Autores: Henara Valéria Miranda Castro¹; Marcelo Laranjeira Pimentel²; Rodrigo Batista Pinto¹; Deyvielen Maria Ramos Alves¹; Mateus Alves de Sousa¹; Abraão Barbosa da Silva¹; Eloi Gasparin³
Introdução
A soja (Glycine max) é uma das leguminosas mais produzidas no mundo, sendo utilizada na alimentação humana e animal, possuindo grande importância para a economia brasileira (Dias et al., 2019). De acordo com a Fao (2020), a produção mundial foi de 348,712 milhões de toneladas para o ano de 2018, sendo o Brasil o segundo maior produtor com 117,887 milhões de toneladas.
Dentre os fatores que influenciam na produtividade e características agronômicas da cultura, o suprimento adequado de nutrientes se torna essencial, com ênfase nos micronutrientes cobalto (Co) e molibdênio (Mo) que auxiliam na fixação biológica de nitrogênio (Neto et al., 2019). Para melhorar a eficácia de aproveitamento destes elementos tem sido utilizado a aplicação via sementes e via foliar.
Sendo que aplicação via semente reduz os custos da aplicação e minimiza o uso dos micronutrientes, e de acordo com Oliveira et al. (2019) práticas que otimizam os custos são essenciais para uma agricultura competitiva e sustentável. Diante deste contexto, o objetivo com este trabalho foi avaliar o desenvolvimento inicial da soja sob diferentes dosagens de Co e Mo no tratamento de sementes em solo arenoso.
Materiais e Métodos
O experimento foi desenvolvido em casa de vegetação da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), na cidade de Santarém/PA. A aplicação de Co e Mo foi realizada via semente da variedade Monsoy 8644 IPRO através de produto comercial Treposyn CoMo®. A aplicação foi conduzida nas seguintes etapas: (i) pesagem de 50 g de sementes, (ii) diluição do produto em 10 mL de água destilada, (iii) aplicação do produto nas sementes pesadas, (iv) agitação por 5 minutos, (v) 24 horas de descanso e (vi) semeadura em vasos de 5 kg de solo de textura arenosa.
Os tratamentos foram formados a partir da diluição do produto em dosagens, sendo cinco tratamentos: T1 (0 mL), T2 (1 mL), T3 (2 mL), T4 (3 mL), T5 (4 mL) e dez repetições, formando 50 parcelas experimentais. Foi utilizado o delineamento em blocos casualizados. Após 25 dias da semeadura, foram realizadas análises para: altura (cm) considerando a distância entre o colo e a haste principal, e diâmetro (mm) através da utilização de paquímetro digital.
Os dados foram submetidos a análise de variância e comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, e posteriormente foram realizadas análises de regressão linear para as diferentes dosagens de Co e Mo. O teste de normalidade foi realizado por Shapiro Wilk, utilizando o programa estatístico Minitab© versão 18.
Resultados e Discussão
Foi constada uma correlação moderada entre as variáveis altura e diâmetro (Fig. 01) indicando que se a altura aumenta, o diâmetro tende aumentar. Tal relação difere de Meert et al. (2020) em que o diâmetro tendia a reduzir, e altura aumentar com N, possibilitando perda no campo, através de acamamento.
Quando aplicada análise de regressão linear para diâmetro e altura da planta de soja, foi encontrado um coeficiente de determinação moderado, indicando uma correlação entre as variáveis e os tratamentos, à medida que houve aumento da dosagem, foi observado redução dos valores para estas variáveis (Fig. 02).
Resultados semelhantes foram encontrados por Marcondes & Caires (2005), que afirmaram que tal resultado pode estar relacionado a concentração dos elementos a partir das dosagens. Marcarello et al. (2012) afirmam que limiar entre o ótimo e excesso para micronutrientes é pequeno, facilitando fitotoxidez.
Com relação a análise de médias entre os tratamentos para as variáveis altura e diâmetro, não houve diferenças significativas com aplicação de Co e Mo. Santos et al. (2019) trabalhando com diferentes formas de aplicação de Co e Mo não observou diferenças para altura, portanto não houve incremento para esta variável.
Conclusão
A aplicação de Co e Mo não estimulou incremento de diâmetro ou de altura a partir dos tratamentos. Recomenda-se mais estudos relacionados a aplicação de micronutrientes.
Referências
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Informações sobre os autores:
- ¹ Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Santarém/PA. E-mail: henara1814@gmail.com
- ² Mestrando em Ciência do Solo, Universidade Estadual Paulista (UNESP). Jaboticabal/SP. Email: marcelopimentel53@hotmail.com
- ³ Professor do curso de Agronomia, Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Santarém/PA. E-mail: eloigasparim@hotmail.com