Em algumas regiões do Sul do Brasil, é comum observar a formação de geadas durante o período do inverno, podendo afetar algumas culturas agrícolas como o trigo. Dependendo do estádio da cultura em que ocorre a geada e da intensidade dela, reduções significativas na produtividade do trigo podem ser observadas, podendo até comprometer a viabilidade da lavoura.
A partir do estádio de alongamento, as geadas podem provocar “queima” de folhas e “estrangulamento” do colmo de trigo. O “estrangulamento” do colmo ocorre em consequência ao rompimento das paredes celulares nos pontos de crescimento/alongamento dos entrenós. Quando ocorre geada na fase de espigamento/florescimento, os danos podem ser muito severos, havendo redução no número de grãos por espigueta e, consequentemente, por espiga (Scheeren et al., 2000).
Os prejuízos em trigo podem ser comprovados cerca de uma semana após a ocorrência da geada, quando a planta realmente mostra os estragos de queima nas folhas ou danos nas espigas, que soltam facilmente das plantas ou se mostram esbranquiçadas (Antunes, 2020).
Os danos ocasionados pela geada na cultura do trigo além de estarem relacionados com a intensidade da geada, apresentam relação com o momento de ocorrência no desenvolvimento da cultura. Embora possa haver certas perdas, quando as geadas ocorrem no início do desenvolvimento do trigo, os danos são menores em comparação aos ocasionados pelas geadas durante o espigamento/florescimento da cultura. Durante a fase inicial do trigo, mesmo sob geada intensa, pode até ocorrer perda de algumas plantas mas, pela compensação dos afilhos, o rendimento da lavoura não fica comprometido (Antunes, 2020).
Em contrapartida, as geadas podem exercer efeito benéfico no controle de planta daninhas que não apresentam tolerância a esse fenômeno. Entretanto, conforme destacado por Willian Felipe Larini, Mestrando em Agronomia na UFPR, em algumas espécies de daninhas a exemplo da buva (Conyza spp.), o efeito da geada pode não ser suficiente para causar a morte da planta, podendo essa rebrotar e seguir seu desenvolvimento.
Contudo, a grande maioria das plantas daninhas sente os efeitos da geada, podendo sofrer “queima das folhas”, porém, algumas espécies possuem maior capacidade em se recuperar desse estresse, podendo permanecer em desenvolvimento na área de cultivo, tornando necessário seu controle.
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Quando necessário realizar o controle dessas daninhas por meio da aplicação de herbicidas, é fundamental aguardar o período de recuperação da planta do estresse ocasionado pela geada para que ocorra a melhor absorção do herbicida pelos tecidos da planta., logo, o monitoramento da lavoura após geada é fundamental para avaliar os danos na cultura do trigo e a necessidade do controle de plantas daninhas.
Confira o vídeo abaixo com as dicas do Mestrando Willian Felipe Larini.
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Referências:
ANTUNES, J. M. NOTÍCIAS: PLANEJAMENTO PODE EVITAR PERDAS POR GEADA NO TRIGO. Embrapa, 2020. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/53614175/planejamento-pode-evitar-perdas-por-geada-no-trigo >, acesso em: 20/07/2021.
SCHEEREN, P. L. et al. EFEITO DO FRIO EM TRIGO. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 57, 2000. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/p_co57.htm >, acesso em: 20/07/2021.