MERCADO INTERNACIONAL
Depois de algumas semanas de mercado condicionado e sem definir uma clara tendência, os preços do milho registraram um salto, em resposta a um cenário de menores estoques iniciais nos EUA.
Os operadores convalidaram as altas a partir da notável diferença entre o que se esperava e o que efetivamente foi divulgado pelo USDA a respeito dos estoques finais da safra 2018/19 e iniciais da safra 2019/20. O consenso dos analistas se situava em 61,6 MT, mas o USDA divulgou 53,7 MT. Com isto, a safra 2019/20 de milho nos EUA estaria começando com quase 8,0MT a menos do que o mercado esperava, impulsionando para cima os preços durante toda a semana.
Os demais fundamentos trouxeram ânimo misto ao mercado. Por um lado, as chuvas no Brasil, poderiam levar a um atraso no plantio de soja. Isto poderia impor complicações ao plantio de milho Safrinha (cujo principal destino é a exportação) já que se realiza sobre a superfície desocupada pela soja. No entanto, o mercado permaneceu à espera do comportamento da demanda.
Do lado da exportação, o bom volume assinalado no relatório semanal dos EUA não conseguiu transmitir estímulo aos preços. Pelo lado do consumo interno, os operadores se mantiveram à espera de possíveis modificações no uso de etanol para biocombustíveis. Ao contrário do que ocorre sazonalmente, a evolução dos preços foi limitada pelo contexto de ingresso de mercadoria.
A colheita nos EUA avançou 11% da área. Assim, o mercado parece interpretar que não haveria maior lugar para novos ajustes na produção. Segundo as últimas estimativas oficiais, o volume seria de 350 MT.
MERCADO BRASILEIRO
As características do mercado brasileiro de milho neste momento seriam as seguintes:
a) Boa oferta, especialmente de milho Safrinha, com a produção 36,9% maior do que a do ano anterior, segundo a Conab e uma produção total da safra 23,9 % maior, também segundo a Conab, embora algumas consultorias privadas acreditem que o volume real tenha sido maior ainda do que as 99,98 MT apresentadas pelo órgão estatal. Isto gerou aumento nas exportações, mas mesmo assim, os estoques finais estão previstos para serem 2,0 milhões de toneladas maiores do que os do ano anterior.
b) Boa demanda de exportação: a cada relatório oficial ou estimativa das consultorias privadas aumenta a previsão do volume a ser exportado pelo Brasil nesta temporada. O último dado ficou em 35 MT, cerca de 12 MT a mais do que as 23,82 MT exportadas na temporada anterior, embora haja estimativas privadas que garantem que o número poderá chegar a 40 MT.
c) Possibilidade de escassez de matéria-prima: Isto deixa em alerta os grandes compradores nacionais de milho, que ficam preocupados com a redução da disponibilidade interna (há lideres que garantem que haverá escassez no próximo mês de janeiro) ou, pelo menos, do aumento dos preços provocados pela disputa com a exportação, resultando em compras antecipadas que garantam o seu abastecimento o mais longe possível.
Fonte: T&F Agroeconômica