Autores: Prof. Dr. Argemiro Luís Brum e Jaciele Moreira.
As cotações do milho registraram pequena alta nesta semana, a qual teve um feriado nos EUA na segunda-feira, dia 25/05. Assim, em uma semana mais curta, o bushel de milho, para o primeiro mês cotado, fechou a corrente semana em US$ 3,27/bushel, contra US$ 3,17 uma semana antes.
As exportações semanais nos EUA continuam sem entusiasmar o mercado. Na semana anterior o volume atingiu a 884.000 toneladas e na seguinte um milhão de toneladas. Considerando que o consumo interno está bem menor devido aos efeitos da quarentena provocada pelo Covid-19, esperava-se vendas externas mais robustas.
Nem mesmo a melhoria nos preços do petróleo no mercado internacional auxiliou para puxar os preços do milho. Agora, o mercado espera a retomada do consumo interno nos EUA, após o início da flexibilização da economia, e a um aumento nas vendas externas.
Pesa mais sobre o mercado, no momento, o clima favorável para o plantio do milho no país da América do Norte. O mesmo chegou a 88% da área no dia 24/05, com 70% das lavouras em condições entre boas a excelentes. Com isso, espera-se a conclusão do plantio neste final de maio, dentro da janela ideal para o mesmo.
A partir de então, o clima irá pesar com maior intensidade sobre o mercado, pois já existem informações de forte calor e menos chuvas para junho junto ao Meio-Oeste estadunidense.
Na Argentina, a tonelada FOB de milho ficou cotada em US$ 142,00, enquanto no Paraguai a mesma registrou US$ 101,50.
E aqui no Brasil, os preços se estabilizaram, porém, retomando o viés de baixa. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 43,44/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 47,00 e R$ 49,00/saco. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 30,00/saco em Sinop (MT) e R$ 49,00/saco na Mogiana paulista.
O mercado continua firme em São Paulo onde a quebra da safrinha já é considerada irreversível. Basta verificar em quanto ficará esta quebra. Além disso, riscos de geadas no Paraná, diante das constantes ondas de frio nestes últimos tempos, preocupam o mercado. A colheita entrará mesmo no mercado apenas a partir do final de junho e o câmbio definirá se haverá maior destino do produto para a exportação ou não. Por enquanto, com a forte revalorização do Real nestes últimos dias, os preços na exportação perderam competitividade, fato que igualmente permite uma redução nos valores pagos no mercado interno.
Assim, o CIF Campinas, que chegou a bater em R$ 54,00/saco na semana anterior, recuou para R$ 51,00 nesta semana. A safrinha será um pouco menor do que o inicialmente previsto, porém, ainda se espera um volume ao redor de 69 milhões de toneladas.
Desta forma, no atual contexto de mercado, o clima no Brasil sobre as áreas de safrinha e o câmbio, na medida em que influi decisivamente nas exportações, são os elementos centrais de observação do mercado nacional do milho. A BM&F, por exemplo, está cotando o milho setembro a R$ 44,00/saco, fato que exigiria ainda mais valorização do Real para que tais preços sejam alcançados. (cf. Safras & Mercado)
Pelo sim ou pelo não, o fato é que as tradings já estão indicando valores entre R$ 44,50 e R$ 45,50/saco no porto. Ora, a estes preços o interior paulista poderá pagar somente entre R$ 37,00 e R$ 38,00/saco, valores bem distantes dos atuais R$ 47,00 a R$ 49,00 praticados. (cf. Safras & Mercado)
Diante desta possibilidade, quem possuía milho estocado começa a vendê-lo, aceitando os preços mais baixos dos compradores e, naturalmente, ajudando a baixar o preço do cereal no mercado físico. Aos poucos, e cada vez mais, a safrinha pesará sobre a composição dos preços do cereal no país. E, em o câmbio voltando a patamares abaixo de R$ 5,00 por dólar, será a exportação que definirá o caminho futuro dos preços internos do milho. As mesmas devem ganhar impulso a partir de julho, porém, ainda sem uma definição quanto ao volume que elas irão registrar. Tudo indica que, diante da menor disponibilidade nacional, as vendas externas serão menores do que as 42 milhões de toneladas registradas no último ano comercial.
Enfim, vale registrar que a produção gaúcha de milho de verão, fortemente atingida pela seca, segundo a Emater, registrou uma perda de 30,9% em relação ao esperado, ficando em 4,1 milhões de toneladas nesta última safra. A produtividade média ficou em apenas 5.248 quilos/hectare, ou seja, 87,5 sacos/ha. Já o milho silagem atingiu a 8,5 milhões de toneladas, com perdas de 31,8% em relação ao esperado. A produtividade média ficando em 25,5 toneladas/hectare.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