estava emergido, contra 43% na média histórica. Já a colheita do trigo de primavera está encerrada.
Por outro lado, as vendas líquidas de trigo, safra 2023/24 dos EUA, na semana encerrada em 12/10, atingiram a 632.800 toneladas, ficando 42% acima da média das quatro semanas anteriores. Em todo o ano comercial o país já negociou 10,7 milhões de toneladas de trigo, havendo uma estimativa de exportação total em 19,05 milhões. Por sua vez, os embarques realmente efetivados do cereal, na semana em questão, ficaram em 385.100 toneladas, sendo 12% maiores em relação a semana anterior, porém, 4% abaixo da média das quatro semanas anteriores. O Japão foi o maior comprador no período. No total do ano comercial atual, os EUA já embarcaram 6,8 milhões de toneladas, o que representa 28% a menos do que no mesmo período do ano anterior.
Por sua vez, na Argentina, a Bolsa de Rosário reduziu em quase 5% sua estimativa para a produção de trigo desta nova safra. A mesma está agora em 14,3 milhões de toneladas, contra 16,5 milhões indicadas no relatório de oferta e demanda do USDA da semana passada. A falta de chuvas nas regiões produtoras do vizinho país é a causa principal de tal ajuste. Com isso, o novo volume previsto representa apenas 24% acima da já frustrada safra anterior, que atingiu a 11,5 milhões de toneladas, e muito distante das expectativas iniciais que eram de uma produção final de até 23 milhões de toneladas. (cf. Broadcast)
Já no Brasil, os preços se estabilizaram, com a média gaúcha fechando a semana em R$ 50,00/saco, enquanto algumas importantes praças negociaram o produto a R$ 48,00. No Paraná, os preços melhoraram um pouco, chegando a R$ 52,00/saco.
As incertezas quanto ao volume final da safra brasileira de trigo, diante dos importantes problemas climáticos que ocorrem, particularmente no Rio Grande do Sul, deixam o mercado com poucos negócios. Além da quebra no volume a ser colhido, há uma forte queda média na qualidade do grão. Em muitas regiões gaúchas, o produto colhido está apenas na categoria de triguilho, ou seja, produto para ração animal.
Dito isso, segundo a Conab, 41% da área nacional teria sido colhida até o dia 07/10. No mesmo período do ano passado, a área colhida era de 25,5% nesta mesma época. Especificamente, no Paraná a colheita atingia a 80% da área até o dia 16/10 (cf. Deral), de uma área total de 1,4 milhão de hectares (14% maior do que a registrada no ano anterior). O Paraná ainda espera uma colheita final de 4,2 milhões de toneladas, contra 3,5 milhões no ano anterior. Já no Rio Grande do Sul, a colheita atingia a 11% da área, contra 8% na média, até o dia 12/10 (cf. Emater). Nesta última semana a mesma foi novamente retardada pelo excesso de chuvas. A quebra, em muitas regiões chega ao redor de 40% em volume, enquanto a qualidade do produto fica com PH entre 66 e 68 no melhor cenário. Algumas lavouras têm conseguido bater em 50 a 55 sacos por hectare de produtividade, mas com problemas de qualidade. No Noroeste gaúcho, muitos produtores têm colhido o trigo com excesso de umidade, visando escapar de novas chuvas que estão previstas para o restante de outubro.
Mesmo assim, por enquanto as expectativas continuam de uma colheita nacional um pouco superior as 10 milhões de toneladas, porém, a tendência é de a mesma ser menor do que isso, sem falar que boa parcela do que será colhido apresentará qualidade baixa e, portanto, preços ainda mais baixos do que os atualmente praticados pelo mercado.
Em Santa Catarina, o problema não é diferente, com a produção final já tendo um corte de 13% no volume final esperado. E isso na estimativa mais otimista.
Diante deste quadro de dificuldades, especialmente nos três Estados do Sul, os ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa), da Fazenda, do Planejamento e Orçamento e do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar destinaram R$ 400 milhões para subvenção econômica, na forma de equalização de preços, para o trigo em grãos, da safra 2023/2024. A portaria interministerial Nº 12, foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (18). O auxílio será concedido por meio de pagamento de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural e/ou sua Cooperativa (Pepro) e do Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) ofertados em leilões públicos a serem realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Poderão participar dos leilões do Pepro produtores rurais e cooperativas. Já do PEP, poderão participar indústrias moageiras de trigo e comerciantes de cereais. O preço mínimo de garantia do governo, para o trigo em grãos, tipo 1 pão, é de R$ 87,77/saco de 60 quilos.
Lembrando que o Pepro é uma subvenção econômica concedida ao produtor rural ou sua cooperativa que arrematar o prêmio equalizador em leilão eletrônico realizado pela Conab. Esse prêmio visa complementar o valor recebido pela venda de um produto para que ele atinja o valor do Preço Mínimo. Já no PEP, o comprador, que pode ser uma indústria de moagem ou um comerciante de cereais, arremata o prêmio equalizador em leilão eletrônico realizado pela Conab e deve pagar o preço mínimo ao produtor rural
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).