Hoje vamos entender como o milho voluntário pode interferir na produtividade da sua lavoura de soja.
Essas plantas de milho que nascem no meio da lavoura de soja são também denominadas de “tigueras” ou “guachas”.
As plantas de milho voluntário tem origem dos grãos que foram perdidos na colheita do milho, que podem ocorrer de duas formas:
- perda de grãos individuais: dão origem a plantas individuais;
- perda de espigas inteiras: dão origem à touceiras.
Esse problema de milho nascendo durante a safra de soja aumentou com o cultivo de soja RR® precedido por milho RR®.
O milho voluntário quando não controlado reduz a produtividade da soja.
Segundo Piasecki (2015), populações de 0,5 touceiras m-2 de milho voluntário reduziram o rendimento de grãos de soja em 46%, enquanto que 12 touceiras m-2 reduziu o rendimento em 100%.
A Tabela abaixo mostra algumas características importantes quando falamos em milho voluntário.
Nome comum | Milho voluntário. |
Período de ocorrência | Após a colheita do milho, na entressafra ou início do cultivo da soja. |
Condições que favorecem a ocorrência | Falhas na colheita do milho. |
Potencial de dano econômico | 1 planta m-2, redução de 19% na produtividade da soja (Adegas et al., 2014). |
16 plantas m-2, redução de 86% (Adegas et al., 2014). |
Agora que sabemos a importância e os impactos que o milho voluntário podem causar na soja, vamos ver como podemos fazer o manejo adequado.
Como manejar o milho voluntário?
O ideal é que não seja necessário fazer o manejo do milho voluntário durante a safra de soja.
Isso é possível ao realizarmos uma colheita eficaz com o maquinário regulado, assim evitamos as perdas no sistema.
Mas como nem sempre tudo acontece como planejamos, o controle do milho voluntário poderá ser realizado por meio do controle químico.
Estudos conduzidos por Maciel et al. (2013), mostraram que o controle de milho voluntário com o herbicida haloxyfop e clethodim, isolados e/ou em mistura em tanque com 2,4-D, foi eficiente no controle em pós-emergência dos híbridos de milho, nos estádios V5 e V7. Porém, os autores observaram que, o controle no estádio V7 foi mais lento que no estádio V5.
Já, Piasecki e Rizzardi (2016), avaliaram o controle de milho voluntário com o uso de herbicidas em pré-emergência, sendo eles: chlorimuron, diclosulam, chlorimuron + sulfometuron, imazapic + imazapyr, clomazone e pyroxasulfone. Os autores observaram que o imazapic + imazapyr foi eficiente para o controle de touceiras e que, diclosulam, chlorimuron + sulfometuron e imazapic + imazapyr controlaram plantas individuais, com controle superior a 80%.
Outro mecanismo de ação muito importante que podemos utilizar são os herbicidas Inibidores da ACCase, os conhecidos graminicidas.
Assim, como observado nos estudos acima, o controle eficaz é dependente do estádio de desenvolvimento do milho voluntário, que no geral deve estar com 2 a 3 folhas.
Quanto mais demorarmos para fazer o controle, mais difícil de controlar, além de precisar utilizar maior dose, o que consequentemente eleva os custos.
Conclusão
O manejo do sistema está cada vez mais complexo, é importante sabermos as tecnologias que estamos utilizando para fazermos o manejo correto.
A melhor opção quando falamos em milho voluntário, é focar na realização de uma colheita eficiente.
Mesmo assim, se houver perdas durante a colheita, o milho voluntário irá interferir na produtividade da soja, portanto o controle deve ser realizado.
Sobre a Autora: Ana Ligia Girardeli, Sou Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar) e Doutora em Fitotecnia (USP/ESALQ). Atualmente, estou cursando MBA em Agronegócios.