As populações de lagartas desfolhadoras associadas à cultura da soja costumam apresentar um padrão de distribuição espacial desuniforme nas lavouras, especialmente durante os estágios iniciais da cultura. Isso significa que, ao amostrar-se diferentes pontos da lavoura, serão obtidos dados variáveis quanto ao número de indivíduos e espécies observadas. Nesse sentido, as lagartas diferem-se de pragas como os percevejos, que geralmente iniciam a colonização das áreas pelas bordaduras; e os ácaros, cujo ataque costuma ocorrer em reboleiras.

Segundo Guedes et al. (2015), a distribuição das diferentes espécies de lagartas apresenta maior aleatoriedade no início das infestações (baixa densidade da praga), a qual geralmente coincide com as fases iniciais da cultura. Porém, à medida que a densidade populacional da praga aumenta e a cultura progride em seu ciclo fenológico, as populações infestantes adquirem uma forma de distribuição mais agregada.

Em particular, as espécies Anticarsia gemmatalis (lagarta-da-soja), Chrysodeixis includens (falsa-medideira) e Spodoptera eridania tendem a aumentar sua densidade populacional concomitantemente ao avanço do ciclo da soja, devido à sucessão de gerações da praga, aumento na natalidade e migração a partir de áreas adjacentes. Assim, o pico populacional de lagartas pode coincidir com o período reprodutivo da soja, quando torna-se mais evidente também o hábito de agregação da praga (Figura 1). Como esse é momento crítico para definição da produtividade e proteção da cultura, o monitoramento de pragas adquire importância primordial.

Figura 1. Mapa de distribuição das principais espécies de lagartas da soja, nos estágios V9 (esquerda) e R2 (direita) da cultura (safra 2009/10).

Fonte: Guedes et al., 2015.

Tendo em vista a distribuição heterogênea das lagartas em uma lavoura, os pontos com maior densidade populacional acabam concentrando os danos causados e oferecendo maior risco à cultura. Assim, é fundamental que se realize o adequado monitoramento das áreas com uma boa distribuição de pontos amostrais, de modo a não negligenciar as variações populacionais da praga. Adicionalmente, deve-se atentar para as espécies de lagartas cuja ocorrência é mais significativa em determinados estádios da cultura (Figura 2).

Figura 2. Período de menor (verde) e maior (vermelho) risco de danos das lagartas da soja em relação à fenologia da cultura.

Fonte: Guedes et al., 2015.

Além de variar de acordo com o estádio da cultura e com os pontos da lavoura, as espécies de lagartas também tendem a concentrar-se em diferentes terços do dossel vegetativo. Para saber mais sobre a distribuição das lagartas da soja ao longo do perfil das plantas, clique aqui: https://maissoja.com.br/como-se-comportam-as-lagartas-da-soja-no-dossel-da-cultura/

Revisão: Prof. Jonas Arnemann, PhD. e coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM

Referências:

GUEDES, J. V. C.  et al. Lagartas da soja: das lições do passado ao manejo do futuro. Revista Plantio Direto, v. 144, p. 6–18, 2015.

STECCA, C. S. Distribuição espaço temporal e flutuação populacional de lagartas desfolhadoras de soja. 2011. 86f. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2008.

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