Ao longo do ciclo de desenvolvimento do trigo, diversas doenças fúngicas causadoras de manchas podem incidir sobre a cultura, de forma isolada ou conjunta, causando perdas significativas da produção. Dentre as principais manchas que acometem o trigo, destacam-se a Pyrenophora tritici-repentis (mancha-amarela), Cochliobolus sativus (mancha-marrom) e Parastagonospora nodorum (mancha da gluma).

As manchas foliares podem afetar o trigo em diversos estádios do desenvolvimento, com maior incidência entre a fase de elongação e o final do florescimento da cultura. Os danos variam de acordo com o tipo de mancha, estádio em que acometem o trigo e severidade.

Figura 1. Período de maior probabilidade de ocorrência de doenças em trigo.

Para as doenças que possuem o limiar de dano econômico (LDE) estabelecido, este critério de aplicação deve ser utilizado. Atualmente, existe LDE disponível para oídio, ferrugem da folha e mancha amarela, devendo a aplicação ser efetuada quando a incidência foliar, a partir do estádio de alongamento, atingir o limiar de ação (LA) (Joris et al., 2022).

Para tanto, deve-se acompanhar e monitorar a evolução das doenças no trigo, dando preferência para o posicionamento de fungicidas de maior eficiência no controle das manchas foliares.

Figura 2. Escala de severidade de sintomas de manchas foliares em trigo, adaptada de Lamari e Bernier (1989).
1 = Pequenos pontos escuros (2%); 2 = Pequenos pontos escuros, pouca clorose ou necrose (5%); 3 = Pequenas manchas com evidentes anéis de clorose/necrose (10%); 4 = Manchas com evidentes anéis de clorose/necrose, algumas coalescendo (20%); 5 = Diversas manchas de clorose/necrose coalescentes (60%) Fonte: Santana et al. (2021)

Analisando a eficiência de fungicidas para o controle de manchas foliares em trigo, por meio de uma rede de ensaios cooperativos conduzidos na safra 2024, Ferreira et al. (2025) observaram que, todos os fungicidas testados (tabela 1), nas condições dos ensaios, demonstraram eficácia no controle de manchas foliares no trigo, com destaque para o produto contendo propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem (Miravis Aeon).

Tabela 1. Descrição dos tratamentos fungicidas utilizados nos ensaios da Rede de Ensaios Cooperativos do Trigo para controle de manchas foliares, na safra 2024.
Fonte: Ferreira et al. (2025)

Para compor os ensaios, foram realizadas três aplicações de fungicidas, sendo a primeira no estádio 31 (primeiro nó visível e segundo nó perceptível — alongamento), a segunda no estádio 49 (folha bandeira totalmente expandida — fim do emborrachamento), e a terceira no estádio 55 (com 25% de florescimento), pela escala de Zadoks et al. (1974), respeitando-se intervalo de, no mínimo, 12 dias e, no máximo, 18 dias (Ferreira et al., 2025).

Com base nos resultados obtidos por Ferreira et al. (2025), a análise das parcelas com e sem fungicidas, apontou que todos os fungicidas testados foram capazes de reduzir a severidade de manchas foliares no trigo, com valores variando de 3,7% para o tratamento à base de propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem (T8) a 8,4% no controle para comparação (T2 – trifloxistrobina + tebuconazol) e comparação ao controle negativo sem aplicação de fungicidas (T1) com 18,9% de severidade.

A eficácia dos fungicidas oscilou entre 55,6% (T2) e 80,5% (T8, propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem). Entre os fungicidas avaliados, o tratamento T7 à base de pidiflumetofem e azoxistrobina + ciproconazol, e o T8, à base de propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem, foram os mais eficazes no controle da doença, superando significativamente todos os outros tratamentos, exceto o tratamento T6, composto por epoxiconazol + cresoxim-metílico e piraclostrobina + epoxiconazol (Ferreira et al., 2025).

Tabela 2. Médias, agrupamentos, intervalos de confiança e eficiência de controle para severidade de manchas foliares em trigo, estimados para diferentes tratamentos fungicidas. Dados sumarizados de 14 ensaios da Rede de Ensaios Cooperativos do Trigo para controle de manchas foliares, safra 2024.
Fonte: Ferreira et al. (2025)

O rendimento do trigo também foi afetado pelo posicionamento dos fungicidas. Nas condições do presente estudo, o tratamento menos produtivo (controle negativo – sem aplicação de fungicidas) resultou em uma produtividade média de 2.100 kg ha⁻¹, valor significativamente inferior ao observado nas parcelas tratadas com fungicidas, cujo rendimento variou entre 2.546 kg ha⁻¹, no tratamento T2, e 2.898 kg ha⁻¹ no tratamento T3, resultando em incrementos de produtividade que variaram de 440 a 792 kg ha⁻¹  (Ferreira et al., 2025).

Tabela 3. Médias, agrupamentos, intervalos de confiança e diferença relativa para rendimento de grãos de trigo estimados para diferentes tratamentos fungicidas. Dados sumarizados de 14 ensaios da Rede de Ensaios Cooperativos do Trigo para controle de manchas foliares, safra 2024.
Fonte: Ferreira et al. (2025)

Nesse contexto, fica evidente a necessidade do uso dos fungicidas e adequado posicionamento deles no trigo, para reduzir a severidade das manchas foliares na cultura e o impacto na produtividade da lavoura.

Confira o estudo completo sobre a eficiência de fungicidas para manchas foliares do trigo na Rede de Ensaios Cooperativos, safra 2024, clicando aqui!



Referências:

FERREIRA, A. et al. EFICIENCIA DE FUNGICIDAS PARA MANCHAS FOLIARES DO TRIGO NA REDE DE ENSAIOS COOPERATIVOS, SAFRA  2024. Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 128, Embrapa Trigo, 2025. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1174971/1/BPD-128-online.pdf >, acesso em: 10/06/2025.

JORIS, H. A. W. et al. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE: SAFRA 2022. Fundação ABC & Biotrigo Genética, 14° Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, 2022. Disponível em: < https://www.conferencebr.com/conteudo/arquivo/informacoes-tecnicas-para-trigo-e-triticale–safra-2022-1649081250.pdf >, acesso em: 10/06/2025.

SANTANA, F. M. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE MANCHAS FOLIARES D-O TRIGO: RESULTADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS – SAFRA 2018-2019. Embrapa, circular técnica, 64. Passo Fundo – RS, 2021. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/224433/1/CircTec-64-o.pdf >, acesso em: 10/06/2025.

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