Pragas desfolhadoras como lagartas podem incidir sobre a cultura da soja, tendo como principal dano, a redução da área fotossintéticamente ativa da planta, e consequentemente, redução da produção de fotoassimilados e acumulo deles nos grãos, refletindo em reduções de produtividade. Embora o uso de inseticidas seja comum no manejo de lagartas na soja, a resistência de algumas espécies dificulta o controle eficiente das pragas.
Ainda que o uso de biotecnologias como a soja Bt possibilite o controle de grande parte das lagartas que acometem a cultura, casos de resistência das pragas e essa biotecnologia, associados à sua utilização inadequada, tem contribuído significativamente para a manutenção de populações de insetos na cultura da soja.
Dentre essas pragas, Adeney Bueno – Pesquisador Embrapa Soja, destaca haver relatos de dificuldades de controle da tecnologia Bt a lagarta falsa-medideira (Rachiplusia nu) e a broca das axilas (Crocidosema aporema).
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Figura 1. Lagarta falsa-medideira (Rachiplusia nu).

Figura 2. Broca das axilas (Crocidosema aporema).

Bueno destaca que a resistência desses insetos a soja Bt, mais especificamente ao gene Cry1AC tem ocorrido principalmente em função da baixa adoção de áreas de refúgio. Além disso, a utilização inadequada de inseticidas na soja Bt tem contribuído para a seleção de indivíduos resistentes a eles, principalmente pela elevada pressão de seleção quando utilizados inseticidas abaixo do nível de ação pré-estabelecido para a cultura.
Se tratando da lagarta falsa-medideira (Rachiplusia nu), os níveis de ação pré-estabelecidos são de 30% de desfolha durante o período vegetativo da soja e de 15% durante o período reprodutivo. Já para a broca das axilas (Crocidosema aporema), conforme destacado por Adeney, resultados de pesquisa demonstram que o nível de ação para o controle varia de acordo com o grau de infestação da praga na lavoura, sendo sugerido o controle quando atingidas infestações de 30 a 40% na lavoura.
Figura 3. Níveis de ação para as principais pragas da cultura da soja nos estádios vegetativos e reprodutivos. Os níveis foram estabelecidos com o número de insetos por metro de linha da cultura.

Como característica da broca das axilas, Sosa-Gómez et al. (2014), destacam que a larva possui o hábito de penetrar no caule, através das axilas dos brotos terminais, formando um cartucho pela união dos folíolos com fios de seda (figura 4). Posteriormente, a praga cava galerias no caule da praga, prejudicando seu desenvolvimento ou até mesmo causando a morte da planta.
Figura 4. Sintoma típico da ocorrência da broca das axilas. Formação de cartucho pela união dos folíolos com fios de seda.

Confira o vídeo abaixo com as dicas e contribuições do Pesquisador da Embrapa Soja, Adeney Bueno.
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Referências:
GRIGOLLI, J. F. J.; GRIGOLLI, M. M. K. PRAGAS DA SOJA E SEU CONTROLE. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2017/2018, 2018. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/302/302/5bf01ceb5604523cfade5dc9c1b5d3f79c522dd4360d2_05-pragas-da-soja-e-controle-somente-leitura.pdf >, acesso em: 21/12/2021.
SOSA-GÓMEZ, D. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Documentos, n. 269, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105924/1/Doc269-OL.pdf >, acesso em: 21/12/2021.