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Faça a avaliação em V3-V4
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Avalie a presença de sintomas em reboleiras
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Avalie o tamanho do cisto/nódulo
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Avalie a coloração externa e interna
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Avalie a quantidade de nódulos
Na cultura da soja, a fixação biológica de Nitrogênio (FBN) garante todo o N necessário para boas produtividades. Por meio da simbiose com a planta, as bactérias do gênero Bradyrhizobium capturam o Nitrogênio atmosférico e o transformam em formas assimiláveis pelas plantas.
Esse processo ocorre no interior dos nódulos da FBN, que podem ser observados nas raízes primárias e secundárias da soja. A quantidade e tamanho dos nódulos variam em função do período de infecção e estádio do desenvolvimento da soja.
Para uma FBN eficiente, capaz de suprir toda a demanda por N da planta, no estádio V1-V2, deve-se observar uma média de 4 a 8 nódulos por planta com 1 mm a 2 mm de tamanho cada. Já entre V3 – V4 é necessário que a planta de soja apresente pelo menos 10 nódulos, com tamanho igual ou superior a 2 mm (Hungria & Nogueira, 2020).
Nódulo X Cisto
No início do desenvolvimento, os nódulos apresentam tamanho pequeno, podendo se assemelhar a estrutura de determinados patógenos como os nematoides do cisto da soja (Heterodera glycines). O sistema radicular das plantas infectadas pelo nematoide apresentam tamanho reduzido, e, a partir dos 30 – 40 dias após a semeadura, apresenta minúsculas fêmeas do nematoide, com o formato de um limão levemente alongado e coloração branca (Castro; Meyer; Seixas, 2024).
Figura 1. Fêmeas de Heterodera glycines em raízes de soja.

Nos estádios iniciais do desenvolvimento da soja, a “uma primeira impressão” as fêmeas do Heterodera glycines podem se assemelhar a nódulos jovens da FBN (figura 2).
Figura 2. Nódulos jovens de FBN em soja.

No entanto, as fêmeas do fitonematoide são muito menores do que os nódulos da FBN. Além disso, com o passar do tempo, a coloração dessas fêmeas vai mudando para amarelo, marrom-claro e, finalmente, a fêmea morre e seu corpo se torna uma estrutura rígida de coloração marrom-escura (Castro; Meyer; Seixas, 2024).
Figura 3. Cistos marrons de Heterodera glycines.

Com o passar do tempo, além da mudança de coloração das fêmeas do nematoide de cistos, há o crescimento dos nódulos da FBN, os diferenciando ainda mais. Além disso, quando se trata de nematoides, normalmente os sintomas são observados em reboleiras na lavoura, e tanto parte aérea quando sistema radicular das plantas apresentam crescimento limitado.
Figura 4. Fêmea do nematoide do cisto da soja (SCN) e Nódulo da FBN.

Outra característica interessante para diferenciação, é que, nódulos sadios da FBN apresentam coloração interior rósea (Figura 5) em função da presença da leg-hemoglobina (proteínas heme que se ligam ao oxigênio).
Figura 5. Raiz de soja nodulada (A) e corte de nódulo (B), mostrando a coloração rósea interna indicativa de atividade da nitrogenase, pela presença de leg-hemoglobina funcional.

Avaliação da FBN
Mesmo descartada a presença dos fitonematoides do cisto da soja, é necessário avaliar a nodulação da soja, a fim de verificar a eficiência da FBN para suprir a demanda de N pela soja. Mesmo realizando a inoculação adequada, é comum observar a baixa nodulação da soja, especialmente em áreas de primeiro cultivo, onde há uma baixa população natural das bactérias do gênero Bradyrhizobium.
Figura 6. Raízes da soja com boa e baixa nodulação.

No geral, recomenda-se que a avaliação da nodulação da soja seja realizada entre V3 – V4. Além da quantidade de nódulos, é essencial analisar o tamanho dos nódulos, sendo desejável nódulos com tamanho igual ou superior a 2 mm.
Caso o número médio de nódulos por planta seja inferior a 10 até o estádio V3 – V4, a aplicação complementar de inoculante via pulverização, na dose equivalente a 6 milhões de células por planta (equivalente a 5 a 7 doses de inoculante por hectare, conforme a concentração do produto) e com no mínimo 200 L ha-1 de calda, pode recuperar parcialmente a nodulação (Seixas et al., 2020).
Contudo, vale destacar que a inoculação via pulverização não apresenta a mesma eficiência que a inoculação via solo ou sulco de semeadura, sendo, portanto, recomendada apenar como medida complementar de manejo, visando mitigar os efeitos da baixa nodulação.
Veja mais: Tratamento de semente com Bacillus é uma promissora ferramenta para melhorar o estabelecimento da soja
Referências:
SEIXAS, C. D. S. et al. TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO DE SOJA. Embrapa, Sistema de Produção, n. 17, 2020. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1123928/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 15/07/2024.
HUNGRIA, M.; NOGUEIRA, M. A. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO. Bioinsumos na cultura da soja, cap. 8. Embrapa, 2022. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1143066/bioinsumos-na-cultura-da-soja >, acesso em: 15/07/2024.
CASTRO, J. M. C.; MEYER, M. C.; SEIXAS, C. D. S. PRINCIPAIS NEMATOIDES EM ÁREAS PRODUTORAS DE SOJA NO BRASIL. Embrapa, Circular Técnica, n. 202, 2024. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1164703/1/Circ-Tec-202.pdf >, acesso em: 15/07/2024.
HUNGRIA, M.; NOGUEIRA, M. A. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO. Tecnologias de Produção de Soja, sistemas de produção, 17, cap. 8. Embrapa Soja, Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1123928/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 15/07/2024.