Os componentes de produtividade podem ser subdivididos em componentes primários, que afetam de forma direta a produtividade, e secundários, que possuem relação indireta com a produtividade.
Os três principais componentes primários do milho e que serão abordados neste texto são o número de plantas por área, o número de grãos por espiga (relação entre o número de fileiras por espiga e número de grãos em cada fileira) e a massa de grão.
Já a estatura da planta, a altura de inserção da espiga e o diâmetro do colmo podem ser listados como alguns dos componentes secundários de produtividade que necessariamente não estão relacionados positivamente com a produtividade.
Número de plantas por m2
O primeiro componente de produtividade primário a ser definido é o número de plantas por área, que é aquele componente que apresenta melhor correlação com a produtividade de grãos (Sangoi et al., 2010). Momento de atenção para a densidade de semeadura visando adequá-la para o nível de investimento empregado e as características da sua lavoura. A densidade de plantas ideal, que varia conforme o ambiente de produção, será aquela que não penalize a produtividade pela competição intraespecífica, ocasionada pelo excesso de plantas e não subutilize a área com baixa densidade de plantas. Além disso, a densidade de plantas interfere diretamente no IAF e na interceptação de radiação solar incidente (Palhares, 2003).
Utilizando genótipos adaptados a altas densidades, semeadas durante o período preferencial, a densidade de 100 mil plantas por hectare maximizou a produtividade de grãos, considerando os dados obtidos em 117 experimentos (Figura 1).
Figura 1. Relação entre a produtividade de grãos de milho e a densidade de plantas em cultivos irrigados (círculos azuis) e de sequeiro (círculos amarelos). A linha vermelha vertical tracejada indica a densidade de plantas por hectare que maximiza a produtividade de grãos e a linha preta sólida representa a função limite.

Número de grãos por espiga
O segundo componente primário a ser definido é o número de grãos por espiga, que depende do número de fileiras por espiga (determinado no estágio V6) e do número de grãos por fileira (determinado entre os estágios V8 e V10). O número de fileiras por espiga está relacionado, principalmente, à genética (Abendroth et al., 2011) e para atingir altas produtividades, o valor encontrado foi aproximado é de 14 fileiras (Figura 2).
Figura 2. Relação entre a produtividade de grãos de milho e o número de fileiras por espiga em cultivos irrigados (círculos azuis) e de sequeiro (círculos amarelos). A linha vermelha vertical tracejada indica a densidade de plantas por hectare que maximiza a produtividade de grãos e a linha preta sólida representa a função limite.

A associação do número de fileiras por espiga e o número de grãos por fileira resulta no número final de grãos por espiga. O número de grãos por fileira é estabelecido e influenciado por fatores de manejo e ambiente (Nielsen, 2007; Monteiro, 2009).
Assim, o número total de grãos por espiga apresenta grande variação, comparado com os demais componentes primários e, nesse contexto, o valor de 519 grãos por espiga é parâmetro que permite atingir altas produtividades (Figura 3), sendo que valores muito maiores que este podem reduzir a massa de grãos, influenciando negativamente na produtividade final (Andrade et al., 1999; Lopes et al., 2007).
Figura 3. Relação entre a produtividade de grãos de milho e o número de grãos por espiga em cultivos irrigados (círculos azuis) e de sequeiro (círculos amarelos). A linha vermelha vertical tracejada indica a densidade de plantas por hectare que maximiza a produtividade de grãos e a linha preta sólida representa a função limite.

Massa de grãos
O terceiro e último componente primário de produtividade a ser definido é a massa de grãos.
Durante a fase de enchimento de grãos é indispensável que as plantas não sofram estresses, principalmente déficit hídrico e baixa incidência de radiação solar, pois o processo de realocação da matéria seca acumulada durante a fase vegetativa para os grãos depende desses fatores (Andrade et al., 1999).
Nesse sentido, adversidades durante o enchimento de grãos resultam em grãos leves ou abortamento de grãos, reduzindo o potencial produtivo da cultura (Sangoi et al., 2010; Nielsen, 2019). A massa de mil grãos ideal é de 385 gramas, visando explorar o potencial produtivo dos genótipos de milho (Figura 4).
Figura 4. Relação entre a produtividade de grãos de milho e a massa de mil grãos em cultivos irrigados (círculos azuis) e de sequeiro (círculos amarelos). A linha vermelha vertical tracejada indica a densidade de plantas por hectare que maximiza a produtividade de grãos e a linha preta sólida representa a função limite.

A partir desses valores “ótimos” para os componentes primários do milho que visam a maximização da produtividade, pode-se concluir que uma lavoura com 10 plantas por m², 519 grãos por espiga e massa de mil grãos de 385 gramas, há potencial para produzir de 20 t ha-1, o que corresponde a 333 sacas por hectare.
Referências Bibliográficas
ECOFISIOLOGIA DO MILHO: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES / BRUNA SAN MARTIN ROLIM RIBEIRO… [ET AL.]. 1. ED. SANTA MARIA: [S. N.], 2020 (EDIÇÃO ESGOTADA).
Em breve 2ª edição do livro Ecofisiologia do milho: visando altas produtividades. Lista de espera em: https://www.equipefieldcrops.com/listadeesperamilhovol2.