O milho (Zea mays) é uma gramínea cultivada em grande parte do mundo, sendo extensivamente utilizado como alimento ou para ração animal, devido às suas qualidades nutricionais e, além do mais, tem um alto potencial produtivo e é bastante responsivo à tecnologia e a adubação nitrogenada.

Os fertilizantes são um dos componentes que geram maior custo na produção do milho, porém, são indispensáveis para se obter maior produtividade. O nitrogênio (N) é o nutriente mais acumulado na parte aérea pelas plantas e exportado nos grãos. Comprovadamente a utilização da adubação nitrogenada resulta em maior rendimento de grãos, por isso, é preciso saber a quantia certa a se aplicar e o momento mais apropriado, como forma de aumentar a eficiência do fertilizante, reduzindo custos e com menor impacto sobre o ambiente. Dentre os fertilizantes nitrogenados disponíveis comercialmente no mercado, as principais fontes são a ureia, nitrato de amônio e o sulfato de amônio, sendo a ureia a fonte mais utilizada e conhecida pelos produtores.

A dose correta de Nitrogênio vai variar conforme a expectativa de rendimento e o teor de matéria orgânica presente no solo, obtido através de uma análise do solo. Vale lembrar que 95% do N total do solo está na forma orgânica não disponível as plantas que o absorvem na forma mineral de nitrato e amônio. Logo, de acordo com o teor de matéria orgânica do solo, e da expectativa de rendimento baseado na necessidade de nitrogênio da cultivar que está a campo, é possível realizar o cálculo da dose correta de Nitrogênio a ser utilizada, sem estar usando mais do que o necessário. A maioria das recomendações de adubação nitrogenada no Brasil leva em conta principalmente a produtividade esperada que está diretamente relacionado com a extração pela planta e a exportação de N pelos grãos.

Para a maioria das cultivares a taxa de absorção do N é mais acentuada em período anterior ao florescimento e, para alguns genótipos modernos, podem ocorrer dois picos de absorção, um antes do florescimento, no estádio de 12 a 18 folhas, e outro durante o enchimento dos grãos. A concentração média de nitrogênio nos grãos é de 1,5%, variando de acordo com a cultivar e o tipo de manejo da cultura.  Ademais, se tratando da aplicação, segundo o Manual de Calagem e Adubação para os estados do RS e SC, parte do nitrogênio precisa ser aplicado já na semeadura.

Essa primeira aplicação vai variar conforme a cultura que estava presente na área anteriormente, quando a cultura antecessora se trata de uma gramínea, sugere-se aplicar entre 20 a 40 Kg de N/ha, já quando no cultivo anterior se tinha a presença de uma leguminosa, a recomendação é aplicar de 10 a 20 Kg/ha na semeadura, isso serve também quando se tinha a presença de nabo forrageiro devido sua contribuição em suprir N ao milho.

O restante do N é aplicado em cobertura, evitando excesso de sais no sulco de semeadura e, principalmente, perdas de N por lixiviação de nitrato. A aplicação em cobertura não pode ser feita tardiamente porque a diferenciação floral do milho tem início quando a planta está com a 5ª folha expandida, no estádio de sete a oito folhas ocorre a definição do número de linhas de grãos na espiga e, por volta da 12ª folha, o tamanho da espiga é determinado. Isso justifica a recomendação técnica da aplicação em cobertura nos estádios fenológicos V4 a V6, porém, pode ser feita um parcelamento quando a dose recomendada em cobertura for muito alta (valores superiores a 110 Kg/ha) com 50% da dose aplicado quando as plantas estão em V4 a V6, e os 50% restante entre os estádios V8 a V9.

Outro fator importante para se levar em consideração para manter uma eficiência na aplicação, visando redução de custos, é escolher o momento certo.  A ureia é hoje o fertilizante nitrogenado mais usado pelos produtores devido a sua formulação mais concentrada em nitrogênio e por ter um menor custo por ponto de nitrogênio, porém é o fertilizante mais suscetível a perdas dependendo das condições do ambiente no momento da aplicação. Quando se fala em perdas de nitrogênio na aplicação em cobertura, nos referimos principalmente as perdas por volatilização de amônia (NH3). Esse processo de perda de nitrogênio na forma de amônia é ocasionado pela ação da enzima urease, que é produzida por microrganismos e está presente em todos os solos, sendo essa, uma enzima que pela hidrólise quebra a molécula de uréia, formando o NH3 altamente volátil, e é facilmente perdido para a atmosfera.

Os fatores que acentuam essas perdas por volatilização de amônia são variados, podendo ser umidade do solo, temperatura, textura do solo, entre outros. Visando diminuir as perdas e um melhor aproveitamento do fertilizante, é recomendado tomar algumas medidas na aplicação, como estar atento às condições climáticas, principalmente preconizar a aplicação em solo úmido e no final da tarde, pois a volatilização da amônia (NH3) tem seu pico 6 horas após a aplicação da ureia que coincide com a noite com temperatura amena, ausência de ventos e radiação solar.

  A umidade no solo no momento da aplicação é importante pois os produtos da dissolução da ureia precisam ser incorporados ao solo o mais rápido possível. Sendo assim, é importante planejar para que essa aplicação da ureia ocorra antes de uma chuva de média intensidade, mas por outro lado, mantendo o cuidado para que não se aplique antes de chuvas muito intensas com grande volume pluviométrico em um pequeno espaço de tempo, pois pode acarretar em outras formas de perda do fertilizante como por escoamento superficial e por lixiviação.

Outra alternativa para se diminuir os riscos com perdas de nitrogênio é o tratamento da ureia com inibidores da urease, onde trabalham diminuindo a atuação da enzima urease.

Autores: Éverton da Silveira Manfio e Katiane Abling Sartori, membros do grupo PET – Ciências Agrárias da UFSM campus de Frederico Westphalen.

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