Autor: Dr. Argemiro Luís Brum

As cotações do milho, em Chicago, perderam força durante a semana, chegando a bater em US$ 7,30/bushel no dia 16/03. Posteriormente, o mercado melhorou e o fechamento da quinta-feira (17) foi de US$ 7,54/bushel, contra US$ 7,57 uma semana antes.

Os embarques de milho, por parte dos EUA, na semana encerrada em 10/03, somaram 1,14 milhão de toneladas, ficando dentro do esperado pelo mercado. Em todo o atual ano comercial, os EUA já exportaram um total de 25,9 milhões de toneladas de milho, ou seja, 14% menos do que em igual período do ano anterior.

E aqui no Brasil, os preços se mantiveram estáveis, porém, com viés de alta em muitas praças. A média gaúcha fechou a semana em R$ 93,82/saco, enquanto nas demais praças nacionais o produto oscilou entre R$ 79,00 e R$ 101,00/saco. Enquanto os consumidores têm buscado o produto, os produtores demonstram pouco interesse em vendê-lo, diante da quebra da safra de verão. A alta do frete, motivada pelo forte aumento nos preços dos combustíveis, é mais um elemento que vem se somar aos problemas de custo de produção que os produtores e toda a cadeia produtiva estão enfrentando. Além disso, o conflito entre Rússia e Ucrânia continua, não oferecendo perspectivas de curto prazo para melhorias.

Por sua vez, a janela ideal para o plantio do milho safrinha fechou, para muitas regiões, em 15/03, sendo que no Mato Grosso a mesma fechou em 28/02. Assim, até metade de março o milho safrinha havia sido semeado em 92,4% da área esperada no CentroSul brasileiro, contra 85% na média histórica. Por enquanto, o clima continua positivo para estas lavouras. Já a colheita do milho de verão, no Centro-Sul nacional, chegava a 55% da área, contra 48% um ano antes e 44,8% na média histórica. (cf. Datagro)

Em paralelo, a comercialização da safra de verão 2021/22, nesta mesma região do país, atingia a 20,4% do total esperado, ficando abaixo dos 23,7% relativos a média histórica para esta data. Já a safrinha, até o dia 4 de março, havia sido vendida em 33,1% do total projetado para ser colhido, contra 31,7% na média histórica. (cf. Datagro)

No Paraná, espera-se um total de 15,5 milhões de toneladas a serem colhidas com milho safrinha, contra 5,7 milhões da frustrada safra do ano passado. (cf. Deral)

Enquanto isso, no Mato Grosso, a comercialização do milho atingiu a 51% do total da atual safra 2021/22, e está em 6,5% do total esperado para 2022/23. Os preços médios para a safra 2021/22 estão em R$ 72,69/saco e para 2022/23 em R$ 67,71/saco neste Estado. (cf. Imea)

O conflito armado no Leste Europeu e a possibilidade de novas altas nos preços dos fertilizantes continuam preocupando os produtores mato-grossenses, assim como a todos os produtores nacionais. Por enquanto, não se descarta, inclusive, a possibilidade de faltar insumos para os novos plantio.

Neste sentido, o plantio da atual safrinha 2021/22 atingiu a 98% da área no Mato Grosso, contra 88% no ano anterior nesta época. Já no Paraná, segundo o Deral, 75% das lavouras de verão já foram colhidas, enquanto o plantio da safrinha chegava, neste início de semana, a 87% da área esperada, que é de 2,6 milhões de hectares naquele Estado.

Por sua vez, no Mato Grosso do Sul, até o dia 11/03, a safrinha de milho havia sido semeada em 59% da área esperada, contra 61,6% na média histórica. A produtividade média esperada fica em 78,1 sacos/hectare. O preço médio do saco de milho, na semana encerrada em 14/03, ficou em R$ 90,13/saco naquele Estado. Na média de março, por enquanto, o preço do milho subiu de R$ 74,05/saco em 2021, para R$ 88,58 atualmente. Até meados deste mês de março, os produtores sul-matogrossenses haviam negociado, antecipadamente, 25,5% de toda a safrinha esperada. (cf. Famasul)

E no Rio Grande do Sul, a safra de verão do cereal chegava a 64% de área colhida no dia 10/03, com produtividade média de 3.428 quilos/hectare (57,1 sacos/hectare), o que representa uma quebra de 53% sobre o esperado inicialmente. (cf. Emater)

Enfim, nos oito primeiros dias de março o Brasil exportou apenas 2.828 toneladas de milho. A média diária de embarques é 97,2% menor do que a registrada em março do ano passado. O preço da tonelada exportada subiu cerca de 70%, atingindo a US$ 431,10, contra US$ 251,30 um ano antes. Por outro lado, o país importou 23.131 toneladas nos primeiros oito dias de março do corrente ano. O valor da tonelada de milho importada subiu 32%, ficando em US$ 244,20, contra US$ 184,70 um ano antes.


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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).

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