O trigo é uma das principais culturas de inverno, integrando o sistema de rotação de culturas, principalmente nas regiões Sul do Brasil. Segundo Carneiro (2003), quando atinge a maturidade fisiológica, o trigo apresenta certa de 40% de água em seus grãos. O conteúdo de água nas sementes é fundamental para a manutenção de processos metabólicos, entretanto, elevadas umidades podem desencadear deterioração das sementes resultando em perdas de produtividade e qualidade do trigo.

Sendo assim, é extremamente importante a determinação da umidade dos grãos para definir o momento de colheita. Com o objetivo de avaliar perdas quantitativas e qualitativas dos grãos de trigo em decorrência da umidade dos grãos no momento da colheita, Figueiredo et al. (2013) realizaram o trabalho intitulado “Influência da umidade de grãos de trigo sobre as perdas qualitativas e quantitativas durante a colheita mecanizada”. Confira o trabalho completo clicando aqui!

Os tratamentos avaliados pelos autores consistiam em diferentes umidades dos grãos de trigo, sendo elas: 13,2; 16,3; 18,4; 20,5 e 23,4%. As perdas quantitativas avaliadas pelos autores consistiam em perdas pré-colheita, perdas na plataforma de corte, perdas nos mecanismos internos da colhedora e perda total. Já com relação as perdas qualitativas, os autores avaliaram a porcentagem de grãos quebrados e amassados.

Segundo Figueiredo et al. (2013), o experimento foi realizado no ano de 2010, em Ivaiporã, no estado do Paraná em uma lavoura comercial de trigo, cultivar CODETEC – 104. Os autores destacam que todos os tratamento foram colhidos com a mesma regulagem da colhedora, com rotação do cilindro côncavo de 950 rpm e folga entre o cilindro e côncavo de entrada e saída de respectivamente 15 x 8mm.



Embora Portela (2007) tenha observado uma relação direta da perda em pré-colheita com o aumento da umidade dos grãos, para o presente estudo nas condições avaliadas pelos autores, Figueiredo et al. (2013) observaram que as menores perdas em pré-colheita na cultura do trigo se deram com umidade dos grãos a aproximadamente 18%. Os autores atribuem o fato ao menor desperdício dos grãos pela debulha. Entretanto, para perdas de plataforma de corte, mecanismos internos da colhedora e perda total os autores observaram que o aumento da umidade dos grãos proporciona aumento das perdas (figura 1).

Fonte: Figueiredo et al. (2013).

Figura 1. Perdas de produtividade do trigo observadas em diferentes momentos (pré e pós colheita) influência de diferentes umidades dos grãos.

A medida em que houve a antecipação da colheita (maiores umidades de grãos), maiores perdas foram observadas. Os autores destacam que perdas de 98,47 kg.ha-1 foram observadas no mecanismo interno da colhedora quando realizada a colheita com umidade de 23,4%. Com relação as perdas totais os autores observaram que menores perdas foram obtidas quando o trigo foi colhido com aproximadamente 13% de umidade, o que corrobora as recomendações da Embrapa para a colheita do trigo de que a umidade ideal para diminuir perdas de colheita é 13%.



Com relação aos aspectos qualitativos, Figueiredo et al. (2013) observaram que o menor número de grãos quebrados ou amassado ocorreu para as condições do estudo, quando o trigo foi colhido com umidade por volta de 16%.

Embora a determinação da umidade seja ideal para diminuir perdas de colheita do trigo, a uniformidade da lavoura também pode levar a perdas consideráveis de colheita. Isso por que dificilmente uma cultivar de trigo por mais melhorada geneticamente que seja consegue total uniformidade da maturação fisiológica. Distintas condições fisiológicas, de ambiente e até mesmo manejo fazem com que de certa forma algumas plantas não alcancem a maturação fisiológica ao mesmo tempo que outras.

Sendo assim, a determinação da umidade do trigo para colheita é dificultada. Entretanto, práticas de manejo como a dessecação em pré-colheita do trigo auxiliam a uniformizar a lavoura para a colheita, proporcionando condições mais favoráveis á minimização de perdas. Contudo, é preciso definir o período correto para dessecação, assim como o produto a ser utilizado. Atualmente apenas a molécula do Glufosinato está registrada para a dessecação do trigo.


Veja também: Quando realizar a dessecação do trigo?


Referências:

CARNEIRO, L. M. T. A. ANTECIPAÇÃO DA COLHEITA, SECAGEM E ARMAZENAGEM NA MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE GRÃOS E SEMENTES DE TRIGO COMUM E DURO. Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Agrícola, 2003.

EMBRAPA. CULTIVO DO TRIGO. Sistema de Produção Embrapa, disponível em: <https://www.spo.cnptia.embrapa.br/conteudo?p_p_id=conteudoportlet_WAR_sistemasdeproducaolf6_1ga1ceportlet&p_p_lifecycle=0&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&p_r_p_-76293187_sistemaProducaoId=3704&p_r_p_-996514994_topicoId=1316#:~:text=O%20teor%20de%20umidade%20indicado,deve%20ser%20submetido%20%C3%A0%20secagem.>, acesso em: 06/08/2020.

FIGUEIREDO, A. S. T. et al. INFLUÊNCIA DA UMIDADE DE GRÃOS DE TRIGO SOBRE AS PERDAS QUALITATIVAS E QUANTITATIVAS DURANTE A COLHEITA MECANIZADA.  Ambiência Guarapuava (PR) v.9 n.2 p. 349 – 357, 2013.

PORTELA, J. A. INFLUÊNCIA DO PONTO DE COLHEITA NAS PERDAS DE GRÃOS DE TRIGO. Embrapa Trigo, Circular Técnica, n.7, 2002.

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