Por: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e Jaciele Moreira (2)
As cotações do milho pouco se alteraram durante a semana, porém, apontaram para
um viés de baixa. O bushel do cereal fechou a quinta-feira (18) em US$ 3,58, contra
US$ 3,60 uma semana antes.
As exportações de milho por parte dos EUA não decolam, tendo atingido apenas 548.000 toneladas na semana anterior, contra uma expectativa do mercado que ficava entre 700.000 e 1,15 milhão de toneladas.
Nem mesmo o atraso no plantio da safra atual, devido ao excesso de chuvas no Meio Oeste estadunidense, está provocando reação nos preços do cereal em Chicago. O referido plantio, até o dia 14/04, atingia a 3% da área contra 5% na média histórica para esta época.
Momentaneamente o mercado ensaiou uma recuperação durante a semana diante da possibilidade de greve dos trabalhadores na Argentina, a qual está convocada para o final de abril. Caso isso venha a ocorrer, as exportações do vizinho país poderão sofrer dificuldades, favorecendo os produtos de outros países, caso dos EUA. Todavia, a Argentina está finalizando uma safra cheia e tem necessidade de exportar seus produtos diante da forte crise econômica que vem vivendo há anos.
Por enquanto, o quadro é de baixas exportações, estoques elevados e a possibilidade de o produtor estadunidense acelerar as vendas da safra velha visando abrir espaços para a futura safra, a qual está sendo semeada e cuja colheita se inicia no final de agosto.
Na Argentina, a tonelada FOB fechou a semana cotada em US$ 156,00, enquanto no Paraguai a mesma ficou em US$ 107,50. Aqui no Brasil, os preços se mantêm estáveis, com o balcão gaúcho fechando a semana na média de R$ 31,35/saco (no ano passado nesta época o produto era negociado a R$ 34,31, ou seja, neste momento o produtor gaúcho está perdendo R$ 2,96/saco em relação ao ano passado, sem contar ainda a inflação no período). Quanto aos lotes, os valores ficaram entre R$ 33,50 e R$ 35,00/saco. Nas demais praças do país os lotes giraram entre R$ 24,00/saco em Campo Novo do Parecis e Sorriso (MT) e R$ 35,00/saco em Itanhandu (MG) e Videira e Concórdia (SC).
Portanto, o viés ainda é de recuo nos preços nacionais do milho já que existem estoques suficientes junto aos principais consumidores do país e a safrinha aponta para um volume muito melhor do que o registrado no ano passado. Em tal contexto, dois elementos poderiam alterar o quadro baixista no futuro: 1) maior desvalorização do Real, estimulando as exportações do cereal brasileiro para além dos atuais volumes projetados; 2) clima ruim nos EUA que venha a frustrar a safra local do cereal levando a uma alta nas cotações em Chicago. (cf. Safras & Mercado).
Quanto às exportações nacionais, em 2019 as mesmas atingiram a 7,1 milhões de toneladas até o final da segunda semana de abril, contra 5,0 milhões em igual período
do ano anterior. Entretanto, as mesmas precisam ainda melhorar para auxiliar no aumento dos preços internos, já que a safrinha crescerá cerca de 20 milhões de toneladas a mais do que o registrado no ano passado. E esta safrinha estará no mercado a partir de junho próximo. Assim, se as vendas externas forem boas entre junho e setembro, os preços internos poderão ganhar alguma recuperação. Caso contrário, a tendência de baixa continuará.
Por outro lado, até meados de abril a comercialização da safrinha no Centro-Sul brasileiro atingia a 27% do total. Já a colheita da safra de verão atingia a 69% da área total da região. Enfim, a semana fechou com o Paraná registrando, para a safrinha, valores entre R$ 29,00 e R$ 31,00/saco, enquanto os compradores indicam interesse a partir de R$ 26,00 a R$ 28,00/saco. No Mato Grosso do Sul o disponível hoje já pratica os preços entre R$ 25,00 e R$ 28,00/saco. No Mato Grosso, a safrinha tem compradores apenas a valores entre R$ 17,00 e R$ 18,00/saco para junho. Em Goiás, há movimento para exportação ao redor de R$ 26,00/saco para embarque em outubro e pagamento em
novembro. (cf. Safras & Mercado).
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.