Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de adjuvantes com diferentes composições no espectro de gotas da pulverização com o herbicida Glifosato.
Autores: ULISSES DELVAZ GANDOLFO1, MARCO ANTONIO GANDOLFO2, MATHIAS SANTIPOLO3, CASSIA MILENA4, JOÃO PAULO DE OLIVEIRA4
Introdução

A eficiência das pulverizações é definida por diversos fatores, sendo um dos mais importantes a escolha das pontas de pulverização, com a correta definição do espectro das gotas e, segundo Kirk (2003), o espectro de gotas é atualmente a mais importante variável a ser controlada como medida de redução de deriva em uma aplicação de agrotóxicos em aplicações terrestres. Conhecer o diâmetro mediano volumétrico da pulverização, juntamente aos valores percentuais de partículas com grande chance de derivar pode fornecer aos aplicadores a capacidade de prevenção de problemas, evitando riscos de prejuízo e melhorando os níveis de controle. Outra ferramenta importante na redução das perdas de pulverização são os adjuvantes, podendo melhorar significativamente todas as características indesejáveis da calda quando escolhido corretamente (Womac et al, 1999), e segundo Carvalho (2016) tem sido o maior alvo de pesquisas exploratórias na área de tecnologia de aplicação, inclusive com o uso de adjuvantes para redução dos fatores de perdas relacionados ao espectro de gotas. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de adjuvantes com diferentes composições no espectro de gotas da pulverização com o herbicida Glifosato.
Material e Métodos
O estudo foi estabelecido pela combinação de 5 caldas com 2 pontas de pulverização, formando 10 tratamentos, apresentados na Tabela 1. Os efeitos das caldas com adição de diferentes concentrações do adjuvante e sua diferença com uma calda sem adição do adjuvante foram avaliados no espectro de gotas. As doses foram estabelecidas segundo recomendação proposta em bula para a cultura da soja e a taxa de aplicação simulada foi de 100 L ha-1. Os valores médios de temperatura e umidade no momento da pulverização para condição climática adequada foram de 25,2o C (±0,6 o C) e 68,3% (±1,8%), respectivamente, e para condição climática inadequada foram de 33,0°C (±0,5°C) e 34,3% (±1,6%).
Tabela 1. Composição dos tratamentos analisados por espectro de gotas e deriva coletada pela combinação de 3 caldas com 2 pontas de pulverização.

O espectro das gotas foi avaliado com um equipamento leitor de partículas, modelo VisiSize Portable P15 (Oxford Lasers, Imaging Division, Oxford, U.K.). As imagens captadas pelo equipamento foram avaliadas em tempo real pelo software Visisize Particle Sizing. O software pôde avaliar os parâmetros do espectro com o uso da técnica de Particle/Droplet Image Analysis (PDIA) ou Análise de Imagens de Partículas/Gotas. A ponta de pulverização foi posicionada a 50 cm acima da região de avaliação do equipamento, simulando a altura de uma barra de pulverização em campo. As leituras foram realizadas em uma área central da pulverização, tendo o equipamento analisado todas as partículas que passaram pela análise durante 30 segundos de pulverização em cada uma das quatro repetições.
Neste método, um flash de luz é emitido no exato momento que a câmera capta a imagem da pulverização e a medição das partículas se dá pela sombra da gota no leitor. As partículas que passam pela região de captura do equipamento são avaliadas e o software distingue e elimina da avaliação todas as partículas que ficaram indefinidas. Os parâmetros escolhidos para caracterização do espectro de gotas no presente estudo foram o diâmetro mediano volumétrico (DMV) e o percentual de gotas menores que 100 µm (%<100). Os resultados das análises foram submetidos a análise de variância e as medias avaliadas pelo teste de Scott Knott com nível de significância de α = 0,05 no software estatístico SASM – Agri V. 8.2 (CANTERI et al, 2001), porém não foram incluídos neste trabalho devido ao espaço reduzido para publicação.
Resultados e Discussão
A análise do DV0,1, DMV e DV0,9 permitiu observar diferenças de comportamento entre as pontas, caracterizando os maiores valores para a ponta AVI independente da calda pulverizada (Figura 1 (a) e (b) e Figura 2 (a)). A condição ambiental afetou o parâmetro de forma diferente em função da calda, reduzindo o valor medido em 80% dos casos para a condição ambiental inadequada. Este efeito foi observado também por Womac (1999) e tem relação com a maior evaporação das gotas em condição inadequada. Para os casos onde o valor medido foi maior na condição inadequada, se deveu a extinção das gotas menores, elevando os valores medidos de DV0,1, DV0,9 e DMV.

