As cotações do trigo, em Chicago, subiram nesta primeira semana cheia de novembro. O bushel do cereal fechou a quinta-feira (09) em US$ 5,80, após atingirem mesmo a US$ 5,92 na véspera, contra US$ 5,65 uma semana antes. A média de outubro ficou em US$ 5,72/bushel, correspondendo a um recuo de 0,52% sobre setembro. Para comparação, a média de outubro de 2022 havia sido de US$ 8,69/bushel.

Dito isso, o plantio do trigo de inverno, nos EUA, até o dia 05/11, chegava a 90% da área esperada, contra 89% na média histórica para esta data. Do total semeado, 75% estava germinado, enquanto as condições das lavouras se apresentavam com 50% entre boas a excelentes, 33% regulares e 17% entre ruins a muito ruins.

Por sua vez, o relatório de oferta e demanda do USDA, divulgado neste dia 09/11, indicou os seguintes números para a safra 2023/24:

1) manutenção do volume a ser produzido nos EUA, com 49,3 milhões de toneladas, seguido de um pequeno aumento nos estoques finais daquele país, a 18,6 milhões de toneladas;

2) a produção mundial de trigo foi reduzida em cerca de 1,5 milhão de toneladas, ficando em 782 milhões, enquanto os estoques finais mundiais ficaram em 258,7 milhões de toneladas;

3) a produção brasileira de trigo está projetada em 9,4 milhões de toneladas, com importações mantidas em 5,6 milhões. Já as exportações brasileiras do cereal são esperadas em 3 milhões de toneladas;

4) a produção argentina de trigo foi novamente reduzida, agora para 15 milhões de toneladas, enquanto suas exportações seriam de 10 milhões de toneladas;

5) o preço médio ao produtor estadunidense de trigo, em 2023/24, ficaria em US$ 7,20/bushel, ou seja, bem acima do que Chicago pratica no momento.

Enquanto isso, os preços no Brasil, para o trigo de qualidade superior, melhoraram um pouco mais. A média gaúcha fechou a semana em R$ 53,23/saco, enquanto as principais praças negociam o produto entre R$ 53,00 e R$ 55,00. Já no Paraná o produto chegou a valores entre R$ 62,00 e R$ 63,00/saco.

O recuo na produção final e a forte queda na qualidade do produto colhido, traz grandes preocupações ao mercado nacional, forçando elevação de preço para o produto tipo 1, qualidade pão. Já a quantidade de triguilho, para ração, é tanta que, logo adiante, este volume tenderá a pressionar para baixo os preços internos do milho.

O quadro se agrava na medida em que na Argentina, novas estimativas dão conta de uma produção final de trigo em 13,5 milhões de toneladas apenas. Cerca de 10 milhões de toneladas a menos do que o inicialmente esperado e 1,5 milhão de toneladas a menos do que o indicado no relatório do USDA.

Por sua vez, no Noroeste gaúcho, na região de Ijuí, que compreende 44 municípios, a produtividade média é de 30,4 sacos/hectare, com mais de 80% da área já colhida. A expectativa inicial era de 50 a 60 sacos por hectare. Já a qualidade do produto gira em um PH entre 67 e 73. (cf. Emater)

Esse quadro, como as chuvas não param, se agrava a cada dia que passa. Com isso a produção final gaúcha deverá cair significativamente, puxando para baixo o já menor volume esperado para o Brasil. Isso deverá elevar a necessidade de importações por parte do país, em um momento em que a oferta argentina sofre, mais uma vez, problemas de produção. Em contrapartida, deverá aumentar o volume exportado já que o produto de qualidade inferior é o preferido para esse movimento.

Enfim, a Conab ainda espera uma colheita final de trigo em 9,6 milhões de toneladas no país. Mesmo assim, 8,7% abaixo do colhido no ano passado. Isso sem considerar as perdas por qualidade. Todavia, julgamos que o volume final nacional será menor diante das perdas no sul do país. A produtividade média no Brasil, por enquanto, ficaria em 46,4 sacos/hectare, segundo também a Conab.

Quer saber mais sobre a Ceema/Unijuí. Clique na imagem e confira.

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.