No Brasil, o trigo é a cultura mais importante em termos de quantidade consumida na nutrição humana e animal, fornecendo cerca de 20% da energia e 25% do que é requerido pela população, tendo também um papel fundamental na economia do país. No entanto, a produção nacional ainda não é suficiente para atender a demanda interna, tornando o Brasil, um dos maiores importadores desse cereal, onde cerca de 50% do que é consumido é produto oriundo de outros países.

Dessa maneira, esforços devem ser feitos para que o nosso produto atinja a autossuficiência no abastecimento deste cereal, e para que isso seja possível, é de extrema importância o conhecimento da cultura, bem como as peculiaridades do manejo e fatores que interferem na sua produtividade, pois o aumento da produtividade por hectare é ponto chave para melhorar também a rentabilidade da cultura.

Um desses fatores que interferem na produtividade é a presença e manutenção da sanidade das folhas, pois dependendo da altura de inserção em que as folhas se encontram ao longo do colmo, variam as contribuições das mesmas para o acúmulo de carboidratos que serão destinados à formação e preenchimento dos grãos, posteriormente.



A perda foliar das duas folhas superiores mais próximas da espiga na planta de trigo (folha bandeira e uma abaixo) representaram para Souza et al. (2013) uma redução de 19,26% do rendimento de grãos, 42,79% no número de grãos do afilho principal, 60,46% na massa de grãos do afilho principal e 2,32% no peso hectolitro. A remoção de todas as folhas abaixo da folha bandeira proporcionou redução de 18,33% no rendimento de grãos, 37,20% na massa de grãos do afilho principal, 23,50% no número de afilhos férteis e 1,82% no peso hectolitro.

Segundo Sharma et al. (2003), as folhas inferiores da planta contribuem com 15 a 20% do total do rendimento de grãos, ao passo em que os produtos da fotossíntese elaborados nas folhas situadas na porção superior do colmo (principalmente a folha bandeira) e nas aristas são responsáveis pela maior parte da produção.

Em estudo realizado por Souza et al. (2013), onde submeteram as plantas de trigo à diferentes níveis de desfolha, constando que a remoção da folha bandeira após a emergência da espiga causa uma redução de 7 para 9% em peso de grãos, da mesma forma que o rendimento de grãos e número de grãos por espiga reduziram em 10,7 e 11,1%, respectivamente.

Pode-se observar na figura 1 o efeito da desfolha da folha bandeira (1) e de 2 e 3 folhas removidas logo acima, sobre o rendimento dos grãos e na figura 2, o efeito da desfolha no peso hectolitro em diferentes variedades de trigo em estudo de Gondim, 2006 realizado em Viçosa.

Fonte: Gondim, 2006
Fonte: Gondim, 2006

Na figura 3 observa-se o efeito da desfolha utilizada por Gondim, 2006 sobre o peso de mil grãos na cultura do trigo, em diferentes variedades.

Fonte: Gondim, 2006

O trabalho completo pode ser acessado clicando aqui.

O que explica essa redução no rendimento e no peso dos grãos é que provavelmente ocorreu maior remobilização de assimilados dos componentes das espigas, que são também os tecidos fotossintetizantes, coma remoção das folhas, para suprir a demanda de foto assimilados durante a fase de enchimento dos grãos.



O acúmulo de reservas para o enchimento de grãos ocorre até a fase de pré-antese, a qual é o período mais crítico, sendo que a partir desta fase os fotoassimilados produzidos pela fonte começam a diminuir em função da senescência foliar mais acentuada em situações adversas quando a demanda do dreno é maior. Desta forma, as reservas do colmo são essenciais para manter níveis adequados de produtividade.

Conhecendo a sensibilidade do trigo a estresses fisiológicos que podem ser causados, os trabalhos evidenciam a importância da manutenção dessas folhas, bem como a preservação da sanidade e do vigor das mesmas, para que elas possam desempenhar na planta o seu papel, acumulando reservas e consequentemente proporcionando um rendimento satisfatório na qualidade, produção, peso e no peso hectolitro dos grãos de trigo para o produtor rural.

Um ponto chave: para termos as folhas do terço superior saudáveis, o manejo deve ser realizado corretamente, desde a fase inicial, preservando também as folhas do baixeiro, para que não multipliquem os fungos e aumentem a pressão da doença, levando a perdas na produtividade.

Redação: Andréia Procedi – Equipe Mais Soja.

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