O controle biológico de pragas é uma tecnologia limpa, realizada por meio da ação de diferentes organismos que utilizam como fonte de alimento uma ou mais fases de desenvolvimento dos insetos-pragas. Este tipo de controle permite a manutenção da eficiência da produção e a redução nos custos.
“Além da eficiência e do menor custo, o controle biológico evita o aumento de resistência de insetos-pragas aos inseticidas e promove um aumento significativo dos inimigos naturais ou insetos benéficos nas lavouras”, explica o pesquisador Ivan Cruz, da Embrapa Milho e Sorgo.
Um dos insetos benéficos é a vespa Trichogramma. “A espécie Trichogramma pretiosum, também conhecida vulgarmente como vespinha, é um inseto benéfico muito pequeno, mas de grande eficiência para controlar os ovos das pragas, notadamente daquelas espécies onde seriam geradas lagartas, caso os ovos não fossem eliminados. Ou seja, a vespinha impede o nascimento das lagartas e evita danos à planta. Esta vespinha benéfica é muito eficiente na detecção, no campo, do ovo da praga”, diz Cruz.
Com o objetivo de difundir este conhecimento, foi realizado o curso internacional “Spodoptera frugiperda e seu manejo com tecnologias sustentáveis voltadas para países africanos”. O treinamento teve uma abordagem prática e foi ministrado na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, de 8 a 19 de julho. Participaram representantes do Instituto Nacional de Investigação e de Desenvolvimento Agrário (INIDA), de Cabo Verde, e do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM). As atividades foram realizadas em parceria com os governos africanos e a FAO.
Os temas abordados deram ênfase ao controle biológico, utilizando o parasitoide Trichogramma pretiosum e a produção dele em biofábrica. As atividades desenvolvidas pelos participantes em relação à praga envolveram reconhecimento prático de todas as fases de desenvolvimento, diferenciação dos diversos estágios larvais e reconhecimento do inseto adulto, tanto pelo aspecto visual como pela genitália. Foi mostrada também a metodologia de criação da vespa, incluindo o preparo e a utilização de dieta artificial e o monitoramento e o reconhecimento, no campo, por meio de armadilhas.
Já em relação aos agentes de controle biológico, foram realizadas atividades de campo e de laboratório, para ensinar como criar predadores e parasitoides. “Buscamos dar ênfase à metodologia de criação do parasitoide de ovos Trichogramma pretiosum, incluindo a multiplicação da traça das farinhas (Anagasta kuehniella). Esta traça é um hospedeiro alternativo do parasitoide. Mostramos também os protocolos de qualidade e a viabilidade econômica de uma biofábrica. E, para finalizar, organizamos tarefas voltadas para o controle de lagartas, quando enfatizamos a produção e o uso de extratos de nim (inseticida natural)”, informa Cruz.
Visita a biofábrica em Paraopeba, Minas Gerais
Para complementar a capacitação, foi realizada uma visita à empresa JB Biotecnologia, na manhã de 18 de julho. Na oportunidade, a delegação africana conheceu as instalações e o funcionamento da biofábrica, localizada em Paraopeba-MG.
Na JB Biotecnologia, a equipe foi recebida pelos sócios Júlio Cruz e Bianca Vique. “É um prazer recebê-los aqui e contribuir para esta missão. Vamos apresentar o que fazemos e nossos desafios. Agradecemos também ao professor Ivan Cruz, que é um grande incentivador das biofábricas no Brasil, por seu apoio ao nosso trabalho aqui em Paraopeba”, disse Vique.
Compareceram também à biofábrica o secretário de Governo da Prefeitura de Paraopeba, Roberto de Jesus Viana, e o vice-prefeito da cidade, Aroldo Costa Melo. Viana ressaltou que tem interesse por atividades de intercâmbio de conhecimentos. “Queremos organizar um dia de campo ou um workshop para receber outras delegações nacionais e internacionais, para difundir o conhecimento referente ao manejo de pragas”, disse.
Fonte: Embrapa