Estabelecer a lavoura “no limpo” é uma das principais estratégias para reduzir a matocompetição nas fases iniciais do cultivo, favorecendo o bom arranque e o desenvolvimento uniforme da cultura no campo. No entanto, em áreas com alta infestação de plantas daninhas, especialmente sob o sistema de plantio direto, o uso de herbicidas pré-emergentes torna-se fundamental para reduzir a infestação inicial e permitir que a cultura tenha vantagem competitiva.

Os herbicidas pré-emergentes atuam principalmente sobre o banco de sementes do solo, afetando sementes que estão iniciando o processo de germinação. Ao inviabilizarem essa germinação, esses produtos reduzem os fluxos iniciais de emergência de plantas daninhas, contribuindo para um ambiente mais limpo e menos competitivo durante as fases iniciais do desenvolvimento da cultura agrícola.

Além disso, os herbicidas pré-emergentes contribuem para a redução da pressão de controle de plantas daninhas na pós-emergência da soja, favorecendo o controle de espécies dificilmente controlada por herbicidas pós-emergentes seletivos. No entanto, para resultados satisfatórios,  o emprego dos herbicidas pré-emergentes deve seguir alguns critérios.

Dentro dos critérios que exercem influência sobre o uso de herbicidas pré-emergentes, destacam-se as características do solo, o espectro de plantas daninhas presentes na área e as propriedades físico-químicas do produto. Para otimizar a eficiência desses herbicidas, é fundamental compreender a dinâmica do solo, considerando seus atributos físicos e características organominerais como o teor de argila, os níveis de matéria orgânica, o grau de compactação, a presença ou ausência de palhada e outras características relevantes. Esses fatores interagem com o herbicida, podendo potencializar ou limitar sua ação, o que impacta diretamente na eficácia do controle das plantas daninhas.

Além dos aspectos físicos, atributos biológicos e químicos do solo, bem como as condições ambientais, também influenciam o desempenho dos herbicidas no ambiente. A capacidade de adsorção dos herbicidas, por exemplo, está associada ao teor de argila, à textura do solo, à capacidade de troca de cátions (CTC) e à presença de palhada. Esses elementos afetam o grau de retenção do herbicida pelas partículas do solo, interferindo na sua mobilidade, disponibilidade e persistência. A palhada, em particular, pode atuar como uma barreira física à deposição do herbicida no solo, reduzindo sua chegada à camada ativa e comprometendo sua ação sobre a sementeira.



As condições ambientais no momento da aplicação exercem influência direta sobre o desempenho dos herbicidas pré-emergentes. A presença de umidade no solo é essencial para que o produto entre em solução e atue de forma eficaz sobre o banco de sementes das plantas daninhas. Sem água, o herbicida permanece indisponível na matriz do solo, o que compromete sua eficácia sobre a sementeira.

Não menos importante, deve-se atentar para o efeito residual (residualidade) dos herbicidas pré-emergentes. O efeito prolongado dos herbicidas no solo, fenômeno conhecido como carryover, pode prejudicar ou até mesmo limitar o estabelecimento de culturas sucessoras no campo. O carryover consiste na persistência do produto em níveis que podem prejudicar o desenvolvimento de culturas subsequentes.

Outros critérios também devem ser considerados na escolha do herbicida pré-emergente, como a seletividade do produto à cultura e o espectro de controle sobre as espécies de plantas daninhas presentes. Visando um maior espectro no controle de plantas daninhas, novas formulações de herbicidas pré-emergentes tem preconizado a associação de princípios ativos, com dois ou mais ingredientes ativos em um único herbicida residual.

Apesar das múltiplas variáveis envolvidas, quando corretamente posicionados e manejados, os herbicidas pré-emergentes são ferramentas estratégicas no manejo integrado de plantas daninhas, contribuindo significativamente para a redução da matocompetição nas fases iniciais do cultivo.

Confira abaixo o primeiro episódio da série Controle Absoluto, em que o Professor e Pesquisador Mauro Rizzardi aborda a importância dos pré-emergentes.

 

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