A cultura do Trigo (Triticum aestivum), exerce grande importância desde os primórdios, servindo como alimento para animais e humanos. Atualmente é uma das opções mais utilizadas pelos produtores da Região Sul do Brasil durante o período de inverno, sendo uma ótima opção de renda para os produtores durante este período.
O Brasil é um grande exportador e importador de trigo, para a safra de 2022 estima-se uma área cultivada de cerca de 3.029,9 mil de hectares e uma produção de 9.365,9 mil de toneladas, valor este 22% maior que a safra anterior (CONAB, 2022). Contudo, para aumentar a produtividade e atingir a produção estimada do grão, em quantidade e qualidade é preciso aumentar a cautela e os manejos com a cultura, pois, além dos riscos climáticos, dependendo das condições ambientais pode se ter perdas significativas de produtividade devido às doenças que acarretam a cultura, entre essas, podem ser citadas e destacadas as principais doenças: Giberela, Oídio, Ferrugens e Mancha amarela.
A giberela causada pelo fungo Gibberella zeae (Fusarium graminearum), “é uma das doenças fúngicas mais destrutivas da cultura do trigo e de ocorrência generalizada no mundo” (SANTANA et al., 2020). Em condições de temperaturas, entre 24°C e 30°C, com incidência de alta umidade relativa do ar ou até mesmo, períodos prolongados de chuvas e vários dias com 48h de molhamento foliar a partir do espigamento até o final do ciclo da cultura, pode potencializar o aparecimento da doença, e essa “pode causar redução no rendimento de grãos de até 30%. Além disso, a presença do fungo em grãos ou derivados pode indicar a presença de micotoxinas” (AMORIM et al., 2016).
As principais fontes de inóculo do fungo Gibberella zeae, são os restos culturais e sementes (AMORIM et al., 2016). A disseminação do patógeno, ocorre a curtas distâncias por conídios transportados por respingos de chuva e a longas distâncias através de ascósporos transportados pelo vento, que atingem os sítios de infecção, constituídos pelas anteras do trigo (AMORIM et al., 2016).
Os sintomas da doença aparecem na espiga do trigo onde as espiguetas ficam despigmentadas com coloração esbranquiçada ou cor de palha, o que pode muitas vezes ser confundidos com a doença brusone que ataca toda a parte superior da espiga a partir do ponto de infecção. Já a giberela são espiguetas específicas despigmentadas e a espiga afetadas apresenta coloração escura na região da ráquis onde as espiguetas são sadias (EMBRAPA TRIGO, 2004).
Figura 1: Sintomas de giberela em espiga de trigo.Fonte: Danelli; Zoldan; Reis. apud Maurício Siqueira do Santos (2020).
Os grãos atacados por giberela diferem dos grãos sadios por apresentarem consistência de grãos chochos, enrugados e de coloração branco-rosada a pardo-clara. O tamanho do grão apresenta diminuição conforme o estádio de desenvolvimento que a giberela ataca a cultura.
A giberela é uma doença de difícil controle, tendo sua incidência e intensidade dependente de condições ambientais favoráveis. Para o manejo dessa doença, é de extrema importância a utilização de manejos integrados com diferentes técnicas e estratégias, para que o alto investimento realizado pelo produtor seja convertido em qualidade do grão, produtividade e lucratividade.
De acordo com Santana et al. (2020), “as melhores estratégias de controle da giberela, empregadas de maneira integrada, são: o uso de cultivares com maior grau de resistência à doença; o manejo cultural com rotação de culturas, a realização de diferentes épocas e o escalonamento da semeadura; e o controle químico pela aplicação de fungicidas. O uso das estratégias isoladamente não é totalmente eficiente, principalmente quando as condições são altamente favoráveis ao desenvolvimento da doença”.
Para o controle químico recomenda-se a aplicação aérea, de fungicidas registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a cultura, juntamente com a utilização no pulverizador de bicos leque nos ângulos de 30-70°, sendo algumas das alternativas utilizadas triazóis e estrobilurinas (AMORIM et al., 2016).
Por: Alfredo Henrique Suptiz e Amanda M. Piva acadêmicos do curso de Agronomia da UFSM, campus Frederico Westphalen, membros do Programa de Educação Tutorial – PET Ciências Agrárias, sob acompanhamento do tutor, professor Dr. Claudir José Basso.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORIM, L. et al. Manual de Fitopatologia. Volume 2: Doenças em plantas cultivadas. 5ª edição. Ouro Fino – MG: Editora Agronômica Ceres Ltda, 2016.
CONAB. Acompanhamento da Safra Brasileira – Grãos – Safra 2021/22 12º Levantamento. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos. Acesso em: 26 Set. 2022.
EMBRAPA. Informações gerais sobre giberela em trigo e em cevada. 2004. Disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do40_2.htm#:~:text=graminearum.,verde%20normal%20de%20espiguetas%20sadias. Acesso em: 26 Set. 2022.
SANTANA, F. M.; LAU, D.; SBALCHEIRO, C. C.; SCHIPANSKI, C. A.; VENANCIO, W. S.; DALLAGNOL, L. J.; GUTERRES, C. W.; JUNIOR, P. R. K.; CHAGAS, D. F.). Eficiência de fungicidas para controle de giberela do trigo: resultados dos Ensaios Cooperativos – Safra 2018. Passo Fundo, RS: Embrapa Trigo, 2020. (Embrapa Trigo. Circular Técnica 52). Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/215108/1/CirTec52-Flavio.pdf. Acesso em: 19 Set. 2022.