O objetivo do trabalho foi avaliar três métodos de inoculação de
Dickeya zeae em milho-doce, através da utilização de diferentes isolados.
Autores: Isadora Gonçalves da Silva¹; Dahís Ramalho Moura²; Nilvanira Donizete
Tebaldi³, Renata Castoldi³; Lucas dos Santos Nascimento4.
Introdução
O cultivo de milho-doce no Brasil vem se expandido, juntamente com a dificuldade de manejo em relação ao aparecimento de doenças. Uma das doenças bacterianas mais limitantes e generalizadas na cultura é a podridão do caule, cujo agente causal é Dickeya zeae (Samson et al., 2005). O patógeno tem sido relatado como altamente variável em relação às características bioquímicas, fisiológicas, patológicas e moleculares, possuindo ampla gama de hospedeiros, disseminação rápida e reprodução não-fastidiosa, o que dificulta o manejo da doença (Kumar et al., 2015).
Vários compostos químicos são utilizados para controle, não sendo, entretanto, muito eficazes (Soleimani-Delfan et al., 2015). Apesar dos avanços nas pesquisas, pelo fato de ser uma doença de difícil controle e as condições climáticas brasileiras serem propícias para seu desenvolvimento, é preciso elucidar as alternativas de inoculação, a fim de detectar o melhor método e assim desenvolver trabalhos nas áreas de melhoramento genético de plantas e fitopatologia.
A resposta da inoculação pode variar de acordo com o genótipo da planta, estirpe bacteriana, condições ambientais, práticas agrícolas, bem como com a quantidade e qualidade do inoculo utilizado (Matsumura et al. 2015). No caso do milho-doce, é incipiente na literatura trabalhos relacionados a comparação de métodos de inoculação de fitopatógenos para realização de futuros trabalhos. Dessa forma, o objetivo do trabalho foi avaliar três métodos de inoculação de Dickeya zeae em milho-doce, através da utilização de diferentes isolados.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Laboratório de Bacteriologia Vegetal (LABAC) e em casa de vegetação, do Instituto de Ciências Agrárias, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no ano de 2018, em esquema fatorial 5 x 3, utilizando cinco isolados de Dickeya zeae e três métodos de inoculação da bactéria.
O milho-doce foi semeado em vasos plásticos de 500 mL, contendo solo (Latossolo Vermelho), areia grossa e vermiculita na proporção de 3:1:1. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com quatro repetições. Os isolados UFU G87, H107, H108, H113 e J23 de Dickeya zeae pertencentes à coleção de trabalho foram cultivados em meio de cultura 523 (Kado & Heskett, 1970). Após 48 horas foi preparada uma suspensão bacteriana e ajustada em espectrofotômetro para OD600=0,6 (5×108 UFC mL-1).
A inoculação foi realizada pelo método da seringa no 2° internódio a partir da base do pedúnculo do milho; pelo método do algodão com espalhamento nas folhas e caule; e método da tesoura cortando a borda das folhas, quando o milho atingiu o estádio V3 a V4. As plantas serão submetidas à câmara úmida 24 h antes e após a inoculação.
Os sintomas da doença foram avaliados após sete dias da inoculação, dividindo os caules infectados longitudinalmente e medindo o comprimento da lesão. Os dados serão submetidos à análise de variância, pelo teste F (p≤0,05) e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5 % de significância, utilizando o programa estatístico R.
Resultados e Discussão
Houve interação significativa entre os fatores isolados e métodos para a variável estudada. Desdobrando a interação (Tabela 1) é possível verificar que o método da seringa proporcionou uma melhor penetração dos isolados G87, H113 e J23, através da mensuração do comprimento da lesão.
Os resultados encontrados por Medeiros et al. (2015) corroboram com essa pesquisa, onde utilizaram a inoculação de Rhizoctonia solani e Macrophomina phaseolina em melão pelo método do palito e constataram que a introdução do patógeno no tecido vegetal, facilitou a infecção e a colonização dos tecidos. Dentre todos os isolados avaliados, o H113 foi o mais agressivo, resultando em uma lesão, em média, de 5,63 cm de comprimento.
O colmo apresentou sintomas como descrito por Kumar et al. (2017), envolvendo a maceração do tecido como um resultado da despolimerização das paredes celulares da planta.
Tabela 1. Comprimento da lesão causado por diferentes isolados de Dickeya zeae, inoculada por três métodos em genótipos de milho-doce. Uberlândia-MG, UFU, 2018.
Conclusão
O método da seringa é indicado para inoculação de Dickeya zeae em milho doce. O isolado H113 se mostrou mais agressivo em relação aos demais utilizando o método da seringa.
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Referências
KADO, C.I.; HESKETT, M.G. Selective media for isolation of Agrobacterium, Corynebacterium, Erwinia, Pseudomonas and Xanthomonas. Phytopathology, Saint Paul, v. 60, p. 969-976. 1970.
KUMAR, A.; HUNJAN, M. S.; KAUR, H.; RAWAL, R.; KUMAR, A.; SINGH, P.P. A review on bacterial stalk rot disease of maize caused by Dickeya zeae. Journal of Applied and Natural Science, v.9, n.2, p.1214 – 1225, 2017.
KUMAR, A.; HUNJAN, M. S.; KAUR, H.; SINGH, P. P. Characterization of Dickeya zeae isolates causing stalk rot of maize based on biochemical assays and antibiotic sensitivity. Indian Phytopathology, s.i, v. 68, n. 4, p.375-379, 2015.
MEDEIROS, A.C.; MELO, D.R.M.; AMBRÓSIO, M.M.Q.; NUNES, G.H.S.; COSTA, J.M. Métodos de inoculação de Rhizoctonia solani e Macrophomina phaseolina em meloeiro (Cucumis melo). Summa Phytopathologica, v.41, n.4, p.281-286, 2015.
MATSUMURA, E. E., SECCO, V. A., MOREIRA, R. S., SANTOS, O. J. P., HUNGRIA, M. E OLIVEIRA, A. L. M. Composition and activity of endophytic bacterial communities in field-grown maize plants inoculated with Azospirillum brasilense. Annals of Microbiology, v.65, n.4, p. 2187-2200, 2015.
SAMSON, R., LEGENDRE, J.B., CHRISTEN, R., ACHOUAK, W. & GARDAN, L. Transfer of Pectobacterium chrysanthemi (Burkholder et al. 1953) Brenner et al. 1973 and Brenneria paradisiaca to the genus Dickeya gen. nov. as Dickeya chrysanthemi comb. nov. and Dickeya paradisiaca comb. nov. and delineation of four novel species, Dickeya dadantii sp. nov., Dickeya dianthicola sp. nov., Dickeya dieffenbachiae sp. nov. and Dickeya zeae sp. nov. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology, v. 55, p. 1415-1427, 2005.
SOLEIMANI-DELFAN, A.; ETEMADIFAR, Z.; EMTIAZI, G.; BOUZARI, M. Isolation of Dickeya dadantii strains from potato disease and biocontrol by their bacteriophages. Brazilian Journal Of Microbiology, v. 46, n. 3, p.791-797, 2015.
Informações dos autores
¹Mestranda do Curso de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Uberlândia
(UFU), Uberlândia/MG;
²Doutoranda do Curso de Pós-Graduação em Agronomia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia/MG;
³Professor Doutor Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia/MG;
4Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia/MG.
Disponível em: Anais do II Congresso Online para Aumento de Produtividade do Milho e Soja (COMSOJA), Santa Maria, 2019.