A nutrição de plantas é essencial para a obtenção de boas produtividades de soja. Sejam macro ou micronutrientes, a deficiência de algum deles pode limitar a produtividade da cultura, mesmo que os demais nutrientes estejam disponíveis nas quantidades suficientes para suprir as exigências das plantas.

Além dos macronutrientes, tais como Nitrogênio, Fósforo e Potássio, os micronutrientes desempenham papel essencial no metabolismo e desenvolvimento vegetal, estando relacionados a boa produtividade da cultura. O incremento de micronutrientes na nutrição de plantas é utilizado especialmente em lavouras de alto nível tecnológico, servindo como ajuste fino da nutrição vegetal.

Por se tratar de nutrientes requeridos em pequenas quantidades pela soja, esses micronutrientes vêm sendo aplicados principalmente via foliar na cultura, sendo um desses micronutrientes essenciais, o Manganês (Mn). Conforme destacado por Taiz et al. (2017), o Manganês é requerido para a atividade de algumas desidrogenases, descarboxilases, quinases, oxidases e peroxidases. Envolvido com outras enzimas ativadas por cátions e na evolução fotossintética de O2.

Conforme Vitti & Trevisan (2000), para a produção de uma tonelada de grãos de soja são requeridos cerca de 30 g de Manganês. Embora seja uma quantidade relativamente pequena, a deficiência desse nutriente pode limitar a produtividade da soja.

Mas a soja responde a adubação de Manganês?

Uma das principais formas de avaliar os teores de micronutrientes em culturas agrícolas é por meio da análise foliar, embora alguns autores como Basso et al. (2011) tenham observado que o aumento do teor foliar de Mn não reflete em aumentou da produtividade de soja, a aplicação via foliar desse micronutriente visando o aumento de produtividade vêm sendo avaliada por distintos autores, bem como os estádios de aplicação.

O efeito da aplicação foliar de Mn na produtividade da cultura da soja foi avaliado por Pinto (2012), onde os autores submeteram diferentes cultivares de soja a adubação foliar com diferentes fontes de Mn em diferentes estádios e doses. Conforme os resultados observados por Pinto (2012), a adubação foliar com Mn proporciona incremento da produtividade da soja, sendo esse incremento crescente a medida em que há o aumento da dose e estádios de aplicação.

Tabela 1. Produção de grãos e concentrações de Mn na folha em função da aplicação de doses e fontes de Mn e diferentes cultivares de soja.

Adaptado: Pinto (2012)

Para compor os tratamentos os autores utilizaram 200 g ha-1 de Mn – uma aplicação com 30 dias após o plantio (DAP); 400 g ha-1 de Mn – duas aplicações de 200 g ha-1 de Mn (30 DAP + 45 DAP); e 600 g ha-1 de Mn – três aplicações de 200 g ha-1 de Mn (30 DAP + 45 DAP + 60 DAP, correspondendo aproximadamente, aos estádios de desenvolvimento V4, V6 e V9, respectivamente) (Pinto, 2012).

Contribuições da aplicação de Mn via foliar na produtividade da cultura da soja também foram observadas por Carvalho et al. (2015), entretanto, esses autores obtiveram produtividades máximas de soja com a utilização de 150 g. Mn. ha-1. Submetendo a soja a aplicação via foliar em R1 e R3, os autores observaram que maiores produtividades foram alcançadas quando realizada a aplicação foliar de Mn em R1 em comparação a aplicação em R3.

Ainda que requerido em pequenas quantidades, fica evidente a contribuição do Mn para a produtividade da soja, entretanto, cabe destacar que assim como para os demais micronutrientes, a adubação folias com Mn exerce caráter de ajuste fino, sendo que a deficiência de outros nutrientes pode implicar na redução da produtividade da soja mesmo que realizada a aplicação via foliar de Mn. Além disso, conforme destacado por Carvalho et al. (2015), a resposta da soja a adubação foliar de Mn pode estar relacionada ao genótipo, sendo que diferentes respostas podem ser observadas dependendo da cultivar empregada.

Para tanto, quando utilizada de forma correta, a aplicação de Mn via foliar pode ser uma interessante alternativa para maximizar a produtividade da soja, especialmente quando empregada antes de R3 conforme resultados aqui apresentados.


Veja mais: Yellow flashing – entendendo a relação entre o glifosato e o Manganês na soja


Referências:

BASSO, C. J. et al. APLICAÇÃO FOLIAR DE MANGANÊS EM SOJA TRANSGÊNICA TOLERANTE AO GLYPHOSATE. Ciência Rural, v.41, n.10, out, 2011. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/cr/v41n10/a14611cr4556.pdf >, acesso em: 21/04/2021.

CARVALHO, E. R. et al. DOSES E ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE MANGANÊS VIA FOLIAR NO CULTIVO DE SOJA CONVENCIONAL E EM DERIVADA TRANSGÊNICA RR. Biosci. J., Uberlândia, v. 31, n. 2, p. 352-361, Mar./Apr. 2015, Disponível em: < http://www.seer.ufu.br/index.php/biosciencejournal/article/view/22286/16110 >, acesso em: 21/04/2021.

PINTO, A. S. ADUBAÇÃO COM MANGANÊS EM SOJA. EFEITOS NO SOLO E NA PLANTA. Dissertação de Mestrado, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias– Unesp, Câmpus de Jaboticabal, 2012. Disponível em: < https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/88251/pinto_as_me_jabo.pdf;jsessionid=948F75F2EF5E5EE6EB9FD5C132B12445?sequence=1 >, acesso em: 21/04/2021.

TAIZ, L. et al. FISIOLOGIA E DESENVOLVIMENTO VEGETAL. Ed. 6, 2017. Disponível em: < https://grupos.moodle.ufsc.br/pluginfile.php/474835/mod_resource/content/0/Fisiologia%20e%20desenvolvimento%20vegetal%20-%20Zair%206%C2%AAed.pdf >, acesso em: 21/04/2021.

VITTI, G. C.; TREVISAN, W. MANEJO DE MACRO E MICRONUTRIENTES PARA ALTA PRODUTIVIDADE DA SOJA. Potafos, Informações Agronômicas n. 90, 2000. Disponível em: < http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/0/08F02E1F75FC762883257AA30069C332/$FILE/Encarte%2090.pdf >, acesso em: 21/04/2021.

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