Autores: Ana Carolina Panisson¹, Ronaldo Vieira Gomes², Tamara Pereira Felicio³ Jussara Cristina Stinghen4, Analu Mantovani5, Amanda Louise dos Santos Palavicini6 e Mayla Cristina de Anhaya Hachmann7

Introdução 

As culturas de grãos são de importante destaque para a o setor econômico do estado de Santa Catarina, entre essas culturas a soja (Glycine max) é uma das mais cultivadas no estado e no Brasil. O país, na safra 2019/202, cultivou uma área de soja de aproximadamente 36,4 milhões de hectares, representando 56,2% de toda a área plantada com grãos, com produção estimada em 120,3 milhões de toneladas (CONAB, 2020).

Na agricultura os macronutrientes nitrogênio, fósforo e potássio acabam ganhando maior atenção durante a produção, no entanto nutrientes secundários como cálcio (Ca) e enxofre (S) também oferecem funções estruturais importantes para a planta como composição de proteínas, e aminoácidos essenciais. Sua falta pode causar clorose, redução de crescimento e produtividade (Lincoln et al., 2017).

O sulfato de cálcio (CaSO4), tem a capacidade de fornecer Ca e S em superfície e subsuperfície, além de reduzir a saturação por Al (Manual de Calagem e Adubação, 2016).

O sulfato de cálcio atua como condicionador de solo, melhorando as características químicas, físicas e biológicas do solo, favorecendo um maior desenvolvimento do sistema radicular, elevando a resistência da planta em condições de estresses bióticos e abióticos. Desta forma, o presente estudo teve como objetivo avaliar as alterações dos atributos químicos do solo, decorrentes da aplicação de diferentes doses de sulfato de cálcio granulado (CaSO4), em superfície.

Material e Métodos 

O experimento foi conduzido no município de Campos Novos, Santa Catarina, na microrregião do Planalto Sul com localização 27°22’12,6″ S e 51°12’30,8″ W, altitude de 946,7 metros, em um Nitossolo Vermelho Distrófico (Santos et.al, 2018).

O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso, com 3 tratamentos: T1: testemunha: sem aplicação de sulfato de cálcio, T2: sulfato de cálcio granulado na dose de 150 kg ha-1 e T3: sulfato de cálcio granulado na dose de 250 kg ha-1, com 4 repetições. O sulfato de cálcio foi aplicado a lanço e em superfície no momento da semeadura da cultura da soja. Logo após a colheita foram coletadas as amostras de solo referentes a todos os tratamentos, nas camadas de 0-20 cm e 21-40 cm de profundidade. A amostragem de solo e a análise laboratorial, foram de acordo com os métodos da Rede Oficial de Laboratórios de Análises de Solo (Rolas-RS/SC, 1968).

Os dados obtidos das análises químicas de solo, foram submetidos à análise de variância e comparados pelo teste de Tukey, a 5% de significância.

Resultados e Discussão 

Para as análises de 0-20 cm, houve variação para alguns atributos químicos do solo como pH, Ca e P, já os demais não diferiram (Tabela 1). Na camada de 0-20 cm de profundidade, o teor de fósforo (P) foi maior na a dose de 150 kg ha-1 de sulfato de cálcio granulado, quando comparado com a aplicação de 250 kg ha-1, porém os mesmos não diferiram da testemunha (Tabela 1). Estas variações no teor de P, na camada de 0-20 cm, podem estar relacionadas a neutralização do teor de alumínio, pois o sulfato de cálcio granulado não possui na sua composição fósforo.

Foi verificado um aumento no teor de Ca, quando se utilizou 150 kg ha-1de sulfato de cálcio, na camada de 0-20 (Tabela 1). Bartzen (2020) encontrou resultados similares com aumento de Ca na cama da de 10-20, fato este que ocorre pela alta solubilidade do sulfato de cálcio quando comparado aos carbonatos e óxidos de cálcio

Tabela 1 – Atributos químicos do solo na camada de 0-20 cm após a aplicação de diferentes doses de sulfato de cálcio granulado.

Além de promover um maior desenvolvimento do sistema radicular, o aumento de Ca pode proporcionar redução do efeito do Al tóxico. Segundo Pauletti (2014) este fato ocorre pelo efeito do cálcio, sendo que este cátion desloca o Al para a solução do solo e pela ação conjunta do íon sulfato, diminui sua saturação e seu efeito tóxico para as plantas.

Os resultados obtidos na análise da camada de 21-40 cm mostraram que não houve diferença para os atributos químicos do solo mensurados (Tabela 2). O que demostra que o uso de sulfato de cálcio granulado, não proporcionou alterações na mobilidade de nutrientes em subsuperficie.

Tabela 2 – Qualidade química do solo na camada de 21-40 cm após a aplicação de diferentes doses de sulfato de cálcio granulado.

Conclusão 

A aplicação de sulfato de cálcio granulado na dosagem de 150 kg/ha, promoveu aumentos nos teores de Ca e P, na camada de 0-20 cm.

A aplicação de sulfato de cálcio granulado em superfície, não alterou os atributos químicos do solo na camada de 21-40 cm.

Referências 

BARTZEN, B. T. Atributos químicos e físicos do solo após a aplicação de doses de gesso agrícola e o rendimento do trigo e soja em sucessão. 2020. Dissertação (Pós-Graduação em Agronomia) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marechal Cândido Rondon.

CONAB. Companhia Nacional de Abastecimento. Levantamento de grãos confirma produção acima de 250 milhões de toneladas na safra 2019/2020. 2020. Disponível em: <https://www.conab.gov.br/ultimas-noticias/3371-levantamento-de-graos-confirma producaoacima-de-250-milhoes-de-toneladas-na-safra-2019-2020>. Acesso em: 22 jun. 2020.

LINCOLN, T. et al. Fisiologia e desenvolvimento vegetal. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

MANUAL. De calagem e adubação para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Núcleo Regional Sul, Comissão de Química e Fertilidade do Solo, RS/SC, 2016.

PAULETTI, V. et al. Efeitos em longo prazo da aplicação de gesso e calcário no sistema de plantio direto. R. Bras. Ci. Solo, 2014.

SANTOS, H. G. et al. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. 5. ed. rev. e ampl. Brasília, DF: Embrapa, 2018.

Informações sobre os Autores:

  • 1 2 6 7Acadêmicos do Curso de Agronomia, Universidade Oeste de Santa Catarina (Unoesc), Campos Novos/SC. E-mail: ana_carolinapanisson@hotmail.com; ronaldogomes097@gmail.com; amandapalavicini@hotmail.com e maylaanhaya@gmail.com.
  • 3 5Professoras do Curso de Agronomia, Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), Campos Novos/SC. E-mail: tamara.pereira@unoesc.edu.br; analu.mantovani@unoesc.edu.br.
  • 4 Eng. Agrônoma, Desenvolvedora de Mercado, SulGesso. E-mail: jcstinghen@hotmail.com.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.