O trigo é um dos principais cereais implantados como cultura de inverno no Rio Grande do Sul, o seu desenvolvimento e produtividade dependem intrinsicamente da época de plantio, condições climáticas e manejos realizados durante todo seu ciclo, já que o mesmo é considerado sensível às variações de temperatura e umidade. Neste aspecto, o triticultor deve ficar atento à incidência de doenças que podem vir a ocorrer na lavoura durante as fases de crescimento, florescimento e enchimento de grãos, com destaque especial a Giberela (Gibberella zeae) e Brusone (Magnaporthe oryzae) doenças características da cultura e que mais ocasionam riscos e perdas de produtividade.

Entende-se que os cuidados com a cultura se iniciam com a época ideal de semeadura, uma vez que o clima subtropical úmido característico da região sul, tem influência preponderante no aparecimento de doenças. Desse modo, através do zoneamento agroclimático se tem definido para cada município o momento adequado de semeadura relacionando os fatores que interferem na produtividade como geadas no florescimento ou secas no enchimento de grãos.

A Giberela e a Brusone são doenças provocadas por fungos que acometem as espigas de trigo quando em clima quente e úmido, interferindo diretamente na produtividade final. Desta forma, para que o correto manejo seja realizado é importante que se suceda a devida identificação da doença, visto que as mesmas apresentam aspectos visuais semelhantes.

A Giberela ataca os grãos de forma isolada tornando-os chochos e enrugados. É identificada quando as espiguetas estão com coloração esbranquiçada ou cor-de-palha e as suas aristas acabam tendo seu sentido modificado quando comparadas as de uma espigueta sadia. Em condições de umidade e calor excessivo há a formação de espiguetas rosadas, especialmente na base e nas bordas das glumas (conforme figura 1) (Embrapa, 2016).

FIGURA 1. Sintomas de Giberela em espigas de trigo

Além da redução no rendimento por parte da perda dos grãos na trilha devido ao baixo peso, a ocorrência de Giberela condiciona o acúmulo de micotoxinas como a deoxinivalenol (DON), Zearalenona (ZEA) e Nivalenol (NIV), contaminantes que podem permanecer no produto colhido até a fase de processamento e consumo final, prejudicando a saúde humana e animal.

Já a Brusone pode ocasionar a perda de todo a espiga. Ataca a ráquis da planta e com isso impede a passagem de fotoassimilados para o enchimento de grãos. A espiga também fica de cor esbranquiçada o que se torna bem visível na lavoura, já que as espigas sadias se apresentam esverdeadas (conforme figura 2) (Embrapa, 2016).

FIGURA 2. Sintomas de Brusone em espigas de trigo

Por conseguinte, alguns aspectos importantes de manejo devem ser observados pelo produtor. O escalonamento da época de semeadura e o uso de cultivares com ciclos diferentes (diferentes épocas de espigamento) são primordiais neste quesito. Assim é possível se evitar o aparecimento do inóculo que se desenvolve em condições propícias com altos índices de pluviosidade e temperatura (20 a 25 ºC para giberela e 24 a 28 ºC para brusone).

Quando a doença já está presente na lavoura, a rotação de culturas e o controle químico acaba não sendo totalmente eficientes, o que demonstra a suma importância do controle de aplicação preventivo para o tratamento da produção, neste caso antes do espigamento com fungicidas a base de triazóis e estrubilurinas, principalmente diante da previsão de chuvas no período. Desta forma, fica claro a importância do monitoramento e do tratamento preventivo através do correto monitoramento e diagnose da Giberela e Brusone já que ambas podem provocar danos econômicos consideráveis a cultura do trigo e fragilizar ainda mais a cadeia produtiva do mesmo.


 

 


Autores: Ezequiel Zibetti Fornari e Fernada Trentin – Grupo PET Ciências Agrárias UFSM/FW. 

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