O gesso agrícola, também conhecido como sulfato de cálcio, é um subproduto da indústria de fertilizantes fosfatados, que pode ser utilizado na melhoria do ambiente radicular em profundidade no solo, em virtude das suas características químicas e de mobilidade (Sousa; Lobato; Rein, 2005).
Na agricultura moderna, a utilização do gesso agrícola é associada a “construção do perfil do solo”. Como característica desse produto, sua mobilidade permite maior distribuição no perfil do solo, alcançando as camadas mais profundas, contribuindo para a melhoria das condições químicas dessas camadas, possibilitando o melhor desenvolvimento a aprofundamento de raízes.
Como principais resultados visíveis, tem-se a maior volume de solo explorado pelo sistema radicular das plantas, contribuindo para maior absorção de água e nutrientes, assim como maior tolerância a períodos de déficit hídrico. Conforme observado por Broch & Ranno (2009), a aplicação de gesso agrícola reduz a saturação por alumínio nas camadas mais profundas do solo, possibilitando um melhor ambiente para o crescimento de raízes, entretanto, cabe destacar que diferentemente do calcário, o gesso agrícola não possui a capacidade em neutralizar a acidez do solo.
Figura 1. Redução na saturação por alumínio na CTC da camada subsuperficial (abaixo de 20 cm) de um solo argiloso (55 – 60% argila) 6 (seis) meses após a aplicação de altas doses de gesso agrícola em superfície, Maracaju/MS. FUNDAÇÃO MS, 2008.

Ao longo do tempo, vários estudos foram e vem sendo conduzidos avaliando a real contribuição do emprego do gesso agrícola na produtividade de culturas como a soja. Kaneko et al. (2015) destacam que a aplicação de elevadas doses de gesso agrícola não prejudica caracteres agronômicos nem a produtividade da soja, sendo assim, o ponto a se definir é o quanto de gesso aplicar, quando aplicar e em que condições deve-se realizar a aplicação.
Avaliando a produtividade de soja em função da cultura antecessora e do manejo do solo, Donega & Santos (2015) observaram que independente da forma de manejo do solo (plantio direto ou escarificado), o emprego do gesso agrícola possibilitou incremento da produtividade da soja. Conforme observado por Ascari & Mendes (2017), a dose de 2 t ha-1 promoveu o melhor desenvolvimento das características agronômicas e produtivas da soja para as condições avaliadas pelos autores.
Tabela 1. Produtividade de grãos de soja (kg ha-1) cultivar NA 5909 RG, submetida a diferentes condições de manejo do solo na safra 2014/15.

Resultados similares demonstrando que a utilização do gesso agrícola contribui para o aumento da produtividade da soja também foram observados por Zandoná et al. (2015) e Ascari & Mendes (2017). No trabalho conduzido por Zandoná et al. (2015), a adição de gesso agrícola possibilitou incremento médio de produtividade da soja superior a 11%, destacando o potencial uso do gesso agrícola no aumento produtivo.
Por atuar como um condicionador da estrutura do solo, além de reduzir a saturação por alumínio e aumentar os teores de Cálcio (Ca) e Enxofre (S), quando associado a boas práticas agronômicas e a um adequado manejo da cultura, a aplicação do gesso agrícola pode ser uma interessante ferramenta para o aumento da produtividade da soja. Entretanto, cabe destacar que como visto anteriormente, o gesso agrícola não possui a capacidade de neutralizar a acidez do solo, sendo necessário para isso, realizar a calagem.
Veja mais: Mitos e verdades sobre o uso do gesso agrícola na lavoura
Referências:
ASCARI, J.; MENDES, I. R. N. DESENVOLVIMENTO AGRONÔMICO E PRODUTIVO DA SOJA SOB DIFERENTES DOSES DE GESSO AGRÍCOLA. Revista Agrogeoambiental – V. 9, N. 4, dez. 2017. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/322875791_Desenvolvimento_agronomico_e_produtivo_da_soja_sob_diferentes_doses_de_gesso_agricola >, acesso em: 17/08/2021.
BROCH, D. L.; RANNO, D. K. FERTILIDADE DO SOLO, ADUBAÇAO E NUTRIÇÃO DA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja e Milho 2008/2009, 2009. Disponível em: < http://www.diadecampo.com.br/arquivos/materias/%7BF2C9E86E-A11D-49BA-83FD-D5C2E15DB72C%7D_02_fertilidade_do_solo_cultura_da_soja.pdf >, acesso em: 17/08/2021.
DONEGA, A. J.; SANTOS, E. L. PRODUTIVIDADE DE SOJA EM FUNÇÃO DA CULTURA ANTECESSORA E DO MANEJO DO SOLO. Revista Cultivando o Saber, Edição Especial, p. 76 – 87. 2015. Disponível em: < https://www.fag.edu.br/upload/revista/cultivando_o_saber/566ec45220767.pdf >, acesso em: 17/08/2021.
KANEKO, F. H. et al. DOSES DE GESSO E DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DA SOJA EM LATOSSOLO VERMELHO ARGILOSO EM REGIÃO DE CERRADO. Revista Agrarian, v.8, n.29, p.253-259, Dourados, 2015. Disponível em: < https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/agrarian/article/download/2613/2669 >, acesso em: 17/08/2021.
SOUSA, D. M. G.; LOBATO, E.; REIN, T. A. USO DE GESSO AGRÍCOLA NOS SOLOS DO CERRADO. Embrapa, Circular Técnica, n. 32, 2005. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/568533/1/cirtec32.pdf >, acesso em: 17/08/2021.
ZANDONÁ, R. R. et al. GESSO E CALCÁRIO AUMENTAM A PRODUTIVIDADE E AMENIZAM O EFEITO DO DÉFICIT HÍDRICO EM MILHO E SOJA. Pesq. Agropec. Trop., Goiânia, v. 45, n. 2, p. 128-137, abr./jun. 2015. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pat/a/4vGjxbpFzvRSZwVGKSGxqTN/?lang=pt&format=pdf >, acesso em: 17/08/2021.
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