Para o %<100 mµ foi observado que a ponta AXI produz valores mais elevados que a ponta AVI. Também houve diferença em função da presença e do tipo de adjuvante, ocorrendo redução para os adjuvantes 1 e 2. A calda sem adjuvante obteve os maiores valores de %<100µ tal como o adjuvante 3 (Figura 2 (b)), tal como observado por Carvalho (2016). A condição ambiental inadequada elevou o percentual de gotas finas, caracterizando uma aplicação de maior risco ambiental.

Os valores de AR para a ponta AVI foram superiores à ponta AXI. Este efeito ocorreu devido ao espectro de gotas da AVI ser maior, o que eleva a quantidade de gotas grossas, elevando a amplitude na análise. Independente da ponta, os adjuvantes 1 e 2 mostraram os menores valores de AR. O adjuvante 3 não diferenciou os valores de AR das aplicações sem adjuvante, sendo os mais elevados entre todos os tratamentos (Figura 3 (a). Foi observado que a ponta AXI elevou o número de gotas contadas, uma vez que a mesma tem espectro de gotas mais finas. A condição inadequada reduziu o número de gotas contadas para a maioria das caldas, evidenciando perdas por evaporação. A presença dos adjuvantes 1 e 2 reduziram o número de gotas contadas independente da condição ambiental. Este efeito se justifica pela elevação do DMV (Figura 3 (b).

Conclusão
A ponta AVI proporcionou ofereceu parâmetros de pulverização mais seguros que a ponta AXI. Os valores de perdas são mais elevados nas condições ambientais desfavoráveis. A presença dos adjuvantes 1 e 2 reduziram as perdas nas condições inadequadas. o adjuvante 3 não reduziu os fatores de perdas na pulverização independente da condição ambiental. A ausência de adjuvantes elevou os fatores de perdas e os riscos ambientais.
Referências
CARVALHO F. K. Viscosidade, tensão superficial e tamanho de gotas em caldas com formulações de inseticidas e fungicidas. 64f., 2016. Tese (Doutorado em Energia na Agricultura). Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Botucatu, 2016.
KIRK, I. W. Spray mix adjuvants for spray drift mitigation. ASABE Paper No. AA03-003. St. Joseph: ASABE, 2003.
CANTERI, M. G., ALTHAUS, R. A., VIRGENS FILHO, J. S., GIGLIOTI, E. A., GODOY, C. V. SASM – Agri : Sistema para análise e separação de médias em experimentos agrícolas pelos métodos Scoft – Knott, Tukey e Duncan. Revista Brasileira de Agrocomputação, V.1, N.2, p.18-24. 2001.
WOMAC, A.R.; MAYNARD, R.A.; KIRK, I.W. Measurement variations in reference sprays for nozzle classification. Transactions of the ASAE, v.42, p.609-616, 1999.
Informações dos autores
1 Engenheiro Agrônomo Dr., Diretor de Pesquisas em Tecnologia de aplicação e Máquinas Agrícolas, Instituto Dashen, Bandeirante/PR – Brasil, Fone (43) 996148625, ulisses@institutodashen.com.br.
2 Engenheiro Agrônomo Dr., Universidade Estadual do Norte do Paraná.
3 Engenheiro Agrônomo, ADP Fertilizantes S.A.
4 Estudante de Agronomia, UNOPAR – Bandeirantes, Estagiário – Instituto Dashen.