A área foliar fotossinteticamente ativa de uma planta é responsável pela fotossíntese e produção de fotoassimilados, os quais serão destinados ao acúmulo de matéria seca na planta, podendo ser empregados na produção de novos órgãos como flores e fruto, ou no crescimento vegetal. Sendo assim, a redução da área foliar pode interferir na produtividade de algumas culturas agrícolas, tornando necessário o manejo e controle de pragas desfolhadoras que possam reduzir a área foliar da cultura.

Veja também: Índice de área foliar para atingir potencial de produtividade em soja

Segundo Sosa-Gómez et al. (2014), as lagartas do grupo da falsa-medideira, fazem parte das pragas desfolhadoras da soja. As principais espécies pertencentes a esse grupo são a Chrysodeixis includens e a Rachiplusia nu.

Figura 1. Chrysodeixis includens.

Fonte: Lagarta falsa-medideira na cultura da soja – 3rlab

 

Figura 2. Rachiplusia nu.

Fonte: Moscardi et al. (2013).

Sosa-Gómez et al. (2014) destacam que essas lagartas são conhecidas popularmente como “falsa-medideira” por se deslocarem de forma semelhante a “medindo palmos”. São comumente confundidas, entretanto, a C. includens apresenta a face interna de suas mandíbulas com dois dentes, enquanto que a R. nu não apresenta dentes do lado interno da mandíbula. Os danos de ambas as pragas são similares, alimentando-se de parênquima foliar, deixando as nervuras e conferindo aos folíolos aspecto rendilhado (Sosa-Gómez et al., 2014).



Figura 3. Danos característico de lagarta falsa-medideira.

Fonte: Moscardi et al. (2013).

A lagarta apresenta uma enorme capacidade desfolhadora, sendo assim, é essencial o monitoramento da praga tanto no período vegetativo quando reprodutivo da cultura da soja. A lagarta-falsa-medideira deve ser controlada quando for encontrado 30 % de desfolha na fase vegetativa ou 15% de desfolha na fase reprodutiva por meio do controle químico ou biológico e/ou associados (Promip).

O uso de escalas de desfolha pode ser uma interessante alternativa para a comparação visual entre os níveis de desfolha, auxiliando na determinação do momento de controle, com base no nível de controle recomendado.

Figura 4. Folíolos de plantas da soja com diferentes porcentagens de desfolha causada pela alimentação de insetos desfolhadores (Grigolli, 2017).

Fonte: Grigolli (2017), adaptado de Panizzi et al. (1977).

Embora a cultura da soja seja conhecida por sua habilidade compensativa, elevados níveis de desfolha podem resultar em redução da produtividade da cultura. Deve-se atentar para a porcentagem de desfolha principalmente no período reprodutivo da soja, onde a maior parte dos fotoassimilados é direcionada para a produção de flores, legumes e grãos.

Avaliando diferentes níveis de desfolha artificial nos componentes de produção da soja, Alves; Bellettini; Bellettini (2020) não obtiveram diferença estatística para a produtividade da soja, nos níveis de desfolha avaliados, sendo estes: 16,7 % de desfolha no período vegetativo; 33,3 % de desfolha no período vegetativo; 16,7% de desfolha no período reprodutivo; 33,3% de desfolha no período reprodutivo. 16,7% de desfolha durante todo o ciclo da cultura e 33,3% de desfolha durante todo o período da cultura.

Os autores avaliaram a cultivar M 6410 IPRO® de ciclo indeterminado. Os resultados obtidos para a produtividade enfatizam a habilidade compensativa da soja, entretanto, embora estatisticamente os autores não tenham observado diferença, pode-se observar diferenças de produtividade de mais de 400 kg.ha-1 entre o tratamento com o mínimo de desfolha (16,7% no período vegetativo) o a desfolha mais severa (33,3% durante todo o ciclo da cultura), destacando a interferência que a desfolha pode ocasionar na produtividade da soja.

Confira o trabalho completo de Alves; Bellettini; Bellettini (2020) clicando aqui!

Com base nos aspectos observados, pode-se dizer que é fundamental o monitoramento e identificação das pragas visando um controle eficiente quando atingidos os níveis de controle.

Confira abaixo o nível de ação para outras pragas da soja.

Tabela 1. Nível de ação para algumas pragas da soja.

Fonte: Grigolli (2017).

Referências:

ALVES. G, H, T.; BELLETTINI, S.; BELLETTINI, N. M. T. DIFERENTES NÍVEIS DE DESFOLHA ARTIFICIAL NOS COMPONENTES DE PRODUÇÃO DA SOJA. Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 6, n. 9, p. 64799-64815, sep. 2020. Disponível em: < https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/16113 >, acesso em: 16/11/2020.

GRIGOLLI, J, F, J. PRAGAS DA SOJA E SEU CONTROLE. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2016/2017, 2017. Disponível em: < http://www.fundacaoms.org.br:8080/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/272/272/5ae094adae692b52cb18ab138a3cb3cb661f0692c97fc_capitulo-05-pragas-da-soja-somente-leitura-.pdf >, acesso em: 16/11/2020.

MOSCARDI, F. et al. ARTRÓPODES QUE ATACAM AS FOLHAS DA SOJA. Embrapa, Soja: Manejo Integrado de insetos e outros artrópodes-praga, cap. 4, 2013. Disponível em: < http://www.cnpso.embrapa.br/artropodes/Capitulo4.pdf >, acesso em: 16/11/2020.

PROMIP. LAGARTA-FALSA-MEDIDEIRA NA CULTURA DA SOJA. Promip: Manejo Integrado de Pragas. Disponível em: < https://www.promip.agr.br/lagarta-falsa-medideira-cultura-soja/#:~:text=A%20lagarta%2Dfalsa%2Dmedideira%20deve,ou%20biol%C3%B3gico%20e%2Fou%20associados. >, acesso em: 16/11/2020.

SOSA-GÓMEZ, D. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa Soja, ed. 3, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105924/1/Doc269-OL.pdf >, acesso em: 16/11/2020.

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