Nas últimas safras, tem-se notado o crescimento de populações infetantes de caruru em lavouras de soja. Conhecidas como caruru, as plantas do gênero Amaranthus apresentam grande habilidade competitiva, podendo em algumas situações, causar perdas de produtividade superiores a 79% em soja, dependendo da espécie e densidade populacional infestante (Gazziero & Silva, 2017).

As plantas apresentam rápido crescimento, rápido desenvolvimento e elevada produção de sementes, podendo uma planta produzir até 600 mil sementes durante seu ciclo de desenvolvimento (Penckowsk et al., 2020). As sementes são dispersas normalmente por máquinas e implementos agrícolas, podendo facilmente ser disseminadas em distintas áreas de produção caso as devidas medidas de prevenção como a limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas não sejam realizadas.

Dificultando ainda mais o controle dessa planta daninha, o caruru apresenta diversos fluxos de emergência ao longo do ciclo de desenvolvimento da soja, limitando a assertividade do momento ideal para controle em pós-emergência, o qual deve ser realizado preferencialmente quando a planta apresentar de 2 a 3 folhas (figura 1). Além disso, é conhecido que algumas populações de caruru apresentam resistência e herbicidas, fato que limita a eficiência de controle do caruru em pós-emergência. Sendo assim, medidas complementares devem ser adotadas a fim de melhorar o controle do caruru, evitando grandes perdas de produtividade em função da matocompetição.

Figura 1. Estádio limite recomendado para o controle em pós-emergência do caruru.

Uma das estratégias para o controle eficiente do caruru é a boa cobertura do solo. Por apresentar sementes consideradas fotoblásticas positivas, o caruru necessidade de luz para germinar. Sendo assim, além de condições adequadas de temperatura e umidade, para que a maior parte das sementes de caruru presentes no banco de sementes no solo germinem, é necessário a presença de luz. Conforme observado por Carvalho & Christoffoleti (2007), a ausência de luz reduz significativamente a germinação de sementes de diversas espécies de caruru, sendo assim, a boa cobertura do solo com palhada residual é uma interessante ferramenta para integrar o manejo do caruru.



Tabela 1. Influência da luz (fotoperíodo de 8 horas de luz/16 horas de escuro) e da temperatura na germinação (%) de cinco espécies de plantas daninhas do gênero Amaranthus, avaliada aos 14 DAS.

Fonte: Carvalho & Christoffoleti (2007)

Tendo em vista a importância da boa cobertura do solo no manejo e controle do caruru, o manejo dessa planta daninha tem início ainda nas culturas de inverno que antecedem a soja, pela escolha e posicionamento delas. Além de seguir o esquema de rotação de culturas, principalmente se tratando de áreas com histórico de infestação de caruru, é importante optar pelo cultivo de plantas de cobertura ou culturas agrícolas que proporcionem boa e persistente cobertura do solo, reduzindo posteriormente, os fluxos de emergência do caruru durante o ciclo de desenvolvimento da soja.

Essa medida, compreende uma estratégia de prevenção a infestações de caruru mais “barata”, uma vez que as culturas de inverno podem inclusive proporcionar retorno econômico, entretanto, deve ser utilizada em conjunto ao controle químico, bem como o uso de sementes certificadas, a limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas, e a quarentena de animais oriundos de outras áreas de cultivo (no caso da integração lavoura-pecuária).


Veja mais: Casos de resistência do caruru a herbicidas – Confira um panorama geral


Referências:

CARVALHO, S. J. P; CHRISTOFFOLETI, P. J. INFLUÊNCIA DA LUZ E DA TEMPERATURA NA GERMINAÇÃO DE CINCO ESPÉCIES DE PLANTAS DANINHAS DO GÊNERO Amaranthus. Bragantia, Campinas, v.66, n.4, p.527-533, 2007. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/brag/a/SzLdWpwXzWSsdSJKLjWsfHN/?lang=pt >, acesso em: 21/06/2022.

GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇÃO E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/159778/1/Doc-384-OL.pdf >, acesso em: 21/06/2022.

PENCKOWSK, L. H. et al. ALERTA! CRESCE O NÚMERO DE LAVOURAS COM Amaranthus hybridus RESISTENTE AO HERBICIDA GLIFOSATO NO SUL DO BRASIL: O PRIMEIRO PASSO É SABER IDENTIFI CAR ESSA ESPÉCIE! Revista FABC – Abril/Maio 2020. Disponível em: < https://www.upherb.com.br/ebook/REVISTA-Fabc.pdf >, acesso em: 21/06/2022.

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