Durante o período entressafra, o controle do milho tiguera (voluntário) é indispensável para o manejo das cigarrinhas do milho (Dalbulus maidis e Leptodelphax maculigera), transmissoras dos enfezamentos do milho, uma vez que o milho voluntário hospeda as cigarrinhas. Entretanto, em meio a cultura da soja (safra ou safrinha), as plantas voluntárias de milho também assumem o papel de planta daninha, matocompetindo com a soja por recursos como radiação solar, água e nutrientes do solo.
Impacto do milho tiguera na produtividade da soja
O impacto do milho tiguera sobre a produtividade da soja varia principalmente em função da densidade populacional da planta daninha e período de convivência com a cultura infestada. Conforme observado por Adegas; Gazziero; Voll (2014), a medida em que há o aumento populacional do milho tiguera, há o decréscimo da produtividade da soja, chegando ao ponto em que, densidades populacionais de apenas 1 planta m-2 de milho infestando a soja, podem causar perdas de produtividade de até 19% na oleaginosa.
Corroborando a elevada habilidade competitiva do milho, e avaliando a capacidade competitiva de diferentes densidades de milho, infestando diferentes cultivares de soja, Giacomini et al. (2024), observaram que, as cultivares de soja apresentaram diferentes níveis de perdas no rendimento devido à infestação de diferentes densidades de milho voluntário.
Os autores avaliaram seis cultivares (Nidera 5909, Brasmax Elite IPRO, Syngenta 13561 IPRO, Dom Mario 5958 RSF IPRO, Nidera 6909 e Brasmax Lança IPRO) e dose densidades populacionais de milho voluntário.
Conforme resultados obtidos, embora as cultivares tenham expressado respostas distintas, as perdas de produtividade em função da infestação com 1 planta m-2 de milho, variaram de 12,61% a 40,56%, demonstrando a diferente capacidade competitiva entre as cultivares de soja. Sob densidade populacional de 5 plantas de milho por metro quadrado, as perdas de produtividade nas cultivares foi superior a 75% (Giacomini et al., 2024).
Figura 1. Perda de produtividade de grãos de diferentes cultivares de soja em função de cultivares e da densidade de plantas voluntárias de milho (pl m2) em competição aos 35 dias após a emergência. UFFS, Erechim/RS, 2017/18.
Com base nos aspectos observados, pode-se dizer que o milho assumi um papel de destaque quando inserido no sistema de produção de soja como planta daninha. Mesmo sua interferência variando em função da cultivar, pode-se dizer que os danos em consequência da matocompetição do milho voluntário com a soja são expressivos, devendo-se, portanto, realizar um controle efetivo do milho tiguera.
Veja mais: Intervalo entre aplicação de herbicidas e a semeadura
Referências:
INTERFERENCE AND ECONOMIC DAMAGE LEVEL OF VOLUNTEER CORN PLANTS IN SOYBEANS. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, 2024. Disponível em: < http://www.agraria.pro.br/ojs32/index.php/RBCA/article/view/v19i1a3283/1558 >, acesso em: 25/07/2024.
INTERFERÊNCIA DA INFESTAÇÃO DE PLANTAS VOLUNTÁRIAS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO COM A SUCESSÃO SOJA E MILHO SAFRINHA. Embrapa Soja, 2014. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1002796/interferencia-da-infestacao-de-plantas-voluntarias-no-sistema-de-producao-com-a-sucessao-soja-e-milho-safrinha >, acesso em: 25/07/2024.