Houve o avanço da colheita para 19% da área cultivada. A operação foi interrompida, em parte do Estado, no dia 23/03, com ocorrência de um alto volume de chuvas, sendo retomada somente após o dia 26/03. As lavouras com perdas extremas não foram colhidas e foram destinadas a pastejo ou à produção de feno para alimentação animal. Persistiram os problemas associados à má uniformidade na maturação, devido à coexistência de plantas secas e outras verdes, estas contendo legumes secos e também verdes. Frequentemente foi necessária a dessecação com herbicidas específicos para poder realizar o corte. A produtividade obtida ainda é muito baixa, condicionada pela intensidade da estiagem. Contudo, há uma tendência desta se elevar à medida que a operação incluir cultivares mais tardias ou lavouras estabelecidas a partir de dezembro. As lavouras em maturação representam 45% do cultivo, e produtores aguardam agora que a ocorrência de chuvas não prejudique o final da safra, já alterada pela estiagem.
No aspecto fitossanitário, persiste o monitoramento da ocorrência de insetos-praga e doenças, preferencialmente em lavouras que apresentam potencial produtivo satisfatório e que ainda delonguem ao menos 20 dias para iniciar o processo de maturação. As pulverizações com fungicidas e inseticidas foram dificultadas no período, por ventos fortes constantes, na metade Sul, e chuvas na Norte. As infestações de lagartas estão menos expressivas, denotando provável relação com a queda nas temperaturas ou pela eficiência no controle de focos, efetuado com inseticidas específicos. De maneira geral, a sanidade das plantas ainda é satisfatória, com baixa incidência de doenças de final de ciclo e oídio.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, a produtividade permanece entre 120 kg/ha e 600 kg/ha na Fronteira Oeste. A presença de grãos chochos, esverdeados e quebrados é elevada. Em Itacurubi, foram acionados seguros para grande extensão de lavouras. As amostragens para a elaboração de laudos determinaram potencial produtivo inferior a 60 kg/ha, ou seja, menor que um saco da oleaginosa por hectare. Na Campanha, a colheita aconteceu ainda em cultivares precoces, com produtividade desde 600 kg/ha até 1.800 kg/ha, diferença atribuída ao regime hídrico. Em Caçapava do Sul, 15% das lavouras foram colhidas, apresentando perdas de aproximadamente 50%. Em Aceguá, 10% foi colhido e as perdas foram de 35%. Em Dom Pedrito, município com a maior área de soja na região, com mais de 150 mil hectares plantados, a colheita atingiu apenas 3%, e as perdas de produtividade são estimadas em 35%.
Na de Caxias do Sul, a colheita avançou mais rapidamente, abrangendo 20% das lavouras; outras 60% encontram-se em maturação; e 20%, em enchimento de grãos. A média de colheita situou-se entre 600 kg/ha e 2.400 kg/ha, demonstrando a distribuição irregular e insuficiente das precipitações durante o ciclo da cultura. Espera-se rendimento superior para as lavouras remanescentes, estabelecendo uma expectativa de produtividade final em 2.360 kg/ha, aproximadamente 40% abaixo da inicial.
Na regional de Erechim, 10% foi colhido; 30% está em formação de vagens; e 60%, em maturação. O rendimento atual é de 900kg/ha. Entretanto, estima-se que esse valor se elevará, projetando a produtividade em 2.320 kg/ha para o final da safra.
Na de Frederico Westphalen, 36% dos cultivos estão em maturação, e 20% foram colhidos. O avanço na operação não foi mais acelerado pelas dificuldades na heterogeneidade da maturação. A expectativa de produtividade é pouco inferior a 1.400 kg/ha.
Na regional de Ijuí, houve melhor formação de grãos e evolução fisiológica mais lenta para o final de ciclo na oleaginosa, após a regularização da umidade no solo. As lavouras colhidas representam 8% e foram as mais afetadas pela estiagem, o que resultou em muito baixa produtividade, pouco abaixo de 900 kg/ha. À medida que a operação avançou, ocorreu pequena melhora na qualidade dos grãos. As chuvas, com índice pluviométrico próximo a 200 mm, que ocorreram entre 23 e 24/03, foram benéficas aos cultivos e não provocaram atrasos na colheita.
Na de Pelotas, praticamente não ocorreram chuvas no período, o que tornou os solos mais apropriados para a circulação de máquinas, além de ter melhorado as condições de trafegabilidade nas estradas rurais, que apresentam intenso fluxo em época de colheita. A colheita alcançou 6% dos cultivos, e a produtividade, nessas áreas, é próxima a 1.800 kg/ha. Mesmo sem precipitações, a umidade no solo permanece em teores adequados para as lavouras em enchimento de grãos e maturação, que totalizam 88%, nesses estágios.
Na de Porto Alegre, apenas 2% dos cultivos foram colhidos, e 22% estão maduros. A manutenção do quadro de umidade deverá minimizar perdas de produtividade na região.
Na de Santa Maria, em intensificação, a colheita alcançou 21% dos cultivos, e a produtividade continua muito baixa, inferior a 900 kg/ha. As chuvas da semana, que foram tardias para os primeiros cultivos, favoreceram os remanescentes, que têm 76% nas fases de enchimento de grãos e em maturação.
Na de Santa Rosa, as lavouras em maturação representam 46% do total. A colheita tem índice de 18% em média regional. São abrangidas, nessa média, lavouras que não serão colhidas e que foram destinadas à alimentação animal ou ainda que foram gradeadas para a implantação de nabo forrageiro para adubação verde pré-plantio de trigo. As primeiras lavouras colhidas obtiveram médias de 300 kg/ha na maioria das vezes, não justificando a colheita; as implantadas a partir da metade de novembro têm resultados um pouco superiores, mas com problemas de maturação desuniforme e deiscência de legumes, o que eleva os custos em cerca de R$ 200,00/ha para a dessecação. Já as semeadas em dezembro poderão alcançar 1.200 kg/ha. Por fim, as lavouras plantadas em final de janeiro e início de fevereiro tem bom desenvolvimento e podem alcançar 1.500 kg/ha. Com os desempenhos descritos, em função da época de semeadura, a produtividade média, na região, é estimada em 530 kg/ha: um pouco maior na Fronteira Noroeste, com 670 kg/ha, e menor nas Missões, com apenas 460 kg/ha.
Na de Soledade, a colheita permaneceu em ritmo lento, alcançando 4% dos cultivos. A produtividade obtida continua variável, porém em patamar maior em relação às primeiras colhidas. Cerca de 30% está em maturação, e 66% das lavouras ainda não têm seus componentes de rendimento definidos, podendo ocorrer melhorias nos índices de produtividade, pois as condições do tempo, como chuva, radiação solar e temperaturas, tornaram-se mais favoráveis a partir de março.
Programa Monitora Ferrugem RS
A ocorrência de esporos da ferrugem asiática da soja continua seu processo de elevação, nesta semana de monitoramento se identificou grande número de esporos em quase todo o território gaúcho, assim recomenda-se cuidados redobrados, principalmente nas áreas com semeadura tardia, estas mais propensas a ocorrência da doença em função da presença de esporos e de condições climáticas favoráveis.

Comercialização (saca de 60 quilos)
O levantamento semanal de preços realizado pela Emater/RS-Ascar no Estado constatou abrupta variação negativa, com variação de -6,62% na cotação média da saca em relação à da semana anterior, ou seja, passou de R$ 203,76 para R$ 190,28. O produto disponível em Cruz Alta reduziu para R$ 194,50/sc.
Fonte: Emater/RS-Ascar – Informativo Conjuntural – nº 1704