Um dos principais desafios do agricultor brasileiro para as safras subsequentes será o ajuste do orçamento diante dos expressivos reajustes nos preços médios dos insumos. Uma das alternativas possíveis para mitigar essa situação, pensando-se no equilíbrio financeiro sem prejuízos à produtividade, diz respeito a redução da adubação. A área de solos, nutrição e sistemas de produção da Fundação MT, realiza há inúmeras safras pesquisas que demonstram que esse ajuste nem sempre desfavorece os resultados da lavoura, mas para isso há critérios a serem observados.
Poupança de outras safras
Uma orientação genérica para a decisão de reduzir a adubação é a lógica da poupança. Ou seja, se na safra passada o produtor fez o manejo da adubação com a perspectiva de produzir mais, mas em razão das condições climáticas ele produziu menos, então nesta safra é possível aproveitar o que não foi exportado ano passado. É preciso avaliar qual a dinâmica do nutriente a ser poupado, o papel dele na planta e as características do solo, e estando com sobras, a redução pode ser feita com tranquilidade, como é o caso de nutrientes como fósforo e potássio em solos de fertilidade construída.
Por outro lado, se o solo é frágil, com textura mais arenosa, é necessário ser ainda mais criterioso com a redução, mesmo que seja uma área com investimento na adubação em toda safra. A Fundação MT orienta então que é possível reduzir sim, sobretudo em sistemas produtivos com acidez do solo corrigida, ciclagem de nutrientes através de plantas de cobertura na entressafra e boa cobertura vegetal ao longo do ano. Ou seja, é necessário ter maior critério para a diminuição da adubação, visto a fragilidade do sistema. Isto somente é possível com manejo do sistema bem feito, histórico de cultivos e amostragem de solo de qualidade. Em todo o país, inclusive em Mato Grosso, a maioria das regiões agrícolas apresentam solos mistos a arenosos, muito comum em regiões de baixadas, próximos a rios e matas.
Impactos na safra seguinte
Se a poupança da adubação existe no solo, feita em safras anteriores quando os preços dos fertilizantes eram relativamente mais baixos, o agricultor também pode optar por reduzir a zero a adubação nas próximas safras, ou ainda fazer a manutenção apenas do que é exportado pela cultura em cada ciclo. No entanto, a orientação é para que o monitoramento dos teores no solo sejam feitos, é essencial, sendo essa uma opção e não uma prática contínua.
Vale destacar que o impacto na produtividade pode acontecer futuramente, desta forma é importante pensar num planejamento a longo prazo, visto as incertezas dos preços dos fertilizantes para safra seguinte. Logo, a retirada total de safras sucessivas pode ocasionar uma redução da produtividade que obrigara o agricultor a fazer um investimento maior em época de preços de fertilizantes desfavoráveis.
Respostas do solo
Para o agricultor ter clareza se reduz ou tira a adubação, a conta deve ser feita a partir dos níveis de fertilidade do solo. Os níveis baixos, médios, altos e muito altos no solo determinam a curva de resposta e probabilidade de retorno. Um solo que apresenta nível baixo de fertilidade indica que a disponibilidade de nutriente para a planta é baixa, logo, se ocorrer o aporte de nutriente via fertilização a probabilidade de resposta produtiva é alta.
Já em solos com média e alta fertilidade, a probabilidade de resposta é menor, sendo baixa ou quase nula, respectivamente. Nesses podemos retirar a adubação com tranquilidade, pois já há uma segurança com a questão de reposição.
Fonte: Fundação MT