O Nitrogênio é uma dos principais macronutriente requeridos pela cultura da soja. Felizmente, através da simbiose com a planta, bactérias fixadoras de nitrogênio do gênero Bradyrhizobium são capazes de fornecer todo o nitrogênio necessário para produtividades médias de até 3600 kg.ha-1, deixando para a cultura sucessora, cerca de 20 a 30 kg.ha-1 de nitrogênio no sistema de produção (Gitti, 2016).

Além da inoculação da soja com bactérias do gênero Bradyrhizobium, é possível realizar a coinoculação com bactérias do gênero Azospirillum. Diferentemente do Bradyrhizobium, o Azospirillum sintetiza fitormônios que promovem o crescimento vegetal, principalmente do sistema radicular, o que favorece a nodulação e a fixação biológica de nitrogênio realizada pelo Bradyrhizobium, além de trazer outros benefícios, como ampliação do volume de solo explorado (Prando et al., 2019).

A inoculação ou coinoculação da soja podem ser realizadas no sulco de semeadura ou no tratamento de sementes, onde é possível adicionar micronutrientes como o Cobalto (Co) e o Molibdênio (Mo). Segundo Sfredo & Oliveira (2010), o Molibdênio requerido pela soja é absorvido nos primeiros 45 dias do desenvolvimento da cultura, ele atua como cofator nas enzimas nitrogenase, redutase do nitrato e oxidase do sulfeto, está intimamente relacionada com o transporte de elétrons durante as reações bioquímicas. Além disso, a nitrogenase (enzima necessária para a fixação simbiótica de N2), contém Molibdênio, logo, esse micronutriente está envolvido no processo de fixação simbiótica de nitrogênio.

Já o Co é essencial para a fixação do N2, pois participa na síntese de cobamida e da leghemoglobina nos nódulos. Portanto, deficiência de Co pode ocasionar deficiência de nitrogênio na soja, devido à baixa fixação do N2 (Sfredo & Oliveira, 2010).

Veja também: Cobalto e Molibdênio adicionados ao tratamento de sementes auxiliam no aumento da produtividade?

Embora Marcondes & Caires (2005), avaliando a “aplicação de Molibdênio e Cobalto na semente para a cultivo da soja”, não tenham observado respostas estatisticamente significativas para a produtividade e nodulação na cultura da soja, a deficiência ou ausência desses micronutrientes pode prejudicar o processo de fixação biológica de nitrogênio, desencadeando sintomas de deficiência ou até mesmo resultando na baixa produtividade da cultura.

Segundo Hungria & Nogueira (2017), a aplicação dos micronutrientes Molibdênio e Cobalto aos 35 dias após a emergência da soja, apresenta respostas positivas na produtividade da cultura quando associado a coinoculação da soja (tabela 1), demonstrando que a coinoculação e a adição desse micronutrientes são ferramentas essenciais no aumento da produtividade da soja.



Tabela 1. Produtividade e peso de 100 grãos de soja cv. BRS-1010 IPRO em tratamentos coinoculados com Bradyrhizobium sp. e Azospirillum brasilense e com ou sem a adição de micronutrientes Mo (20 g.ha-1) e Co (2,5 g.ha-1) em aplicação foliar aos 35 dias após a emergência. Ensaio conduzido em Londrina-PR, (Hungria & Nogueira, 2017).

a – Médias de duas parcelas e desvio padrão das médias.
Adaptado: Hungria & Nogueira (2017).

Conforme observado na tabela 1, a realização da coinoculação pode resultar em um incremento de produtividade de mais de 500kg.ha-1 em comparação a soja não coinoculada. Além disso, a adição de Mo + Co em conjunto a coinoculação da soja possibilitou um aumento da produtividade de aproximadamente 33% em comparação a soja não coinoculada e que não recebeu Mo + Co.

Embora no trabalho de Hungria & Nogueira (2017), os autores tenham avaliado a adição de Mo + Co via aplicação foliar, esses micronutrientes também podem ser adicionados no tratamento de sementes, entretanto, os resultados alcançados podem não ser os mesmos, além disso, conforme destacado por Marcondes & Caires (2005), deve-se evitar doses de Cobalto superiores a 3,4g.ha-1, visto que acima disso o micronutriente pode exercer efeito toxico para planta, reduzindo a produtividade da soja.

Referências:

GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2015/2016, 2016. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/234/234/newarchive-234.pdf >, acesso em: 24/11/2020.

HUNGRIA, N.; NOGUEIRA, M. A. COINOCULAÇÃO DA SOJA COM Bradyrhizobium E Azospirillum: UMA TECNOLOGIA AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEL E ECONOMICAMENTE BEM SUCEDIDA. Resumos expandidos da XXXVI Reunião de Pesquisa de Soja – jun. 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/161733/1/203.pdf >, acesso em: 24/11/2020.

MARCONDES, J. A. P.; CAIRES, E. F. APLICAÇÃO DE MOLIBDÊNIO E COBALTO NA SEMENTE PARA CULTIVO DA SOJA. Bragantia, Campinas, v.64, v.64, n.4, p.687-694, 2005. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/brag/v64n4/a19v64n4.pdf >, acesso em: 24/11/2020.

PRANDO, A. M. et al. COINOCULAÇÃO DA SOJA COM Bradyrhizobium e Azospirillum NA SAFRA 2018/2019 NO PARANÁ. Embrapa, Circular Técnica, n. 156, 2019. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1117312/1/Circtec156.pdf >, acesso em: 24/11/2020.


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