As cigarrinhas-do-milho (Dalbulus maidis e Leptodelphax maculigera) são os principais vetores de transmissão dos enfezamentos do milho. Os enfezamentos são doenças causadas pela infecção da planta de milho por microrganismos denominados molicutes, que são um espiroplasma (Spiroplasma kunkelii) e um fitoplasma (Maize bushy stunt). Os dois tipos mais comuns são o enfezamento-pálido (causada por espiroplasma) e o enfezamento-vermelho (causada por fitoplasma) (Embrapa).
Figura 1. Comparação de Dalbulus maidis adulto com Leptodelphax maculigera.
Como principal dano dos enfezamentos no milho, tem-se a redução drásticas da produtividade do milho. Em casos mais severos, as perdas de produtividade da cultura podem chegar a 100%, inviabilizando a colheita (Cota et al., 2021).
Figura 2. Espiga de milho de uma planta com enfezamento (esquerda) e planta sem sintomas (direita).
Considerando que as cigarrinhas são os principais vetores dos enfezamentos, a principal medida de controle dos enfezamentos consiste no controle das cigarrinhas. No geral, quanto mais cedo ocorre a infecção da planta, maiores os danos em decorrência dos enfezamentos no milho. Sendo assim, o período crítico para o controle químico da cigarrinha-do-milho vai de VE a V5.
Figura 3. Período Crítico de controle da cigarrinha-do-milho.
Visando um controle eficiente da praga, o monitoramento periódico das áreas de milho é determinante (figura 4). Uma vez que não ha nível de ação pré-estabelecido para o controle da cigarrinha-do-milho, visto que sua capacidade em transmitir os enfezamentos está condicionada aos indivíduos infectados e não a densidade populacional da praga, a presença da cigarrinha-do-milho durante a fase crítica (de VE a V5) já justifica o controle químico do inseto.
Figura 4. Armadilha adesiva (Yellow Trap) utilizada para o monitoramento da cigarrinha-do-milho.
Com relação ao controle químico da cigarrinha-do-milho durante o período crítico de (VE a V5), é fundamental dar preferência por inseticidas com maior nível de controle, respeitando o intervalo entre aplicações de 5 a 7 dias. Conforme observado por Machado et al. (2024), avaliando a suscetibilidade da cigarrinha do milho a inseticidas, a maioria das populações da cigarrinha apresentam alta suscetibilidade ao metomil, carbosulfan e acefato, e suscetibilidade reduzida à bifentrina, acetamiprido e imidacloprido, demonstrando que metomil, carbosulfan e acefato são interessantes opções para o controle químico da cigarrinha-do-milho.
Veja mais: Suscetibilidade da cigarrinha do milho a inseticidas
Referências:
COTA, L. V. et al. MANEJO DA CIGARRINHA E ENFEZAMENTOS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa Milho e Sorgo, Folhetos, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1130346/manejo-da-cigarrinha-e-enfezamentos-na-cultura-do-milho >, acesso em: 11/12/2024.
EMBRAPA. ENFEZAMENTOS POR MOLICULITES E CIGARRINHA NO MILHO. Embrapa, perguntas e respostas. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/controle-da-cigarrinha-do-milho#:~:text=Os%20enfezamentos%20s%C3%A3o%20doen%C3%A7as%20do,fitoplasma%20(Maize%20bushy%20stunt). >, acesso em: 11/12/2024.
FERREIRA, K. R. et al. FIRST RECORD OF THE AFRICAN SPECIES Leptodelphax maculigera (Stål, 1859) (Hemiptera: Delphacidae) IN BRAZIL. Research Square, 2023. Disponível em: < https://www.researchsquare.com/article/rs-2818951/v1 >, acesso em: 11/12/2024.
MACHADO, E. P. IS INSECTICIDE RESISTANCE A FACTOR CONTRIBUTINGTO THE INCREASING PROBLEMS WITH Dalbulus maidis (Hemiptera: Cicadellidae) IN BRAZIL? Society of Chemical Industry, 2024. Disponível em: < https://scijournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/ps.8237?domain=author&token=EFNPXSEM4KUXHHESVXEG >, acesso em: 11/12/2024.