O sucesso na condução de uma lavoura está relacionado ao entendimento sobre a planta cultivada, do ambiente em que ela cresce e se desenvolve e das práticas de manejo adotadas. Um aspecto importante desse entendimento é a compreensão da escala fenológica, que descreve o desenvolvimento das plantas ao longo do seu ciclo. Tal compreensão é essencial para o planejamento adequado, levando em consideração as necessidades específicas da cultura, as condições ambientais e as estratégias de manejo, a fim de maximizar a produtividade e a sanidade das plantas.
Através dos estádios fenológicos da soja, podemos relacionar o desenvolvimento com as necessidades da cultura. A escala fenológica mais conhecida e utilizada da soja é a proposta por Fehr & Caviness em (1977), onde foi proposta a subdivisão do ciclo em dois grupos, os estádios vegetativos (V) e os estádios reprodutivos (R), onde os estádios específicos são identificados por números, após o V ou R, exceto os estádios VE e VC. (Neumaier et al., 2020).
Figura 1. Estádios vegetativos da soja.

De acordo com Farias et al. (2007), o estádio vegetativo denominado VE, corresponde à fase de emergência dos cotilédones, quando os cotilédones da planta se projetam acima da superfície do solo, formando um ângulo de 90° ou mais com seus hipocótilos, caracterizando assim o estádio VE.
Figura 2. Plantas em estádio VE.

O estádio vegetativo VC representa o estádio em que os cotilédones se encontram completamente abertos e expandidos. Uma planta atinge o estádio VC quando as bordas de suas folhas unifolioladas não se tocam mais. A partir de VC, as subdivisões dos estádios vegetativos são numeradas com base no número de nós desenvolvidos acima do nó cotiledonar. Nesse sentido, uma planta está em V1 quando as folhas unifolioladas estão completamente desenvolvidas, ou seja, quando as bordas dos folíolos da primeira folha trifolioladas não se tocam mais (Farias et al., 2007).
Figura 3. Plântulas de soja em estádio VC (cotilédone).

Segundo Farias et al. (2021), os estádios reprodutivos são designados pela letra R seguida de números de um a oito, e eles descrevem o período que vai do florescimento à maturação da planta. Os estádios reprodutivos incluem quatro fases distintas do desenvolvimento reprodutivo da planta, ou seja, o florescimento (R1 e R2), o desenvolvimento da vagem (R3 e R4), o desenvolvimento do grão (R5 e R6) e a maturação da planta (R7 e R8).
Figura 4. Estádios reprodutivos da soja.

Com objetivo de melhor representar o período de enchimento de grãos, Ritchie et al. (1977) dividiram o estádio R5 em cinco subestádios:
- 1 – grãos perceptíveis ao tato (o equivalente a 10% da granação);
- 2 – granação de 11% a 25%;
- 3 – granação de 26% a 50%;
- 4 – granação de 51% a 75%;
- 5 – granação de 76% a 100% (Neumaier et al., 2020).
Figura 5. Formação da vagem e maturação.

É importante lembrar, conforme destacado por Zanon et al. (2018), que o estádio fenológico de uma área de cultivo é determinado quando pelo menos 50% das plantas apresentam as características indicativas de um determinado estádio fenológico. Compreender a escala de desenvolvimento de uma cultura é fundamental para estabelecer as práticas de manejo, de modo a atender às necessidades específicas das plantas em cada período ou estágio de desenvolvimento, possibilitando a condução de lavouras de forma mais eficientes e, consequentemente, obtendo maiores rendimentos.
Veja mais: Exigências Nutricionais da Soja
Referências:
CIAMPITTI, I. A. CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA SOJA. Departamento de Agronomia, Kansas State University, 2017. Disponível em: < https://www.npct.com.br/npctweb/npct.nsf/article/BRS-3140/$File/Download%20-%20Fases%20de%20desenvolvimento%20da%20cultura%20do%20milho%20(K-State).pdf >, acesso em: 03/11/2023.
FARIAS, J. R. B. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA. Embrapa, Circular técnica 48. Londrina – PR, 2007. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/470308/1/circtec48.pdf >, acesso em: 03/11/2023.
FARIAS, J. R. B. et al. ESTÁDIO REPRODUTIVO: SOJA. Embrapa, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/soja/pre-producao/caracteristicas-da-especie-e-relacoes-com-o-ambiente/estadios-de-desenvolvimento/estadio-reprodutivo#:~:text=Os%20est%C3%A1dios%20reprodutivos%20abrangem%20quatro,os%20est%C3%A1dios%20reprodutivos%20da%20soja. >, acesso em: 03/11/2023.
NEUMAIER, N. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA. Tecnologia de Produção de Soja, cap. 2. Embrapa, sistemas de produção 17. Londrina – PR, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/223209/1/SP-17-2020-online-1.pdf >, acesso em: 03/11/2023.
ZANON, AL. J. et al. ECOFISIOLOGIA DA SOJA: VISANDO ALTAS PRODUTIVIDADES. Ed. 1, Santa Maria – RS, 2018.
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