A inoculação da soja com bactérias do gênero Bradyrhizobium é essencial para promover um bom processo de fixação biológica de nitrogênio (FBN) na cultura, a fim de suprir a demanda de nitrogênio da soja. Segundo Gitti (2015), a FBN eficiente pode fornecer todo o nitrogênio necessário para produtividades médias de soja de até 3.600 kg.ha-1.
Tendo em vista a economia em fertilizantes nitrogenados trazida pela inoculação e a importante contribuição da prática para a sustentabilidade e rentabilidade da cultura da soja, realizar uma boa inoculação de sementes é fundamental para o sucesso produtivo da lavoura.
Atualmente existem formulações de inoculantes líquidos e turfosos para uso na inoculação de sementes de soja. Ambos apresentam algumas características comuns, como a necessidade em ser armazenados em condições adequadas de temperatura visando preservar a viabilidade das bactérias, entretanto, operacionalmente trabalhar com inoculantes líquidos e turfosos difere em alguns quesitos, requerendo alguns cuidados básicos para garantir a eficiência da inoculação.
Inoculantes líquidos
Ao trabalhar com inoculantes líquidos, não se recomenda a adição do inoculante diretamente na caixa de semeadura. A uniformidade com que o inoculante recobre as sementes é de suma importância para a eficiência do processo de inoculação.
Existe a possibilidade da aquisição das sementes já inoculadas, entretanto, nesse caso, deve-se atentar para o tempo de armazenamento das sementes após a inoculação. Embora novas tecnológicas como polímeros e protetores permitam uma maior longevidade das bactérias adicionadas via inoculante nas sementes de soja, o ideal é que a semeadura ocorra no mesmo dia da inoculação das sementes.
Quando realizada a inoculação a nível de propriedade, não se deve fazer o “sopão” com inoculante e agroquímicos destinados ao tratamento das sementes. Recomenda-se a aplicação de agroquímicos no tratamento de sementes em uma operação, que se espere as sementes secarem (de preferência à sombra) e após, aplique-se o inoculante em outra operação (secagem à sombra).
Inoculantes turfosos
Os inoculantes turfosos promovem maior versatilidade para uso, entretanto, é necessário maior cautela com o uso deles, visando uma adequada inoculação das sementes de soja. Como para a inoculação com inoculantes líquidos, na inoculação com inoculantes turfosos a cobertura e uniformidade do inoculante nas sementes é de suma importância.
Em virtude da facilidade de manipulação dos inoculantes turfoso, é comum observar a nível de campo a chamada “inoculação na caixa de sementes da semeadora”, onde se abastece o deposito de sementes da semeadora e posteriormente se aplica o inoculante por cima delas. Entretanto, essa prática não é recomendada em virtude da baixa eficiência de inoculação.
A explicação é simples, quando realizada a inoculação na caixa de semeadura com inoculante turfoso sem o uso de substâncias adesivas, com a movimentação da semeadora, o inoculantes turfoso tende a descer para a base da caixa de sementes, sendo distribuído em maiores quantidades nas primeiras passadas da semeadora, ficando restrito às sementes localizadas na parte de baixo da caixa de sementes. Logo, as sementes posicionadas na parte superior da caixa de sementes, recebem muito pouco inoculante ou até mesmo não o recebem.
Figura 1. Inoculação de sementes de soja utilizando inoculante turfoso e solução adesiva (a esquerda). Inoculação de sementes utilizando inoculante turfoso, simulando a inoculação direto na caixa de sementes da semeadora, sem o uso de substâncias adesivas (a direita).

Uma maneira simples de proporcionar boa cobertura e adesão das sementes de soja com inoculantes turfoso é o uso de substâncias adesivas. Embora comercialmente haja uma gama de produtos com essa finalidade, a solução açucarada (água + açúcar) a 10% cumpre bem o papel de proporcionar adesão do inoculante com as sementes.
Para isso, recomenda-se o umedecimento das sementes com a solução açucarada antes da adição do inoculante turfoso. O preparo da solução consiste na adição de 100 g de açúcar para cada 1 litro de água utilizado, ou seja, 10 %. Mas atenção, o volume total de líquidos adicionados às sementes, considerando inoculantes e agroquímicos não pode ser superior a 300 ml para cada 50 kg de sementes. Logo, recomenda-se o umedecimento das sementes já tratadas com 300 ml da solução açucarada a cada 50 kg de sementes.
Independente da forma de inoculante utilizado, seja ele líquido ou turfoso, a semeadura deve ocorrer preferencialmente no mesmo dia da inoculação. Conforme destacado por Prando et al. (2019), a inoculação da soja pode promover incremento de produtividade de até 8 % em comparação a soja não inoculado, logo, o processo de inoculação das sementes deve ser realizado corretamente para o aumento da produtividade e sustentabilidade da soja.
Referências:
GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2014/2015, 2015. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/209/209/newarchive-209.pdf >, acesso em: 02/09/2021.
PRANDO, A. M. et al. COINOCULAÇÃO DA SOJA COM Bradyrhizobium E Azospirillum NA SAFRA 2018/2019 NO PARANÁ. Embrapa, Circular Técnica, n. 156, 2019. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1117312/1/Circtec156.pdf >, acesso em: 02/09/2021.
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