O emprego de fungicidas para promover proteção à soja e reduzir das perdas produtivas em decorrência da incidência de doenças é determinante para a obtenção de boas produtividades e produção de sementes de qualidade. Entretanto, a aplicação de fungicidas é uma prática que representa custo de produção, logo, em situações de estresse hídrico, onde há significativa redução do potencial produtivo da soja, a necessidade do programa de fungicidas é questionada.
Entretanto, cabe destacar que embora algumas formulações de fungicidas possam desencadear sintomas de fitotoxidade na soja sob condições de baixa umidade relativa do ar e elevadas temperaturas, algumas moléculas de fungicidas se destacam por proporcionar benefícios que não além do controle de doenças na cultura, principalmente quando há a retomada das chuvas após o período de estresse hídrico na soja.
Dentre os benefícios, podemos destacar a ação fisiológica que alguns fungicidas desempenham sobre a soja, beneficiando o crescimento e desenvolvimento da cultura, além de contribuir para a manutenção da sanidade das plantas. Com o objetivo de avaliar o efeito fisiológico da aplicação de Estrobilurina e Piraclostrobina em diferentes variedades de soja, Rodrigues (2009) observou que a aplicação de fungicida (Piraclostrobina + Epoxiconazol) pode promover o aumento da fotossíntese líquida; a melhoria da eficiência de assimilação de nitrogênio devido ao aumento da atividade da enzima nitrato redutase; a redução da síntese de etileno (redução da senescência e queda de folhas); o aumento da fitomassa seca total; o aumento da área foliar; o aumento do teor de clorofila (efeito verde); além de resultar na redução da incidência de Phomopsis spp. e de Cercospora kikuchii na semente de soja (Rodrigues, 2009).
Cabe destacar que o efeito fisiológico sobre a cultura da soja varia em função das condições ambientais e molécula do fungicidas, sendo mais perceptível o efeito positivo desencadeado pela aplicação de estrobilurinas e carboxamidas. Corroborando as afirmações de Rodrigues (2009), Jadoski (2012), destaca que as moléculas de estrobilurinas atuam de forma positiva sobre a fisiologia das plantas, através de aumentos da atividade da enzima nitrato redutase, níveis de clorofila e da redução da produção de etileno, reduzindo o estresse sofrido pela planta sob condições de baixa disponibilidade hídrica (estresse hídrico).
Já com relação as carboxamidas, embora ainda haja pouco conhecimento sobre seu efeito fisiológico sobre a soja, sabe-se que podem provocar aumento no ponto de compensação de CO2, elevando a taxa de assimilação de CO2 e redução da produção de etileno, retardando a senescência foliar (Jacobelis Junior, 2020). Embora ainda haja certo desconhecimento dos efeitos fisiológicos de fungicidas sobre a cultura da soja, especialmente sobre condições de estresse hídrico, cabe destacar que aplicação de determinadas moléculas de fungicidas pode mitigar o efeito do déficit hídrico em soja, contribuindo para a redução dos danos ocasionados pelo déficit hídrico, desde que retomadas as chuvas após o período de estresse.
Confira abaixo as dicas do Professor e Pesquisador Marcelo Madalosso.
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Referências:
JACOBELIS JUNIOR, W. ESTROBILURINAS E CARBOXAMIDAS NA FISIOLOGIA E NO MANEJO DE PINTA PRETA EM TOMATEIRO. Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp, Campus de Botucatu, Tese de Doutorado, 2020. Disponível em: < https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/193250/jacobelis%20junior_w_dr_botfca.pdf?sequence=4&isAllowed=y#:~:text=2.4%20Efeitos%20fisiol%C3%B3gicos%20das%20estrobilurinas%20e%20carboxamidas&text=S%C3%A3o%20produtos%20de%20efeitos%20fisiol%C3%B3gicos,ou%20qualidade%20na%20produ%C3%A7%C3%A3o%20final. >, acesso em: 19/04/2022.
JADOSKI, K. J. EFEITOS FISIOLÓGICOS DA PIRACLOSTROBINA EM PLANTAS DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) CONDICIONADO SOB DIFERENTES TENSÕES DE ÁGUA NO SOLO. Faculdade de Ciências Agronômicas da Unesp – Campus de Botucatu, Dissertação de Mestrado, 2012. Disponível em: < https://repositorio.unesp.br/handle/11449/86393 >, acesso em: 19/04/2022.
RODRIGUES, M. A. T. AVALIAÇÃO DO EFEITO FISIOLÓGICO DO USO DE FUNGICIDAS NA CULTURA DA SOJA. Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Tese de Doutorado, 2009. Disponível em: < https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11136/tde-24022010-165137/publico/Marco_Rodrigues.pdf >, acesso em: 19/04/2022.