Na cultura do milho incidem pragas que atacam as plântulas, seccionando-as, o que acarreta diminuição da população de plantas nos cultivos. Também ocorrem pragas que danificam as folhas, os colmos, o pendão, as espigas e o sistema radicular das plantas estabelecidas nas lavouras. Entretanto pragas que atacam parte aérea são facilmente visualizadas, enquanto danos causados por pragas de hábito subterrâneo podem ser confundidos com deficiências nutricionais, incidência de doenças e adversidades climáticas.
Atualmente as pragas que causam danos expressivos nas lavouras de milhos no sul do Brasil são a lagarta-do-cartucho e algumas espécies de percevejos. Em cultivos de segunda safra, ou “safrinha”, a larva-alfinete: fase larval da “vaquinha” (Diabrotica speciosa) e a cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) podem também ocasionar perdas significativas nas lavouras. Para que a produtividade da cultura do milho não seja prejudicada faz-se necessária a aplicação de medidas de controle para que não ocorra dano econômico no cultivo.
O manejo integrado de pragas na cultura do milho traz benefícios ao produtor. Por levar em consideração os impactos sociais e ambientais, os benefícios e os custos, o manejo integrado de pragas (MIP) deve ser seguido na intervenção para o manejo das pragas do milho, pois fundamenta-se na biotecnologia das pragas e considera as interferências exercidas pelos inimigos naturais e pelos fatores ambientais sobre suas populações. No MIP não é recomendada a erradicação total dos insetos-praga da lavoura, pois o método preconiza que elas podem existir, porém, em níveis que não causem dano econômico, favorecendo assim, a sobrevivência e proliferação de inimigos naturais. A fim de evitar que a incidência de pragas atinja o nível de dano econômico, recomenda-se também que a população de pragas seja monitorada por amostragens, para adotar medidas de controle se necessário.
A adoção conjunta de algumas táticas pré-semeadura do milho, tais como: rotação de culturas, semeadura na época recomendada, escolha de híbridos, variedades resistentes ao ataque de pragas e realização do tratamento de sementes com uso de inseticidas sistêmicos, ajudam na prevenção das pragas pós-semeadura. Ainda assim quando existir a necessidade de aplicação de controle químico nas lavouras, o MIP estabelece que sejam aplicados agrotóxicos químicos seletivos, preferencialmente os que atuam na fisiologia das pragas, ou que tenham origem botânica ou biológica, sempre alternando o uso dos ingredientes ativos dos produtos usados.
A produtividade de lavouras com elevada população de lagarta-do-cartucho ou lagarta militar (Spodoptera frugiperda) pode ser reduzida em mais de 50%. Esta praga apresenta um ciclo biológico completo em período de aproximadamente 25 dias, que permite o desenvolvimento de várias gerações no ciclo da cultura do milho. Em relação aos danos causados, na fase de plântula e períodos iniciais de desenvolvimento do milho, as lagartas adultas seccionam a planta rente ao solo e podem, ainda, abrir galerias na base desta. Já as lagartas recém eclodidas raspam as folhas sem perfurar a epiderme da face inferior, o que provoca o sintoma de raspagem. Depois as larvas se alojam no “cartucho” da planta, onde alimentam-se de folhas, podendo também seccionar o pendão. A lagarta do cartucho pode atacar a base da espiga ou penetrar na mesma para se alimentar dos grãos antes que estes atinjam a maturação fisiológica. Por apresentar habito canibal normalmente sobrevive apenas uma lagarta por planta.
Figura 1: Danos causados por Spodoptera frugiperda.

Para esta lagarta, as técnicas de MIP recomendam a realização de vistorias semanais de até 60 dias depois da emergência das plântulas de milho, em 20 plantas e em cinco locais de cada talhão da lavoura. Em até 30 dias depois da emergência, quando 20 das plantas estiverem infestadas, a praga deve ser controlada. Dos 30 aos 60 dias após emergência deve-se realizar o controle quando 10 % das plantas estiverem infectadas.
Como medida de controle da lagarta do cartucho indica-se a realização de dessecação antecipada da cobertura vegetal existente na área a ser cultivada, aplicação de inseticidas em pré-semeadura do milho em áreas infestadas, uso de genótipo de milho Bt e tratar as sementes com inseticidas sistêmicos. Em caso de necessidade de aplicar inseticidas pós-emergente, ter preferência aos seletivos aos inimigos naturais como a tesourinha e algumas espécies de moscas e vespas que parasitam ovos de lagartas.
Dessa maneira, conhecer o ciclo biológico da Spodoptera frugiperda, buscar medidas preventivas e realizar o MIP são as formas eficientes para o controle desta lagarta na cultura do milho.
Texto: Patricia da Silva Gubiani – Bolsista do grupo PET Agronomia/UFSM.