É conhecido que lavouras produtoras de sementes necessitam maiores cuidados em comparação a lavouras produtoras de grãos, para garantir a qualidade das sementes produzidas. Uma série de fatores ambientais e climáticos podem influenciar na quantidade e qualidade das sementes produzidas, requerendo assim maior atenção ao longo do desenvolvimento das plantas.

Contudo, cabe destacar que nem todos os fatores são possíveis de serem controlados, podendo haver perda qualitativa das sementes em função a interferência deles, mesmo após a soja estar pronta para colheita. Um desses fatores é umidade, um dos principais fatores responsáveis pela degradação das sementes a nível de campo.



Deterioração por umidade

A deterioração no campo ocasionada pela umidade, atua na redução da qualidade física e fisiológica das sementes, por meio de processos físicos e fisiológicos. A exposição da semente de soja a ciclos alternados de elevada e baixa umidades antes da colheita, devido à ocorrência de chuvas frequentes ou às flutuações diárias de alta e baixa umidade relativa do ar, resultará na sua deterioração por umidade (Fraça-Neto et al., 2016), fato agravado por condições de elevada temperatura.

Figura 1. Processo de alterações físicas, devido à oscilação do teor de água da semente de soja em função das condições de umidade ambiental, que resultam no aparecimento de rugas na semente de soja, características da deterioração por umidade.

Fonte: França-Neto et al. (2016)

Esse processo de absorção e perda de água pela semente pode resultar em ruptura do tegumento, reduzindo rua resistência mecânica e também servindo como porta de entrada para patógenos e fungos que posteriormente podem causar depreciação ainda maior das sementes. Fisiologicamente, esse processo resulta em severa degradação dos principais componentes da soja que são lipídios e proteínas, na degradação de membranas celulares e de organelas subcelulares, interagindo com processos oxidativos, resultando em reduções de germinação e do vigor (França-Neto et al., 2016).

Figura 2. Sementes de soja com sintomas típicos de deterioração por umidade. À esquerda: sementes secas com enrugamento devido a esse tipo de dano; no centro: sintoma de deterioração por umidade, caracterizado no teste de tetrazólio; à direita, sementes de soja com rupturas no tegumento (França-Neto et al., 2016).

Fonte: França-Neto et al. (2016)

Os autores destacam que os danos ocasionados pela deterioração por umidade podem evoluir com o tempo de armazenamento das sementes, causando reduções ainda maiores de atributos fisiológicos das sementes como germinação e vigor. Além disso, as rupturas do tegumento podem deixar as sementes mais propensas à ocorrência de danos por embebição, durante os processos de germinação e do tratamento de sementes, além de ser uma possível fonte de infecção das sementes aos fungos de solo, após a semeadura (França-Neto et al., 2016).

Sendo assim, se tratando da produção de sementes de soja, sempre que possível deve-se evitar a deterioração por umidade. Embora não seja possível controlar a ocorrência de chuvas na pré-colheita, como alternativa, o escalonamento da semeadura das áreas de cultivo a fim de não coincidência do momento de colheita e sobrecarga o sistema de produção, assim como maquinas e equipamentos bem dimensionados para a prática da colheita podem contribuir para minimizar esse problema.


Veja mais: O que é qualidade de sementes e por que ela é tão importante?


Referências:

FRAÇA-NETO, J. B. et al. TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE SEMENTE DE SOJA DE ALTA QUALIDADE. Embrapa, Documentos, n. 380, 2016. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1057882/tecnologia-da-producao-de-semente-de-soja-de-alta-qualidade >, acesso em: 03/02/2022.

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