A adição de bactérias fixadoras de nitrogênio nas sementes de soja resulta em economia com fertilizantes nitrogenados e ainda promove ganhos de rendimento na lavoura. A prática se torna ainda mais importante com a redução das chuvas na época de semeadura, quando diminui a atividade biológica do solo e a disponibilidade de nutrientes. Saiba mais sobre a tecnologia conhecida como inoculação e coinoculação em soja.
Pesquisadores da Embrapa identificaram bactérias que são benéficas para a cultura da soja, capazes de disponibilizar nitrogênio e promover o crescimento do sistema radicular das plantas, dando melhores condições para a absorção de água e nutrientes. “As bactérias já existem no solo. Com a inoculação nós garantimos uma maior densidade destas bactérias de interesse com uma população capaz de trazer benefícios para soja”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo José Pereira da Silva Junior.
As bactérias de Bradyrhizobium são usadas na elaboração dos inoculantes que fazem a fixação biológica de nitrogênio. Elas captam nitrogênio do ar e transformam em compostos que a planta consegue absorver. A concentração desta simbiose pode ser vista nas raízes pela presença dos nódulos. “A inoculação permite a formação mais precoce da nodulação, consequentemente, maior disponibilidade de nitrogênio para o desenvolvimento da planta”, conta Pereira.
Segundo o pesquisador, o inoculante pode aportar mais de 300 quilos de nitrogênio por hectare (kg de N/ha) para a soja, com um custo até 95% menor em comparação ao fertilizante nitrogenado. Em média, a ureia chega a custar 500 reais por hectare, enquanto o preço do inoculante varia de 8 a 15 reais por hectare.
“A bactéria faz o trabalho do fertilizante mineral, substitui quase toda a ureia. Com a inoculação, recomenda-se aplicar apenas 30 kg de N/ha”, conclui. O ganho médio da inoculação anual da soja com bactérias Bradyrhizobium em áreas tradicionais de cultivo é de 8%.
O avanço no conhecimento dos microrganismos do solo permitiu o uso de uma segunda bactéria na soja: a Azospirillum brasilense atua no desenvolvimento radicular da planta, reduzindo perdas em situações de estresse hídrico. A soma das duas bactérias – Bradyrhizobium e Azospirillum brasilense forma o processo chamado de coinoculação, que pode resultar no incremento médio de 16% no rendimento da soja.
Cuidados no processo
Diferente do adubo mineral, o inoculante contém organismos vivos, que tem prazo de validade, pouca tolerância ao sol e podem perder o efeito quando associados a alguns fungicidas e inseticidas.
Conforme a Embrapa, a inoculação deverá ser o último processo no tratamento de sementes, pois a eficiência das bactérias expostas ao calor reduz já nas primeiras horas após o contato.
A orientação é aplicar o inoculante, granulado ou líquido, direto nas sementes, no máximo, dois dias antes da semeadura, preservando essa mistura na sombra para evitar ressecamento das bactérias. Outra forma é aplicar o inoculante diretamente no sulco da semeadura, mas nesse caso há a desvantagem da necessidade de multiplicar a dose por seis, elevando o custo final. Além disso, é necessário adicionar água ao inoculante.
O pesquisador da Embrapa Soja Marco Antonio Nogueira alerta para os riscos de inocular a soja diretamente na caixa da semeadora: “Além da bactéria não fazer a completa aderência na semente, a movimentação da máquina pode sedimentar o inoculante comprometendo os resultados”.
A umidade do solo na semeadura também é fundamental para o sucesso da inoculação. A emergência das sementes depende da umidade e as bactérias precisam que a planta emita as raízes para começarem a agir.
Conheça as boas práticas na inoculação da soja assistindo a entrevista com o pesquisador da Embrapa Soja Marco Antonio Nogueira.
Fonte: Embrapa