A lavoura de inverno, também conhecida por “safrinha” ou “segunda safra”, foi por muito tempo uma alternativa para não deixar a terra ociosa, ajudar na cobertura do solo e aproveitar as condições climáticas para produzir um pouco mais, mas sem grandes expectativas. Nos últimos anos, com o avanço de tecnologias e boas práticas de manejo (cultivares indicadas para cada região e época de plantio, manejo fitossanitário, rotação de culturas, uso racional de defensivos), a safra de inverno conquistou status de protagonista, levando rentabilidade ao agricultor.

Produção – A safra de 2022 foi a mais favorável para o trigo nos últimos cinco anos, na avaliação do gerente de insumos da Integrada, Romildo Birelo. De acordo com ele, não houve variações extremas do tempo, como geada intensa ou seca prolongada na formação do grão. “Para se ter uma ideia, desde 2017, a produtividade média do agricultor não ultrapassava 2.000 quilos por hectare, devido à estiagem e geadas. Este ano a média poderá ficar acima dos 3.000 quilos por hectare”, aponta Birelo.

Acompanhamento – O levantamento realizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab) aponta que a safra 2022 do trigo teve uma produção 21% maior que a do ano passado, sem aumento de área. O produtor também deve obter uma produtividade média 26% acima este ano. A estimativa é que em todo o Estado a produtividade seja de 3.309 quilos por hectare. “O cooperado que optou pelo trigo, pra fugir dos riscos da cigarrinha do milho, também teve a vantagem de conseguir uma onda de bons preços do grão. Isso se deve a demanda do trigo no mundo, diante do cenário de guerra na Rússia e Ucrânia, grandes produtores mundiais”, explica Birelo.

Sucesso – A safra de inverno de 2022 teve um leve aumento de área na opção pelo trigo. Nas regiões que abrangem os cooperados da Integrada, foram 107 mil hectares destinados ao grão.

O cooperado Joel de Carvalho investiu no plantio de trigo nas propriedades de Guapirama e Jundiaí do Sul. O trigo já é tradição na safra de inverno do produtor: foram 100 alqueires plantados e este ano, o agricultor comemora a sanidade da lavoura. “Conseguimos fugir da brusone. Mudamos a época de plantio, que antes era em abril e iniciamos no começo de maio. Para nossa surpresa, não tivemos nenhum caso da doença na lavoura”, comemora Carvalho.

Em campo – Em Mauá da Serra, o clima favoreceu o calendário agrícola. O cooperado Carlos Kamiguchi plantou 87 hectares de trigo, dentro do zoneamento de risco climático recomendado, e teve uma alta produtividade. A escolha da semente foi fundamental para a boa produção: ele optou pelo TBIO Audaz, de ciclo precoce e alta resistência contra brusone e giberela. O agricultor conseguiu colher antes do início da chuva, em meados de setembro. Isso rendeu um grão de alta qualidade com PH entre 82 e 84, e uma produtividade de 3.930 kg/ha.

Quebra – “Fiquei muito satisfeito com a produção deste ano. Durante o enchimento faltou um pouco de chuva, mas que não comprometeu a safra”, comemora Kamiguchi. O coordenador técnico da Regional Arapongas, Rodrigo Ambrósio, explica que, na região, houve uma pequena quebra na produtividade por conta de escassez hídrica. “Tivemos uns 40 dias de seca, sem nenhuma chuva, que não chegou a prejudicar a formação, mas que teve reflexo negativo em torno de 15% no peso do grão”, conta. Mesmo com problemas pontuais, a Integrada deve receber um volume de trigo de alta qualidade, principalmente vindos de regiões mais altas e frias.

Produção – A produção de trigo no Brasil ultrapassou a marca de 9 milhões de toneladas na safra de inverno. De acordo com o último levantamento da Conab, de 20 de setembro de 2022, o país deve colher 9.365.900 toneladas, cerca de 22% a mais que na safra passada (7.679.400 toneladas). No Paraná, a estimativa é de uma produção de 3.794.100 toneladas, um volume 18% maior que o registrado em 2021, quando a produção chegou a 3.208.300 toneladas, de acordo com a Secretaria de Agricultura e de Abastecimento do Paraná.

Previsão – A alta produtividade do trigo pode levar o Brasil, em breve, ser autossuficiente para abastecer o mercado interno. Atualmente, a demanda chega a 13 milhões de toneladas, mas o país importa cerca de 50% do grão que é consumido internamente. De acordo com projeções feitas por pesquisadores da Embrapa Trigo, a partir de uma pesquisa com 29 cooperativas que atuam na produção de trigo, o país produziu em 2022, 1,5 milhões de toneladas a mais que na safra de inverno passada, sem novas aberturas de áreas ou uso de novas tecnologias, apenas apostando em boas práticas de plantio e colheita.

Previsão – Para o gerente de insumos da Integrada, Romildo Birelo, essas projeções de aumento de produtividade pode colocar o Brasil numa situação de conforto em um prazo de 4 anos. “A safra deste ano ultrapassou 9 milhões de toneladas. Se seguir neste mesmo ritmo, mas sendo conservador nas projeções, acredito que em 4 anos o país não vai mais precisar importar trigo”, estima Birelo. O Paraná e o Rio Grande do Sul são responsáveis, juntos, por 90% de toda a produção nacional. Pesquisadores da Embrapa já colheram resultados surpreendentes com a cultivar BRS 264, plantada no Cerrado brasileiro utilizando irrigação. “Hoje temos cultivares desenvolvidas para qualquer tipo de solo, resistentes a pragas, doenças, excesso ou escassez hídrica, que possibilita ao agricultor atingir altos índices de qualidade e produtividade. O trigo, sem dúvida, se torna protagonista na cultura de inverno”, conclui Birelo.

Fonte: Imprensa Integrada, disponível no Portal do Sistema OCEPAR

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