As cotações do trigo, em Chicago, voltaram a recuar durante esta semana. O bushel do cereal, para o primeiro mês cotado, fechou a quinta-feira (26) em US$ 5,79, contra US$ 5,94 na semana anterior, tendo mesmo atingido a US$ 5,68 no dia 25/10.

Dito isso, o plantio do trigo de inverno, nos EUA, chegava a 77% da área esperada, no dia 22/10, contra 78% na média histórica. Do trigo já semeado até aquela data, 53% havia germinado, percentual igual ao da média histórica.

Quanto aos embarques estadunidenses de trigo, os mesmos somaram 168.868 toneladas na semana encerrada em 19/10, ficando abaixo do esperado pelo mercado. No atual ano comercial, o total embarcado, em trigo, soma 9,5 milhões de toneladas, ou seja, 27% abaixo do registrado no mesmo período do ano anterior.

Enquanto isso, na Austrália, o clima vem favorecendo a produção de trigo local. Espera-se uma colheita ao redor de 26 milhões de toneladas. Outros analistas locais indicam que a colheita estaria em 3% da área, com previsão de um volume total de até 28 milhões de toneladas. (cf. IKON Commodities) Mesmo assim, os volumes indicados estão abaixo das 39,7 milhões de toneladas colhidas na safra anterior, porém, acima da média de 10 anos que é de 26,4 milhões. (cf. StoneX)

E no Brasil, os preços se estabilizaram no Rio Grande do Sul e melhoraram um pouco mais no Paraná. A média gaúcha fechou a semana em R$ 49,64/saco, enquanto as principais praças negociaram o produto entre R$ 48,00 e R$ 50,00. Já no Paraná o saco do cereal ficou em R$ 54,00.

Este relativo aquecimento nos preços paranaenses ocorre a partir do fato de que, com 84% da área colhida, perdas começam a se cristalizar. Sem falar nas perdas de qualidade. Cerca de 10% das lavouras paranaenses, até o momento, estão em situação menos do que boas. Por outro lado, a produção total local, que estava projetada em 4,16 milhões de toneladas, pode recuar para 3,5 milhões. Esta situação é mais grave no Rio Grande do Sul. Na região de Ijuí, no Noroeste do Estado, com pouco mais de 50% da área colhida, a produtividade média está entre 20 e 25 sacos/hectare. Já na regional local, que reúne 44 municípios, a média está em 36,8 sacos/hectare, havendo lavouras com apenas 15 sacos/hectare. Afora isso, o PH do trigo colhido, em muitos casos, está abaixo de 70, e outro tanto entre 70 e 72.

Diante disso, a produção final do Estado gaúcho será bem menor do que o esperado, o que consolida a possibilidade de uma safra final abaixo de 10 milhões de toneladas no país.

Ao mesmo tempo, os produtores, diante dos prejuízos, se voltam para a possibilidade do Governo Federal lançar mão da política de garantia dos preços mínimos. Isso faz com que o lado vendedor se retraia ainda mais.

Por enquanto, segundo Safras & Mercado, de um total somado de 9,8 milhões de toneladas esperadas com a produção do Paraná e do Rio Grande do Sul, a expectativa, agora, é de um volume final de 8,5 milhões. O que significa dizer que a produção dos dois maiores Estados produtores de trigo já consolida uma quebra de 13,3% no volume, em relação ao esperado, sem falar na qualidade do produto. Em relação ao ano anterior, somente o Rio Grande do Sul, a partir destas novas estimativas, terá um recuo de 1,2 milhão de toneladas em sua produção tritícola.

Enfim, a colheita gaúcha, até o dia 19/10, atingia a 19% da área, contra 18% na média histórica. Já em São Paulo estima-se uma produção final de trigo ao redor de 400.000 toneladas, contra 307.400 toneladas no ano anterior.

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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



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