As cotações do trigo, em Chicago, que já vinham pressionadas para cima, dispararam no dia 24/02, diante da confirmação da invasão da Ucrânia pela Rússia, chegando a bater em limite de alta diário. Por ocorrer em uma das maiores regiões produtora e exportadora de trigo do mundo, as cotações do cereal explodiram. O bushel do cereal fechou a quinta-feira (24) em US$ 9,26, contra US$ 7,98 uma semana antes. Cotação semelhante somente foi vista no distante mês de julho de 2012.
O conflito no Leste Europeu traz a preocupação com a possível interrupção na oferta de trigo por parte das regiões em torno do Mar Negro. Além disso, Chicago continua refletindo o último relatório do USDA, deste início de fevereiro, que indicou que apenas 26% da produção de trigo de inverno, da safra 2021/22, no Estado estadunidense do Kansas (maior produtor de trigo de inverno), está entre boas a excelentes condições, contra 30% em janeiro. Já no segundo Estado maior produtor, Oklahoma, somente 9% das lavouras estão entre boas a excelentes condições, contra 16% em janeiro.
Afora isso, o conflito entre Rússia e Ucrânia se dá em uma região de importante logística para o transporte geral de mercadorias, o que tende a agravar a oferta global de produtos, e não apenas de trigo.
E as sansões econômicas dos EUA e da Europa Ocidental, contra a Rússia, em represália à invasão da Ucrânia, devem igualmente complicar o comércio com o Leste Europeu. A questão agora é quando e como tal conflito irá terminar.
Por enquanto, as áreas em que a Rússia identificou como separatistas, e as invadiu, são responsáveis por cerca de 8% da produção de trigo da Ucrânia, que é a quarta maior exportadora mundial do cereal. Já na Rússia, a região mais a oeste do país, que faz fronteira com o território ucraniano, responde por, aproximadamente, 30% da produção russa. (cf. StoneX in: Notícias Agrícolas). Os dois países respondem por quase 60 milhões de toneladas de trigo exportadas para o mundo, ou seja, cerca de 30% do total negociado no mundo no que diz respeito ao cereal.
Enquanto isso, na Argentina, outro importante produtor mundial de trigo, o governo local anuncia que busca estimular o crescimento da produção do cereal, almejando alcançar 25 milhões de toneladas produzidas nos próximos anos. Neste último ano os argentinos exportaram 14 milhões de toneladas segundo o subsecretário do Ministério da Agricultura local. O governo argentino ainda destacou que busca aumentar os destinos de exportação. (cf. Broadcast) Obviamente, isso ocorrerá se os preços internacionais do cereal se mantiverem elevados e se o governo argentino retirar o imposto de exportação sobre o produto local. Não basta apenas vontade política, como todo mundo sabe.
Por sua vez, na semana encerrada em 17/02 os EUA exportaram 539.366 toneladas de trigo, superando as expectativas do mercado. Com isso, no atual ano comercial, o país norte-americano já exportou 15,05 milhões de toneladas do cereal, porém, o volume ainda é 15% menor do que o registrado um ano antes.
E, aqui no Brasil, os preços do trigo se mantiveram estáveis durante a semana. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 85,43/saco, enquanto no Paraná o produto ficou entre R$ 87,00 e R$ 90,00/saco.
Os negócios, neste momento de entressafra, são apenas pontuais, pois os moinhos estariam bem abastecidos. Em termos de preços para os próximos dias, enquanto o câmbio puxa para baixo, pois o Real fica mais forte, favorecendo as importações, os valores internacionais sobem devido ao conflito armado entre Rússia e Ucrânia. Mas a volatilidade do câmbio e das cotações internacionais é grande, podendo mudar a trajetória de preços internos do trigo, assim como das outras commodities, a qualquer momento.
Quer saber mais sobre a Ceema/Unijui? Clique na imagem e confira.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).
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1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).